Nibiru, também conhecido como Planeta X, existe?

Por , em 19.03.2014

Era uma vez um planeta esquivo, que por 200 anos pareceu explicar a órbita vacilante de Urano. Havia também a estrela-irmã do sol, que em teoria estava perto do nosso sistema solar e fazia com que asteroides se desviassem em direção à Terra. Há apenas um problema: pesquisadores dizem agora que nem o “Planeta X” (ou “Nibiru”) nem “Nemesis” jamais existiram. Pelo menos “provavelmente” não.

Nibiru jamais existiu

“O sistema solar exterior provavelmente não contém um grande planeta gigante de gás (que seria o ‘Planeta X’) nem uma pequena estrela companheira (‘Nemesis’)”, concluiu o astrônomo Kevin Luhman, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que liderou o estudo, usando o telescópio WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), da NASA. Os resultados foram publicados na edição mais recente da revista especializada “The Astrophysical Journal”.

A maioria das teorias sobre o assunto havia estimado que o Planeta X tivesse até quatro vezes o tamanho de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar. Os estudos prévios tinham sugerido que o enigmático planeta pudesse ser encontrado a aproximadamente 1,486 bilhões de quilômetros do sol, ou cerca de 10 mil vezes mais distante do que a órbita da Terra. As imagens capturadas pelo telescópio WISE e analisadas pela equipe de Luhman não detectaram qualquer objeto maior do que Júpiter.

O professor de astronomia e astrofísica não descarta a possibilidade de que de fato exista um planeta à espreita em algum lugar no cinturão de asteroides. Afinal, seria difícil encontrar Nibiru se ele estivesse alinhado com uma estrela brilhante que “cega” o telescópio, ou se o planeta na realidade for muito menor do que o imaginado. Porém, depois desta última pesquisa, Luhman afirmou que as chances de se encontrar o planeta procurado são “muito improváveis”. “As chances são de uma em cem, mais ou menos”, quantifica.

Os cientistas estão atrás do Planeta X já há um bom tempo. Eles imaginaram a existência de Nabiru no longínquo ano de 1781, quando Urano foi descoberto. O planeta gigante e gasoso surpreendeu os astrônomos com suas variações orbitais, aparentemente incompatíveis com a lei da gravidade de Newton. Os observadores concluíram que estas irregularidades poderiam ser explicados pela existência de um outro planeta desconhecido que exercesse sua própria força gravitacional sobre Urano, o que explicaria sua órbita vacilante.

As tentativas de encontrar este planeta misterioso levaram à descoberta de Netuno, em 1846. Mas a massa estimada de Netuno não podia explicar os desvios da órbita de Urano. Insatisfeitos, os astrônomos continuaram na busca incessante pelo Planeta X. Falharam novamente. Desta vez, a procura acabou ocasionando a descoberta de Plutão, em 1930. Outra vez, contudo, o planeta anão era muito pequeno para explicar o caminho irregular que Urano descreve em torno do sol.

Finalmente, na década de 1990, o enigma parecia ter chegado ao fim. Pesquisadores, à época, declararam que eles tinham superestimado um pouco a massa de Netuno, o que significava que o planeta poderia, sim, ser a razão para o comportamento orbital de Urano. No entanto, o time que acreditava piamente na existência do Planeta X ainda não estava convencido.

Já a existência de Nemesis, uma estrela parecida com o sol que estaria pairando nas proximidades, foi postulada pela primeira vez na década de 1980. Por estar gradativamente se aproximando cada vez mais do nosso sol, a estrela estaria interferindo na órbita de cometas e asteroides, levando-os a ocasionalmente atingir a Terra. Mais especificamente em 1984, paleontólogos afirmaram que uma estrela escura companheira do sol poderia explicar a ocorrência periódica de extinções em massa em nosso planeta.

Um corpo maciço teoricamente poderia perturbar objetos na Nuvem de Oort (uma nuvem esférica de cometas e asteroides nunca observada que possivelmente se localiza nos limites do sistema solar, a cerca de um ano-luz do sol), arremessando cometas com uma força e velocidades mortais para cá. Os cientistas sugeriram que o astro Nemesis poderia ser uma anã vermelha ou uma anã marrom muito fraca para ser observada.

Acredita-se que estas colisões tenham sido as responsáveis pelas cinco grandes extinções em massa que aconteceram em nosso planeta nos último 540 milhões anos. O episódio deste tipo mais recente culminou na morte dos dinossauros, extintos há 65 milhões de anos. “Ao longo dos anos, houve diferentes evidências que nos deram a pista de que poderia existir algo ali”, explica Luhman. Mas o telescópio WISE não encontrou nada.

A caçada na busca pelo Planeta X e por Nemesis pode não ter trazido resultado nenhum a princípio, mas o estudo descobriu 3.525 estrelas e anãs marrons (corpos celestes de baixa luminosidade que não são capazes de realizar a fusão do hidrogênio em seu núcleo e cuja massa as posiciona entre uma estrela e um grande planeta) em um raio de 500 anos-luz do sol.

“Nós achamos que há ainda mais estrelas para serem encontradas lá fora, com o WISE. Sistemas estelares vizinhos que estavam escondidos simplesmente surgiram nos dados do telescópio”, conta o professor e astrônomo Ned Wright, da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, que contribuiu para o estudo. “Nós não conhecemos tão bem o quintal do nosso sol como poderíamos imaginar”, conclui. [Phys.org e Space.com]

8 comentários

  • Luiz Renato:

    A órbita de Netuno é estranha e ainda não foi solucionada. Um planeta escuro que não reflete nada poderia interagir e passar despercebido

    • Cesar Grossmann:

      De onde você tirou isso, Luiz Renato? 1. A órbita de Netuno NÃO É ESTRANHA, e é bem conhecida, e um “planeta escuro” que não reflete nada ainda assim tem temperatura e emite radiação infravermelha, e não poderia passar despercebido, não se ele interagisse…

  • Andre Luis:

    Será que ainda serão descobertos planetas razoavelmente grandes no cinturão de asteróides? Por não estar tão distantes de nós, eu imaginanva que este cinturão já fosse completamente conhecido.

    • Cesar Grossmann:

      Andre, todos os corpos maiores já foram descobertos. Um planeta razoavelmente grande deveria refletir luz razoavelmente forte e já teria chamado a atenção de astrônomos. Se corpos tão pequenos como Ceres já foram descobertos, outros maiores não teriam como se esconder, principalmente se considerarmos a caçada que foi feita no século 18 ao planeta hipotético que deveria ocupar aquela órbita segundo a lei de Titios-Bode.

  • Thiago Corrêa:

    Esse planeta Nibiru não deve existir provavelmente. Mas sinceramente falando de Ets superevoluidos, eu admito a possibilidade de existir civilizações altamente desenvolvidas nos monitorando com suas espaço-naves superluminais a um bom tempo. Devem existir regras para a Federação intergalática rsrs, igual aquela regra do Startrek que é mais ou menos assim “Não interferir na evolução de uma civilização em desenvolvimento”. Achar que somos os únicos seres inteligentes do universo é algo muito improvável.

  • Beto Fukuji:

    A própria falta de compreensão da gravidade afeta a crença da existência desse planeta. Um exemplo: O planeta Netuno foi comprovado na ponta do lápis através de calculo com base na perturbação gravitacional em Urano. Agora imaginem algo 10 vezes maior que Júpiter e junto com uma estrela anã marrom? Acredito que todos os planetas deveriam estar fora do eixo se existisse algo desse tipo.

    • Cesar Grossmann:

      Tem mais problemas, uma estrela marrom brilharia pelo menos tanto quanto Júpiter, quando estivesse próximo da órbita deste. E Júpiter é bastante brilhante.

  • Cesar Grossmann:

    O Zecharia Sitchin conseguiu criar um mito moderno. Talvez por causa do mito criado pelo Erich von Däniken, o dos “antigos astronautas”. Combina isto com uma geração que não quer saber, quer acreditar…

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