Sobre o aborto: 99% das mulheres não se arrependem

Por , em 19.07.2015

A ideia de que as mulheres podem se arrepender de fazer um aborto foi usada para apoiar as restrições contra o procedimento. Mas um novo estudo sugere que raramente as mulheres se arrependem de abortar.

Polêmica sobre o aborto

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram 667 mulheres que fizeram abortos entre 2008 e 2010 em 30 clínicas estadunidenses. Os participantes responderam perguntas sobre suas experiências a cada seis meses durante três anos após o procedimento.

O estudo descobriu que 99% das mulheres disseram que sentiam ter feito a escolha certa em terminar suas gravidezes, até três anos depois.

Emoção pós-aborto

A noção de que o aborto pode gerar um arrependimento incurável é frequentemente citada na legislação norte-americana, que exige que as mulheres passem por ultrassons obrigatórios ou períodos de espera antes de tomar uma decisão definitiva sobre abortar ou não.

A preocupação aumentou até chegar ao nível do Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Em 2007, o juiz Anthony Kennedy escreveu que a opinião da maioria confirma a proibição federal de um procedimento, e usou a possibilidade de arrependimento para apoiar a decisão do tribunal.

Contudo, as experiências emocionais reais de mulheres após abortos não eram bem estudadas até então. O que nos leva a conclusão de que argumentos de “possíveis” arrependimentos não tem embasamento empírico.

Mistura de emoções

A maioria dos estudos feitos com as mulheres depois de um aborto têm sido estudos de curto prazo, e eles descobriram uma mistura de emoções – onde o alívio era predominante. A maioria dos estudos de longo prazo tem analisado uma retrospectiva, pedindo que as mulheres repensem suas experiências de aborto meses ou anos depois.

Os estudos retrospectivos geralmente retornam informações não confiáveis, porque as pessoas têm dificuldade de lembrar como se sentiam no passado.

Novos resultados

Com o método deste novo estudo, o resultado é mais confiável porque as mulheres são acompanhadas ao longo do tempo. Elas não precisaram se lembrar de nada, apenas relatar o que experimentavam em tempo real.

O estudo ainda está acontecendo, e as mulheres serão seguidas por pelo menos cinco anos no total. Por isso, os pesquisadores podem detectar tendências emocionais ao longo do tempo.

Poucos arrependimentos

A cada seis meses, as mulheres foram questionadas se sentiam que sua decisão de fazer o aborto tinha sido a escolha certa. Elas também foram perguntadas sobre emoções positivas e negativas, incluindo alívio, felicidade, tristeza, culpa e raiva.

A verdade encontrada até agora é que as mulheres podem experimentar uma mistura de emoções positivas e negativas em torno de um aborto, e essas emoções podem ou não influenciar se elas sentem que fizeram a escolha certa, disseram os pesquisadores.

Em dados brutos, 95% das mulheres relataram que tinham feito a escolha certa de fazer um aborto em cada um dos inquéritos de acompanhamento. Este número não é inteiramente preciso, porque algumas mulheres não responderam todas as pesquisas.

Após ajuste estatístico para considerar fatores como este, os pesquisadores descobriram que mais de 99% das mulheres relataram ter tomado a decisão certa em cada período.

As mulheres também relataram que suas emoções sobre o aborto se tornaram menos intensas e também que elas pensavam sobre o aborto com menos frequência conforme o tempo passava.

A pesquisa também sugere fatores que poderiam fazer as mulheres se sentirem mais arrependidas sobre o aborto. Mulheres que lutaram mais com a decisão inicial e aquelas com um maior desejo de estarem grávidas se mostraram mais propensas a dizer que o aborto foi a escolha errada.

Da mesma forma, mulheres que sentiram que sua comunidade estigmatizava o aborto como sendo um crime e, de uma maneira geral, não tinham muito apoio social, relataram emoções mais negativas em todo o procedimento.

Conclusões

As conclusões não justificam restrições como os períodos de espera que falamos no início (que é exigido em países como os Estados Unidos) para proteger as mulheres de dano emocional depois de um aborto.[livescience]

8 comentários

  • JPK:

    Cientificamente incoerente. A amostra não é representativa, haja vista que 1) a amostra é muito pequena e 2) o espaço amostral é restrito.

    • Cesar Grossmann:

      667 mulheres é uma amostra “muito pequena”, e um “espaço amostral restrito”? Por que?

  • Brunovm:

    Esse site já foi mais sério. Virou site de cliques e pior é o autor do post ficar nos comenta questionando todos, beira o ridículo!

    • Cesar Grossmann:

      Do que você tem medo, Bruno? De estar errado? Talvez você já esteja errado. Talvez você saiba disso. Talvez esta seja uma ótima oportunidade para repensar os teus valores. Mas eu sou apenas um “velho aborteiro doido”, o que eu poderia saber?

  • Cesar Grossmann:

    A maioria das mulheres não aborta “por impulso”.

  • Regys D’adab:

    Onde se lê “Os participantes responderam” deveria ser “as participantes”, pois no caso em questão apenas mulheres responderiam…

  • Ayrton:

    Concordo com a pesquisa. Quando mulher decide interromper uma gravidez, ela sabe o que quer. Deveria ser descriminado no Brasil.

    • Marcelo Ribeiro:

      *Descriminalizado.

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