O cofre de sementes do fim do mundo finalmente tem feijão preto brasileiro e cevada de “cerveja espacial”

Por , em 5.03.2014

Você já ouviu falar do Svalbard Global Seed Vault (ou Cofre de Sementes Global Svalbard) aqui no Hype, que tem o objetivo de preservar variedades diferentes de espécies vegetais antes que elas desapareçam.

Agora, ele acaba de receber 20.000 novas variedades de culturas, incluindo 575 tipos de cevada e feijão preto, o nosso feijão.

As sementes, provenientes de mais de uma centena de países, acrescentam à já extensa coleção que protege a diversidade de genes de alimentos do mundo. A instalação avançada abriga 820.619 diferentes culturas no arquipélago ártico de Svalbard, na Noruega.

Frutas, legumes e grãos e milhares de outras variedades estão desaparecendo em um ritmo alarmante. Diante de um futuro incerto, com as mudanças climáticas e as doenças que podem acabar com uma cultura do dia para a noite, os cientistas dizem que é importante manter o maior número de espécies diferentes que pudermos em segurança.

Muitas universidades e institutos de pesquisa em todo o mundo já mantêm seus próprios bancos de genes de alimentos, mas estas instalações podem ser vulneráveis a catástrofes, como guerra civil, tufões e incêndios.

É aí que o Cofre de Sementes Global, também chamado de “Doomsday Vault” (Cofre do Fim do Mundo), entra na história. “É sempre bom ter uma apólice de seguro para manter uma cópia de todas as sementes no mundo”, diz Luis Salazar, cientista do Global Crop Diversity Trust, parceiro do Cofre de Sementes Global.

Novas adições

No primeiro depósito de sementes feito do Japão, o Centro de Germoplasma de Cevada, localizado na Universidade de Okayama, enviou 575 tipos de cevada, com planos para enviar mais 5.000 no futuro.

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Especialistas de cevada do país ficaram preocupados com a estabilidade de seus bancos de genes após o terremoto e tsunami japonês de 2011. Isso porque o grão é muito importante na culinária japonesa tradicional, usado para fazer cerveja, a base de sopa de miso, um chá frio chamado mugicha e um uísque parecido com o escocês.

Em 2010, a cervejaria japonesa Sapporo fez uma edição limitada de uma “cerveja espacial” com cevada cultivada a partir de sementes que passaram cinco meses no Módulo de Serviço Zvezda da Rússia, na Estação Espacial Internacional, que também foi parar no Cofre.

O brasileiro feijão preto, que aparece em quase todas as refeições do nosso país e é ingrediente chave na feijoada, também foi enviado à Noruega. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) enviou 514 amostras para Svalbard. A seleção representa um “microcosmo” de todos os tipos de feijão preto do Brasil.

Várias das cerca de 200 espécies de batata selvagem que crescem da Patagônia até o norte do Colorado (EUA), que poderiam se extinguir até 2050, graças à perda de habitat e a mudança climática, também são novas adições do Cofre.

Outra “joia da coroa” da agricultura também é nova para Svalbard: o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT) enviou 1.946 tipos de milho e 5.964 amostras de trigo para a Noruega.

A coleção de Svalbard já contém sementes de trigo a partir de aldeias individuais em todo o mundo, que têm feito seus próprios pães assados únicos através dos séculos. [NatGeo]

5 comentários

  • Genioso Irreligioso:

    “O cofre de sementes do fim do mundo finalmente tem feijão preto brasileiro… ”

    *
    A feijoada das futuras gerações está assegurada! 😉

    • Cesar Grossmann:

      O pessoal não tem medo de causar um novo efeito-estufa…

  • Cesar Grossmann:

    Os adeptos de teorias da conspiração vão à loucura com esta história de cofre de sementes.

    Eu só acho que só mandar as sementes não vai ajudar muito, elas tem que ser renovadas, tipo de cada espécie enviada, um tanto teria que ser plantado para gerar novas sementes — fazer render dividendos os depósitos neste cofre. O problema é como operacionalizar isso…

    De qualquer forma, é um seguro contra a Monsanto, este cofre.

    • Michel Kanemaru:

      Acho que o método de conservação utilizado por eles, permite que as sementes tenha uma “durabilidade” de algumas centenas de anos. E a grande questão de guardar em um cofre, e caso aconteça algo com as que estão sendo utilizadas atualmente, você possa ir lá e pegar uma amostra e replantar, e ter a especie novamente.
      Mais ou menos o que fazemos na Microbiologia, que guardamos uma cepa dos MOs, mas utilizamos repiques desta, ai caso acontece algo com os repiques pegamos a cepa guardada.

    • Genioso Irreligioso:

      Cesar; certas sementes podem ser congeladas por muito tempo e reanimadas depois sem precisarmos as perpetuar ou renovar… veja aqui mesmo no Hypescience:

      https://hypescience.com/apos-31-mil-anos-cientistas-fazem-semente-brotar-novamente/

      😉

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