Além do Visível: Estudo Revela Ligação entre Plásticos e Alterações Cerebrais

Por , em 25.11.2023
Nanopartículas de plástico (verde), aglomerados de proteínas (vermelho) e lisossomos (azul). (Universidade Duke)

Os impactos dos plásticos no meio ambiente e, possivelmente, na nossa saúde são preocupantes, principalmente devido à associação de minúsculas partículas plásticas com alterações em proteínas cerebrais ligadas a tipos específicos de demência, como a doença de Parkinson.

Pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos, conduziram um estudo focado na interação entre nanopartículas de plástico provenientes do poliestireno e a proteína alfa-sinucleína. Esta proteína, quando acumula formas anormais, já foi observada em cérebros de pessoas com Parkinson.

Andrew West, neurobiólogo e autor sênior do estudo na Universidade Duke, comentou: “A doença de Parkinson tem sido descrita como o transtorno neurológico de crescimento mais rápido no mundo. Há indícios de que fatores ambientais podem ter um papel relevante na doença de Parkinson, mas a maioria desses fatores ainda não foi identificada.”

O estudo incluiu três tipos de experimentos: com soluções, células cultivadas em laboratório e camundongos geneticamente modificados para serem predispostos a uma condição semelhante à doença de Parkinson. Nestes experimentos, observou-se que a presença de plásticos provocava aglomerados anormalmente grandes de alfa-sinucleína.

Chamou a atenção dos pesquisadores as fortes ligações químicas entre as nanopartículas de poliestireno e a proteína alfa-sinucleína, especialmente nos lisossomos das células, onde ocorre a eliminação de resíduos.

Os resultados sugerem que os plásticos interferem no processo natural de limpeza dos neurônios, apontando novamente para doenças como Parkinson.

É importante salientar que essas descobertas são preliminares e que ainda não foram realizados testes em humanos. A relação exata entre as nanopartículas de plástico e a alfa-sinucleína, bem como a associação entre o acúmulo dessa proteína e demência, ainda não estão claras.

A alfa-sinucleína desempenha um papel vital na manutenção da saúde dos neurônios cerebrais. Os problemas começam quando esta proteína se deforma ou se dobra incorretamente. Contudo, é um desafio determinar se isso é uma causa ou um sintoma de doenças como Parkinson.

A pesquisa revela que as nanopartículas de plástico afetam os níveis da proteína. Os próximos passos incluem um exame mais detalhado, o que pode exigir novas tecnologias capazes de monitorar melhor os níveis de plástico e suas interações químicas em escalas menores.

Sabemos que a maioria das pessoas já possui partículas microscópicas de plástico em seu sangue. Entender como isso afeta nossa saúde é uma área de pesquisa crucial para os próximos anos.

West destaca: “Enquanto os contaminantes de microplástico e nanoplastico estão sendo avaliados minuciosamente por seu impacto potencial em câncer e doenças autoimunes, a natureza marcante das interações que observamos em nossos modelos sugere a necessidade de avaliar o impacto crescente de contaminantes de nanoplastico no risco e progressão da doença de Parkinson e demência.”

Estes estudos representam um passo importante na compreensão dos efeitos dos plásticos no organismo humano. Embora ainda estejamos nos estágios iniciais dessa pesquisa, as implicações potenciais para a saúde pública e para o tratamento de doenças neurológicas são significativas. À medida que a ciência avança, é essencial continuarmos investigando como os materiais que usamos no dia a dia podem estar afetando silenciosamente nossa saúde e bem-estar. [Science Alert]

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