Ao revisitar dados cientistas encontram mais um segredo de Urano

Por , em 31.03.2020

Cientistas estão constantemente estudando o Sistema Solar, mas ainda há muitas coisas desconhecidas. A imagem de Urano, por exemplo, não mudou muito além dos dados enviados pela Voyager 2 em 1986.

A atmosfera de diversos planetas do Sistema Solar está escapando, inclusive do nosso. Para a escala de tempo humana o efeito disso é muito pequeno, mas essas perdas de gases da atmosfera podem provocar alterações nos planetas. Um exemplo é Marte, que era um planeta úmido de atmosfera densa e em 4 bilhões de anos se tornou esse planeta seco.

O campo magnético dos planetas pode tanto aumentar quando reduzir as perdas atmosféricas. Pesquisadores participantes de uma equipe que planeja missão aos planetas Netuno e Urano, estimulados pelo estranho campo magnético de Urano, resolveram revisitar os dados da Voyager 2 em busca de mistérios a serem resolvidos.

Assim, os cientistas perceberam algo que passou despercebido em outras análises, ocorreu algo no campo magnético de Urano, quando a sonda passou por uma espécie de bolha magnética.

Os pesquisadores Gina DiBraccio e Daniel Gershman,  da NASA, passaram horas processando manualmente os dados coletados há mais de três décadas. Os novos resultados foram publicados ano passado no Geophysical Research Letters.

O que muda

Os cientistas da Voyager haviam calculado a força do campo magnético como um todo. Assim, pequenas variações no magnetômetro foram consideradas inconvenientes. Mas quando observado mais de perto, foi possível identificar uma variação no campo. Greshman suspeitou que pudesse ser um plasmoide.

Embora já tenham sido observadas em outros planetas, essa foi a primeira liberação magnética observada em Urano. Embora fossem esperados plasmoides em Urano, não se sabia como eles seriam. Eles são semelhantes aos de Saturno e Júpiter, mas roubam, relativamente, mais massa.

O plasmoide ocupou 60 segundos do sobrevoo de 45 horas por Urano e apareceu como uma rápida subida e descida na linha do magnetômetro. Mas os pesquisadores estimam que o plasmoide formou um cilindro de pelos menos 204 mil quilômetros de comprimento e 400 mil quilômetros de largura.  Os cientistas consideram que ainda há mais para explorar nesses dados coletados pela NASA.

Com apenas esse conjunto de observações não é possível determinar se essas liberações de plasmoide mudaram Urano no decorrer do tempo. Mas ajudam a focar novas questões sobre o planeta.

Pesquisas anteriores

Esses mesmos dados já haviam sido revisitados em 2014 pelo astrônomo da Universidade do Arizona, Erich Karkoschka. Seu trabalho revelou um fenômeno atmosférico até então desconhecido de nuvens listradas escondidas na “bola azul” que o planeta aparenta ser.

Os dados coletados pela Voyager 2, quando passou por Urano, revelaram dois novos anéis, 11 novos satélites naturais e temperaturas de menos 214 graus Celsius. O campo magnético do planeta também funciona de forma diferente e os cientistas não conseguiram determinar o motivo.

GIF mostra o campo magnético de Urano. A flecha amarela aponta para o Sol, a azul claro marca o eixo magnético de Urano e a azul escuro o eixo de rotação do planeta. Crédito: NASA/Scientific Visualization Studio/Tom Bridgman

 Há planos de enviar sondas para analisar melhor esses planetas. Existe o desejo de que uma sonda orbite Netuno ou Urano por anos, para pesquisar o campo magnético e estudar o fluxo de calor. Mas o tempo dessas pesquisas é longo e vai demorar até que mais dados estejam disponíveis para os cientistas analisarem. [Popular Science, NASA, Advancing Earth and Space Science]

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