Aqui está uma coisa que você precisa saber sobre pessoas que se opõem a alimentos transgênicos

Por , em 16.01.2019

Apesar de numerosos estudos científicos validarem a segurança e os benefícios dos alimentos geneticamente modificados, também conhecidos como transgênicos, muitas pessoas ainda se opõem fortemente a eles.

Deveríamos nos surpreender? Um novo estudo da Universidade do Colorado em Boulder (EUA) mostra que não.

Os pesquisadores descobriram que, quando se trata de alimentos transgênicos, as pessoas que os odeiam são as que pensam que sabem mais sobre eles, enquanto são realmente as que menos sabem.

O estudo

Os cientistas questionaram 2.000 adultos baseados nos Estados Unidos, França e Alemanha sobre suas opiniões sobre alimentos transgênicos.

Também perguntaram aos participantes como eles entendiam o tópico, testando seus conhecimentos de ciência e genética com uma série de afirmações verdadeiras ou falsas.

Por exemplo, “Os tomates comuns não têm genes, enquanto os tomates geneticamente modificados têm”, ou “Todas as plantas e animais têm DNA”.

Os resultados foram esclarecedores. “Com o aumento da oposição aos alimentos transgênicos, o conhecimento objetivo da ciência e da genética diminuiu, mas o conhecimento autoavaliado aumentou”, explicam os autores do estudo, no artigo publicado na revista Nature.

Em outras palavras, aqueles que se opunham mais fortemente aos transgênicos tendiam a acreditar que eram altamente conhecedores do assunto, mas na verdade demonstravam uma compreensão reduzida da ciência e da genética em comparação com outros participantes.

Efeito Dunning-Kruger

De acordo com a equipe de pesquisa, resultados como esse revelam um paradoxo estranho que dificulta o enfrentamento do desequilíbrio no conhecimento.

“Este resultado é perverso, mas é consistente com pesquisas anteriores sobre a psicologia do extremismo”, explica o principal pesquisador do estudo, Phil Fernbach. “As visões extremas geralmente se originam em pessoas que acham que entendem tópicos complexos melhor do que de fato entendem”.

O fenômeno, também conhecido como efeito Dunning-Kruger, não se limita apenas aos alimentos transgênicos, mas pode existir em outras áreas nas quais pessoas com visões extremas e excessivamente confiantes interpretam mal a ciência (e suas próprias limitações).

“Aqueles com visões mais fortes contra o consenso são os que mais precisam de educação, mas também são os menos propensos a serem receptivos à aprendizagem; o excesso de confiança no conhecimento está associado à diminuição da abertura a novas informações”, explicam os pesquisadores.

O desafio

Em outras palavras, um pré-requisito para mudar as opiniões das pessoas é a educação, que pode levá-las a avaliar as lacunas em seus próprios conhecimentos.

E como convencer uma pessoa que acha que sabe uma coisa de que ela realmente não sabe nadica de nada?

Boa sorte com isso, cientistas.

As descobertas foram publicadas na revista Nature Human Behavior. [ScienceAlert]

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