Esta estrela está orbitando um buraco negro a uma distância perigosamente pequena

Por , em 15.03.2017

A dupla de estrela e buraco negro X9 é muito especial. Ela está localizada no aglomerado de estrelas chamado 47 Tucanae, a cerca de 14 mil anos-luz da Terra. Quando foi localizada, acreditava-se que era composta por duas estrelas: uma com o tamanho aproximado do nosso Sol, e outra anã branca com o tamanho de um planeta, que lentamente sugava matéria da estrela maior. No final das contas, os astrônomos descobriram que a primeira é uma anã branca e a segunda é um buraco negro.

Isso marca a primeira vez que cientistas encontraram uma estrela tão pequena neste tipo de sistema binário com um buraco negro. Além disso, a estrela orbita o buraco negro a cada 28 minutos, a menor órbita já observada entre todas as duplas de estrela-buraco negro.

“Suspeitamos que eles tenham sido assim por milhões e milhões de anos. Nossa compreensão atual é que este sistema é estável. Ele pode continuar assim por vários outros milhões de anos”, diz Arash Bahramian, da Universidade de Alberta (Canadá). Bahranian é a autora principal do novo estudo sobre o sistema, publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Enquanto a anã branca não parece estar correndo perigo de ser arrastada para dentro do buraco negro, ela fornece ao seu parceiro uma dieta estável de gases e poeira. Astrônomos nunca viram um buraco negro se alimentando com sucesso de uma estrela tão pequena, mas a órbita apertada do X9 torna isso possível. O par está a uma distância 2,5 vezes maior do que a Terra e a Lua.

Outra característica única do par é sua localização. Não é raro encontrar estrelas orbitando ao redor de buracos negros, mas é muito difícil encontrar esse tipo de pares em aglomerados antigos de estrelas como o 47 Tucanae. Todas as evidências sugerem que várias dessas interações deveriam existir ali. O aglomerado deveria estar cheio de buracos negros formados por enormes estrelas que se implodiram.

“Apesar de esperarmos muitos desses sistemas em aglomerados globulares, encontramos um número surpreendentemente baixo deles. Até alguns anos atrás, esse número era zero”, diz Bahramian. Na última década, astrônomos finalmente começaram a encontrar esses sistemas, mas eles só encontraram um “punhado” deles até agora, sendo que o X9 é um deles.

Estudar sistemas como este ajuda os cientistas a entender a evolução de buracos negros, estrelas e aglomerados globulares. Neste caso específico, os pesquisadores acreditam que o X9 possa ter sido justamente o que eles acreditavam no início: um par de estrelas, sendo que uma se tornou um buraco negro. [Popular Science]

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