Bolha submarina do tamanho de um elefante intriga mergulhadores

Por , em 10.08.2015

Mergulhadores muitas vezes passam por criaturas bizarras no fundo do mar, mas uma bolha gelatinosa do tamanho de um elefante deixou um grupo bastante intrigado recentemente.

A esfera transparente estava flutuando cerca de 22 metros abaixo do nível do mar ao largo da costa mediterrânea da Turquia. Ela brilhava como uma bola de sabão quando os mergulhadores apontavam suas lanternas para sua superfície, mas Lutfu Tanriover, um fotógrafo subaquático e cinegrafista da Derin Underwater Filmes, e seus colegas não tinham ideia do que era.

Eles tiveram uma resposta depois de fazer o upload do vídeo online.

Mistério resolvido

Essas manchas brilhantes são ovos de lula, e a bolha, na verdade, é um ninho, afirma Michael Vecchione, diretor do Laboratório de Sistemática Nacional no Instituto Smithsonian, nos EUA, e curador de cefalópodes no Museu Nacional de História Natural, em Washington, também nos Estados Unidos.

Os mergulhadores tiveram sorte de ter encontrado um ninho tão perto da costa, diz Vecchione. Lulas são pelágicas, o que significa que normalmente vivem na água aberta, longe da costa. “Nós não sabemos exatamente quantos ovos estavam lá, mas é provável que o número seja da ordem de milhares a dezenas de milhares”, estima.

Cada ovo tem de cerca de 2 milímetros de comprimento. A fêmea os incorpora em uma matriz gelatinosa que cresce conforme se mistura com a água do mar. O ninho de ovos resultante pode ser enorme – os mergulhadores estimavam que este tivesse cerca de 4 metros de diâmetro.

É raro encontrar estes ninhos de ovos gigantes em estado selvagem, mas os pesquisadores, em 2006, descobriram uma “nuvem cinzenta semi-transparente” medindo entre 3 e 4 metros de diâmetro na costa da Califórnia. A massa de ovos pertencia a uma lula Humboldt (Dosidicus gigas), e tinha entre 600 mil e 2 milhões de ovos, segundo o estudo de 2008 publicado no Journal of the Marine Biological Association do Reino Unido.

Viva rápido, morra jovem

Vecchione suspeita que as chamadas lulas voadoras vermelhas (Ommastrephes bartramii) tenham estabelecido o ninho no Mediterrâneo. Estas lulas podem chegar a cerca de 1,5 metro de comprimento, e são predadoras vorazes. Elas se alimentam de peixes e outras lulas, agarrando suas presas com os tentáculos dentados e as colocando em seus bicos poderosos. “Elas podem morder extremamente forte”, explica Vecchione.

Por outro lado, a O. bartramii também é presa dos grandes peixes, como o peixe-espada e os atuns. Isto pode explicar porque elas colocam tantos ovos.

“Se você tem um animal que faz um milhão de bebês, para a população permanecer estável, apenas dois deles [precisam] sobreviver”, diz Vecchione. “Muitas coisas gostariam de comê-los, incluindo seres humanos”.

Os cientistas nunca viram uma O. bartramii criar um ninho de ovos na natureza, e não tem certeza de como a fêmea mistura o esperma com os ovos no processo. Mas a investigação sobre outras lulas da mesma família fornece uma pista sobre quanto tempo eles duram: tipicamente, os ovos eclodem rapidamente, dentro de cerca de três dias, quando os jovens ainda estão em desenvolvimento.

Se um predador não devorá-las, as lulas vivem geralmente por um ano ou dois, e comem montes de vida marinha para sustentar o seu metabolismo rápido. “Elas são muito importantes na cadeia alimentar”, aponta Vecchione. “Elas vivem rápido e morrem jovens”. [Live Science]

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