Você foi traído(a). E agora?

Por , em 18.03.2013

Infidelidade, para muitos casais, é motivo de separação. Se você foi traído(a) por seu parceiro(a), você provavelmente sofreu bastante e recebeu todos os tipos de conselhos bem-intencionados de amigos e familiares, a maioria envolvendo terminar seu relacionamento.

No entanto, é possível – e talvez até benéfico – ficar em um relacionamento de longo prazo quando um parceiro é infiel.

Essa é a ideia de dois novos livros escritos por especialistas no assunto: o best-seller “After the Affair” (em português, “Depois do Caso”), por Janis Abrahms Spring, e “The New Monogamy: Redefining Your Relationship After Infidelity” (em português, “A nova monogamia: Redefinindo o seu relacionamento após a infidelidade”), por Tammy Nelson.

Mas você realmente pode perdoar e seguir em frente após uma infidelidade?

“Muitos casais instintivamente sabem que a infidelidade é muito mais complicada do que a nossa cultura, por vezes, admite”, diz Nelson.

“Um caso [extramarital] nos choca em realidade. Felizmente, também nos convida a tentar de novo”, escreve Springs.

Monogamia (ou quase isso)

“Mesmo que a pessoa ferida tenha assumido que não continuaria casada com um cônjuge infiel, ela pode perceber que ainda ama seu parceiro e que quer trabalhar no relacionamento”, explica o terapeuta familiar e de casamento James Walkup.

Hoje, nem todas as relações seguem a definição tradicional da monogamia. Por exemplo, ambos os parceiros podem decidir juntos o que constitui infidelidade para eles – mesmo que isso signifique flertar com uma pessoa em especial, visitar um clube de strip ou fazer sexo fora do relacionamento.

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“Tenho visto um número crescente de casais prosperando neste acordo ‘parcialmente monogâmico’”, disse o psicoterapeuta Jean Malpas. “Eles percebem que relacionamentos de longo prazo podem precisar incluir a realidade da atração por outras pessoas. Eles cuidadosamente definem as diretrizes de confiança e comportamento aceitável, com base em seu nível de conforto com o risco e fluidez”.

Tal abordagem “quase monogâmica” tende a ser mais comum entre os gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, observa a terapeuta sexual Margie Nichols. “A questão é comumente posta sobre a mesa, para apreciação ou discussão, quando parceiros LGBTQ ficam juntos. E quando uma transgressão é puramente sexual (em oposição a emocional), pode ser menos propensa a terminar o relacionamento”, diz.

Isso não quer dizer que os casais que adotam essa postura estão a salvo de infidelidade. “Só porque um casal é mais livre no que constitui infidelidade não significa que eles vão ser mais indulgentes com um parceiro que quebrar as regras e violar a sua confiança”, diz o psicólogo social Justin Lehmiller. “Decidir resolver as coisas tem menos a ver com o sexo dos parceiros e mais a ver com o fato de que se aquela era uma relação de boa qualidade, para começar”.

Tempo, esforço e união

Muitas vezes, casais podem, e conseguem, encontrar o caminho para um vínculo mais profundo, mais íntimo, após uma infidelidade – mas isso pode levar tempo e esforço.

“O ideal é que seu relacionamento continue a crescer e mudar. Cada uma das pessoas cresce e muda, e também pode mudar de posição sobre a continuidade da monogamia ao longo dos anos”, fala Nelson.

Você pode, então, se tornar mais tolerante ou até mesmo resolver que quer trabalhar no relacionamento. Mas os especialistas também dizem que não é possível se curar de infidelidade durante a noite.

Em vez disso, o correto é tomar um tempo para reconstruir seu relacionamento lentamente. Não ignore o affair; esteja disposto a compartilhar sua dor, ouvir o outro e proporcionar conforto quando um dos parceiros lembrar da traição – assim, vocês podem ajudar a diminuir a dor enquanto recriam o vínculo original que os levou a ser um casal.

“Renunciar a um relacionamento danificado pode ser a solução mais simples ou mais sensata, liberando a pessoa da tirania da esperança”, escreve Spring. “Mas isso também pode ser uma maneira de escapar de um crescimento, de enfrentar verdades amargas sobre a vida, o amor e sobre si mesmo, e de assumir a responsabilidade terrível de ter que fazer seu relacionamento funcionar”.

Alguns casais, sem dúvida, veem uma infidelidade como o fim de seu relacionamento – e, em alguns casos, seguir caminhos separados pode ser a melhor decisão. Mas para os parceiros que estão dispostos a se comprometerem um ao outro, um caso extraconjugal pode ser um ponto de transformação na relação.

“Às vezes, meus clientes reconhecem que lidar com a infidelidade foi a pior e ainda a melhor coisa que aconteceu ao seu relacionamento”, conta Walkup. “A distância entre eles foi superada, e um nível mais profundo de compartilhamento e intimidade pode trazer alegria e esperança no longo prazo”.[CNN]

5 comentários

  • David Quirino:

    Se fossemos realmente seres inteligentes e confiáveis, entenderíamos que da mesma forma que para nós, feijoada todo dia torna-se um prato insuportável de digerir, e que, da mesma forma que fantasiamos e desejamos variar nossos contatos e experiencias sexuais, as pessoas com quem decidimos compartilhar nossas vidas, sentem, fantasiam e desejam isto também. …Apenas, nossa sociedade; que em muito assemelha-se à dos primatas mais próximos a nós… assim como da maioria dos mamíferos que conhecemos… impõe-nos a obrigação de sermos proprietários da pessoa com a qual convivemos, e tripudia a condição de quem discorda de tal… é que nos forma com este sentimento de exclusividade e com esta falta de confiança que já nos são transmitidos como herança cultural e mesmo…genética. Se, hoje, aos 62 anos vividos… com essa forma de pensar adquirida ao longo dos anos e das paixões que permearam minha vida, eu pudesse recomeçar; com minha juventude readquirida; mantendo o que hoje sinto e penso, escolheria uma mulher com quem realmente afinidades, que gostasse muito de mim e eu dela e faríamos um trato dando-nos a liberdade de viver nossas vidas sexuais independentes; sem cobranças ou julgamentos… sem expormos um ao outro ao ridículo perante a sociedade, desde que ao fim de tudo, continuássemos apaixonados e desejosos de viver juntos.

  • Dinho01:

    Acho que o mais importante é sincero.Se você não consegue ou não quer ser monogâmico,então deixe isso bem claro para evitar ferir seu parceiro(a).Ser fiel não significa que você vai deixar de sentir atração por outras pessoas.significa que mesmo sentindo essa atração,você abrir mão de uma aventura porque quer honrar e construir uma vida com a pessoa que você escolheu.

  • Guilherme Euripedes:

    Essa questão da liberdade parcial na monogamia acho muito sensata. De fato, eu aplico isso no meu relacionamento.

    Relacionamentos parcialmente abertos são livres de tristezas desnecessárias e prendimentos que acontecem com todo mundo.
    É chato você ter que olhar alguém com Desejo e ter que recuar ou sentir-se desonrado.

    O ideal é ser fiel no sentimento.

  • gilberto paiva:

    É triste, mais é isso que vai acontecer, vamos ter que acostumar com a Monogamia.

    • leandromaia:

      concordo, eu já to acostumado a ser monogâmico, pois sou casado, mas tem muita gente que é POLIGÂMICA.

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