Aditivo comum em plásticos associado ao autismo e TDAH, cientistas descobrem

Por , em 9.10.2023
Molécula de Bisphenol A. Selvanegra/Canva Pro

O número de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro do autismo (TEA) e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) aumentou significativamente nas últimas décadas. Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Rowan e da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, sugeriu que o aditivo plástico comum conhecido como bisfenol A (BPA) pode ser um fator contribuinte para essa tendência.

O BPA é comumente utilizado em diversos produtos plásticos e processos de fabricação e também está presente em recipientes de alimentos e bebidas. Pesquisas anteriores associaram a exposição ao BPA a distúrbios na função hormonal, incluindo ligações com câncer de mama e infertilidade.

Em seu estudo, os pesquisadores examinaram três grupos distintos de crianças: 66 crianças com autismo, 46 com TDAH e 37 crianças neurotípicas. Eles investigaram especificamente um processo químico chamado glucuronidação, que é responsável por eliminar toxinas da corrente sanguínea por meio da urina.

O estudo revelou que crianças com TEA e TDAH apresentaram uma capacidade reduzida de eliminar o BPA e um composto semelhante conhecido como Dietilhexilftalato (DEHP) em comparação com crianças neurotípicas. Essa eficiência reduzida potencialmente prolongou sua exposição aos efeitos prejudiciais dessas substâncias.

Segundo os pesquisadores, “Crianças com TEA e TDAH experimentam uma desintoxicação comprometida desses dois plastificantes, resultando em aumento da exposição a eles.”

No entanto, a diferença estatisticamente significativa foi observada apenas no caso do BPA. A eficiência na eliminação do BPA foi reduzida em aproximadamente 11% em crianças com TEA e 17% em crianças com TDAH em comparação com um grupo de controle de crianças neurotípicas.

Os pesquisadores propõem que mutações genéticas em certos indivíduos podem dificultar a eliminação eficaz do BPA do corpo, permitindo que a substância persista no organismo. Essa persistência pode potencialmente levar a efeitos adversos no desenvolvimento e na função dos neurônios.

Acredita-se que TEA e TDAH resultem de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, e este estudo destaca a interação entre esses fatores. No entanto, é importante observar que nem todas as crianças com transtornos do neurodesenvolvimento apresentaram dificuldades na eliminação do BPA, indicando a presença de outros fatores contribuintes.

Pesquisas adicionais estão em andamento para identificar as etapas precisas do desenvolvimento durante as quais o TEA e o TDAH se manifestam em indivíduos, seja durante o desenvolvimento fetal ou mais tarde na vida. Os dados existentes não estabelecem uma relação causal entre a exposição ao BPA e o desenvolvimento desses transtornos.

Os pesquisadores reconhecem a considerável quantidade de evidências epidemiológicas que relacionam transtornos do neurodesenvolvimento a poluentes ambientais, incluindo plastificantes. Embora o significado exato dos transtornos do neurodesenvolvimento induzidos por plastificantes permaneça incerto, este estudo sugere que eles podem contribuir significativamente para a ocorrência global desses transtornos, justificando uma investigação mais aprofundada. [Science Alert]

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