7 maneiras horríveis de criar seu filho (confirmadas pela ciência)

Por , em 12.04.2017

É um desejo comum dos pais querer criar suas crianças de forma que elas não se tornem monstros um dia.

Será que estamos ficando bons nisso, depois de milênios tentando?

Certamente, existem muitas técnicas parentais que parecem excelentes pelo senso comum. Até que a ciência entra em cena e aponta como hábitos bem-intencionados podem de fato agravar as coisas. Por exemplo:

1. Elogiar cegamente


Muitos pais caem na tentação de comemorar cada pequeno feito de seus filhos. Mesmo com a melhor das intenções, isso pode prejudicar sua confiança e autoestima. “Elogios vazios são tão ruins quanto críticas pesadas – expressam indiferença em relação aos sentimentos e pensamentos da criança”, opina o psicanalista Stephen Grosz.

Um estudo realizado por psicólogos da Universidade Columbia reuniu 128 estudantes de 10 a 11 anos chamados para solucionar problemas matemáticos. Para alguns dos voluntários, os pesquisadores fizeram elogios como “você se saiu muito bem, é muito inteligente”; para outros, “você se saiu muito bem, deve ter se esforçado bastante”. Em seguida, os estudantes tiveram de realizar mais uma série de exercícios, e aqueles que foram elogiados por serem “inteligentes” se saíram pior do que os que foram elogiados por seu esforço.

Para Grosz, muitos adultos foram criados com criticismo excessivo, e acabam ficando ansiosos por mostrar que são diferentes de seus pais. No lugar de ficar exaltando as crianças, porém, o psicanalista recomenda que pais ajudem a construir gradualmente a confiança dos filhos.

Outro estudo, realizado também nos Estados Unidos, mostrou como certos tipos de elogio podem ajudar no desenvolvimento das crianças (enquanto outros fazem justamente o contrário). Para analisar o fenômeno, a equipe filmou 53 crianças de 1 a 3 anos em interações com seus pais; cinco anos mais tarde, entraram novamente em contato com as famílias e avaliaram o comportamento das crianças.

Naquelas famílias em que os pais tinham o costume de elogiar os filhos por seus esforços, as crianças se tornaram mais persistentes e mais capazes de encontrar soluções para problemas. Já naquelas em que se tinha o hábito de simplesmente elogiar a criança, os filhos se tornaram mais avessos a desafios.

2. Evitar discutir na frente deles


Bons pais nunca querem discutir na frente de seus filhos. “Vá para o seu quarto, seu pai (ou sua mãe) e eu precisamos ter uma conversa”. Ninguém quer traumatizar as crianças, dando a impressão de que o casamento não é sempre um mar de rosas.

Mas, na realidade, é muito melhor expor seus filhos a conflitos conjugais, desde que você faça isso direito. O mundo real é cheio de conflitos, então é melhor aclimatá-los a isso mais cedo do que jogá-los na sociedade com a percepção distorcida de que as pessoas nunca discordam.

A chave, naturalmente, é que tem que ser um conflito saudável. O que, infelizmente, significa que você e seu cônjuge não podem perder o controle e realmente brigar, lançando pratos contra a parede e derrubando uma garrafa inteira de vinho no chão.

De acordo com estudos, os melhores efeitos sobre as crianças são alcançados por argumentos que são leves a moderados, e resolvidos na frente delas. Essa última parte é importante – não adianta discutir na frente da criança, mas resolver a discussão por trás de portas fechadas (pior ainda se for com sexo).

Por outro lado, as crianças que veem todo o drama, do começo ao fim – especialmente se ele também inclui amor, apoio e compromisso – desenvolvem melhores habilidades sociais e autoestima, maior segurança emocional e melhores relações com os pais.

Os benefícios continuam na idade adulta. Os adultos que relataram ter visto argumentos em casa apresentaram níveis mais baixos do hormônio do estresse cortisol ao lidar com seus próprios conflitos em casa, do que aqueles cujos pais aparentemente nunca brigavam, ou faziam isso atrás de portas.

3. Ajudá-los com a lição de casa


Este pode ser um daqueles casos raros em que o contrassenso é verdadeiro. Pesquisas feitas em 2014 mostraram que ajudar as crianças com a lição de casa não tem nenhum impacto positivo na sua capacidade de passar em testes, e o efeito piora à medida que elas envelhecem, ao ponto de que ajudar adolescentes com a lição de casa pode na verdade abaixar suas notas.

Claro, é ótimo ter pais que asseguram que as crianças façam a lição de casa, e que fornecem um ambiente seguro e estável para isso. De resto, fique de fora. Não é apenas o caso de não fazer o dever no lugar das crianças; não é bom nem mesmo simplesmente guiá-las. Elas precisam fazer tudo sozinhas.

Mas por que, considerando que guiar é exatamente o que o professor faz? Bem, em suma, porque pais não são professores. A menos que literalmente sejam. Os autores do estudo acreditam que um fator significativo é que muitos pais não sabem direito o que estão fazendo e acabam orientando seus filhos para um monte de respostas erradas.

Por exemplo, pelo menos um estudo mostrou que até 30% dos pais não têm confiança de que podem ajudar seus filhos com suas lições de matemática. Tal ansiedade pode passar para as crianças, o que é péssimo.

Isso também se aplica ao esporte. Os pequenos se saem pior quando seus pais ficam por perto berrando “incentivos”. Pois é.

4. Fazê-los terminar sua refeição


Por alguma razão, crianças pequenas não parecem gostar de terminar refeições. Cada almoço ou jantar é uma batalha. Então você estabelece a lei: elas não podem deixar a mesa até limparem o prato.

No entanto, mesmo que seu filho seja burro como uma pedra, uma coisa ele sempre sabe: quando está com fome e quando não está.

O conselho do Hospital Infantil Benioff é que você não deve forçar seus filhos a comer ou puni-los quando eles não comem. Caso contrário, você está reforçando maus hábitos alimentares. Para evitar a obesidade, a pior coisa que você pode fazer é programar crianças a nunca abandonarem uma pilha de alimentos até que cada pedacinho esteja dentro delas.

E, além de simplesmente não estar com fome, uma razão significativa para as crianças não comerem tanto quanto você gostaria é: desafio. Elas recusam comer especificamente porque isso irrita os pais. Um estudo conduzido em 2006 com um grupo de pré-escolares observou suas atitudes em relação à comida quando eles estavam e não estavam sendo pressionados para comer. O que os pesquisadores descobriram foi que as crianças costumavam comer mais quando ninguém as incomodava. As pressionadas também tinham atitudes mais negativas em relação ao gosto.

Ou seja, uma das razões pelas quais as crianças passam a odiar vegetais é provavelmente porque você tenta DEMAIS fazer seu filho comê-los.

Claro, não adianta deixá-los viver de barras de chocolate. O que os nutricionistas recomendam é que você dê a seus filhos uma variedade de opções saudáveis, e deixe-os comer o que eles quiserem, quanto quiserem, sem dar bronca sobre crianças famintas na África.

Se eles fizerem birra, não desista e faça um cachorro-quente em vez disso. As crianças vão insistir em comer porcaria ou passar fome, mas certamente não vão passar fome.

5. Dar muitos banhos neles


Crianças são mágicas, no sentido de que conseguem ter geleia em seus dedos, cara e roupa mesmo quando não tem qualquer geleia na casa. Claro, isso faz com que tenhamos que dar mil banhos nelas, todos os dias. Ninguém quer que seu filho seja o garoto fedido da escola.

O único problema é que estamos deixando nossas crianças muito limpas. Os pesquisadores descobriram que os hábitos de banho de nossos filhos estão levando a um aumento de eczema, porque estamos tirando todos os óleos naturais que mantêm sua pele macia e flexível.

Para bebês em particular, os pesquisadores acreditam que eles devem ser banhados três vezes por semana, no máximo. Obviamente, eles vão precisar ser limpos nesse meio tempo, uma vez que tem a mania de fazer muito coco, mas é bom passar algum tipo de loção hidratante para substituir os óleos naturais que nós limpamos deles.

Mesmo para crianças mais velhas, a Academia Americana de Dermatologia diz que perder alguns banhos por semana não é grande coisa. Somente quando atingem a puberdade e seus hormônios os transformarem em bombas de fedor é que realmente precisam tomar banho todos os dias.

O banho regular é um desenvolvimento muito recente na história humana. Nossos corpos não estão habituados a ele. Além de levar a um aumento nas condições de pele, tanta limpeza também tem o efeito colateral de dar mais alergias – é como se nossos corpos começassem a enxergar substâncias inocentes como nocivas, porque estamos nos limpando constantemente delas.

6. Não faça “sons de bebê”


Quando seu bebê começa a fazer sons, é um impulso humano irresistível falar com ele com “vozinha de criança”. Bebês e mamães parecem adorar isso, embora todo o resto do mundo deteste.

O problema é que isso pode atrapalhar a alfabetização da criança. Bebês claramente não conseguem responder à pergunta: “Você gostaria de comer uma papinha de maçã agora?”, então costumamos agitar a papinha em suas caras, levantar o tom da voz e dizer “Papiiiiiiinha?” de um jeito ridículo.

Só que os bebês estão tentando aprender nossa língua. Eles não estão dizendo “guh guh dah dah” para serem fofinhos. Eles estão ativamente tentando descobrir como se comunicar conosco.

Quando repetimos suas próprias falas absurdas de volta, estamos confundindo seus cerebrozinhos. Estudos têm mostrado que as crianças com os melhores vocabulários e habilidades de alfabetização são aquelas cujos pais abandonaram a “voz de bebê” e falaram com elas em frases completas e gramaticalmente corretas desde o primeiro dia.

Não é que seu bebê vai compreendê-lo inteiramente, mas sim que ele vai aprender a compreendê-lo mais rapidamente.

7. Não queira passar o maior tempo com eles possível


Hoje em dia, muitos pais precisam escolher entre passar tempo com seus filhos ou dar-lhes um padrão de vida decente. Todos os dias nos escritórios do mundo todo, há um pai ou uma mãe se sentindo culpado por não estar em casa ou por perder a apresentação de dança do filho.

A boa notícia para essas famílias é que pesquisas indicam que a quantidade de tempo que você passa com seus filhos não é tão importante assim. De acordo com os estudos, parece que quando os pais já estão estressados sobre o equilíbrio entre sua vida profissional e familiar, o tempo que passam com seus filhos pode impactá-los negativamente, uma vez que eles transferem esse estresse para a criança. Você tira um fim de semana de folga para ir ao zoológico, mas nervosamente checa o seu telefone a cada cinco minutos. A criança fica mal, é claro.

O importante é a qualidade do tempo que você passa com seus pequenos. Se dedicar uma ou duas horas por dia brincando, conversando e lendo com as crianças, isso terá um impacto melhor em suas vidas do que ficar em casa o dia todo estressado com limpeza e contas enquanto as crianças ficam brincando sozinhas em outro cômodo.

Não há uma quantidade mínima de tempo que você deve gastar com seus filhos, mas é claro que não pode abandoná-los. Dê o seu melhor quando puder. [Cracked]

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