Chuva de aranhas: cientistas descobrem aranhas voadoras no Peru e no Panamá

Por , em 20.08.2015

Como se aqueles de nós que têm aracnofobia já não tivéssemos o suficiente com que nos preocupar, biólogos que trabalham no Panamá e no Peru descobriram uma aranha de hábitos noturnos capaz de mudar de direção enquanto em queda livre – uma adaptação sem precedentes nas aranhas escaladoras de árvores, que oferece novas ideias sobre a evolução do voo.

A aranha, que pertence à família Selenopoeda, junta-se a um número muito pequeno de insetos não voadores, tais como formigas e até mesmo algumas larvas de inseto, conhecidos por terem a capacidade de manobrar ao cair. Uma equipe de investigação liderada por Robert Dudley, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, diz que esse é o único aracnídeo conhecido capaz de se autodirigir em queda livre. Outros aracnídeos, como escorpiões e outros tipos de aranhas, simplesmente caem como uma rocha.

Tática de escape? Chuva de aranhas!

“Meu palpite é que muitos animais que vivem nas árvores são bons em deslizamento aéreo, de cobras e lagartos até formigas e aranhas, agora”, observa Dudley. “Se um predador se aproxima, o animal tem uma maneira testada pelo tempo de deslizar para a árvore mais próxima, em vez de desembarcar no solo ou em um córrego”.

O comportamento adaptado parece servir como uma manobra evasiva, que permite à aranha escapar de potenciais predadores. Como observam os pesquisadores em seu estudo, “[esta] descoberta de ‘paraquedismo’ das aranhas indica fortes pressões seletivas contra quedas descontroladas no bosque para [espécies que moram em árvores]”.

Caindo com graça

Para testar suas habilidades, os pesquisadores derrubaram 59 aranhas a partir de plataformas em copas de árvores no Panamá e no Peru. A grande maioria (93%) dirigiu suas trajetórias aéreas no sentido de troncos nas proximidades. Após o desembarque, elas se reorientaram e caminharam em direção a alvos específicos.

Os cientistas dizem que este tipo de comportamento pode ter precedido a origem das asas. As aranhas são excepcionalmente finas, e exploram os poderes de sustentação e arrasto espalhando suas pernas abertas. Elas são até mesmo capazes de se endireitar no ar quando estão de cabeça para baixo. Os biólogos também testemunharam aranhas que pularam para fora de um tronco de árvore, apenas para recuperar e retomar o deslize de volta para a superfície da mesma árvore.

“No geral, estas aranhas representam uma aventura evolutiva notável na conquista de animais do ar”, concluem os autores em seu estudo. “A descoberta de comportamento de deslizamento aéreo levanta vários caminhos para uma investigação mais aprofundada. Sugerimos que existem muitos outros exemplos ainda não descritos de comportamento aéreo controlado em animais não alados”. [Io9]

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