A vida mais antiga com mobilidade é encontrada

Por , em 13.02.2019

Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu os mais antigos vestígios fossilizados de mobilidade em um ser vivo na Terra.

Enquanto a evidência anterior mais velha datava de 570 milhões de anos atrás, a nova descoberta tem 2,1 bilhões de anos.

O achado foi feito em um depósito fóssil no Gabão, o mesmo local no qual os organismos multicelulares mais antigos também foram descobertos.

Bacia de Franceville

Há alguns anos, o geólogo Abderrazak El Albani, ao lado de sua equipe da Universidade de Poitiers (França), descobriu os fósseis dos organismos multicelulares existentes mais antigos do mundo na Bacia de Franceville, no Gabão.

O depósito fóssil permitiu aos cientistas adiantar o surgimento da vida multicelular na Terra para 2,1 bilhões de anos atrás – aproximadamente 1,5 bilhão de anos antes do que se pensava.

Na época, os pesquisadores mostraram que essa biodiversidade surgiu com um pico de dioxigenação da atmosfera, e se desenvolveu em um ambiente marinho calmo e raso.

Agora, neste mesmo depósito geológico, a equipe descobriu a existência de traços de mobilidade fossilizados. Isso mostra que certos organismos multicelulares neste ecossistema marinho primitivo eram sofisticados o suficiente para se moverem através da lama rica em matéria orgânica.

O estudo

Os traços fósseis foram analisados e reconstruídos em 3D usando tomografia computadorizada de raios-X, uma técnica de imagem não destrutiva.

As estruturas mais ou menos sinuosas são tubulares, de um geralmente consistente diâmetro de poucos milímetros, e atravessam camadas finas de rochas sedimentares.

Análises geométricas e químicas revelaram que são de origem biológica e apareceram ao mesmo tempo em que o sedimento foi depositado.

Os traços estão localizados próximos a biofilmes microbianos fossilizados, que formaram “tapetes” entre as camadas sedimentares superficiais. É plausível que os organismos por trás desse fenômeno tenham se movido em busca de elementos nutritivos e do dioxigênio, ambos produzidos por cianobactérias.

Hipóteses

Como eram esses seres vivos? Embora seja difícil saber com certeza, podem ter sido semelhantes às amebas coloniais, que se aglomeram quando os recursos se tornam escassos, formando um tipo de “lesma” que se move em busca de um ambiente mais favorável.

Até agora, os traços mais antigos de movimento conhecidos eram muito mais novos.

A evidência de mobilidade encontrada em uma rocha que tem 2,1 bilhões de anos levanta novas questões sobre a história da vida: será que essa inovação biológica foi um prelúdio para formas mais aperfeiçoadas de movimento, ou apenas um experimento interrompido pela drástica queda nas taxas atmosféricas de oxigênio bilhões de anos atrás?

Os achados foram publicados em um artigo na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. [ScienceDaily]

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