Celulares reduzem a fertilidade masculina? Há ligação entre celulares pouco esperma?

Por , em 15.12.2023

Cerca de um a cada seis casais no mundo enfrenta desafios de fertilidade. Em mais da metade desses casos, a qualidade reduzida do esperma masculino é identificada como a causa principal. Nos últimos trinta anos, observou-se uma diminuição significativa na saúde do esperma, mas a causa exata ainda é desconhecida. Diversas teorias foram propostas, mas nenhuma possui evidência conclusiva.

Fatores Potenciais

Aspectos ambientais, hábitos de vida, excesso de peso ou obesidade, uso de tabaco, consumo de álcool e estresse psicológico estão entre os fatores sugeridos que afetam a qualidade do esperma. Estas hipóteses baseiam-se em estudos de rigor científico relativamente baixo. Além disso, a função dos celulares, que emitem ondas eletromagnéticas na faixa de 800 a 2200 MHz, tem sido analisada. O corpo humano pode absorver essas ondas, levantando preocupações sobre seus efeitos potenciais na saúde do esperma.

Estudos realizados em roedores indicaram que essas ondas eletromagnéticas podem degradar a saúde do esperma e causar alterações anatômicas nos testículos. No entanto, é importante notar que os níveis de exposição nesses experimentos são significativamente diferentes do uso diário de celulares.

Investigações sobre como essas ondas afetam o esperma humano em ambientes laboratoriais têm produzido resultados inconclusivos. Estudos observacionais sobre este tópico são escassos, frequentemente envolvem pequenos grupos de participantes e fornecem resultados inconsistentes. Fatores como viés de publicação e inúmeras possíveis confusões complicam ainda mais esses estudos.

Estudo Observacional Suíço

Na Suíça, um estudo observacional em larga escala envolveu 2886 jovens homens, refletindo a população mais ampla. Eles preencheram um extenso questionário online detalhando seu uso de celular tanto em termos qualitativos quanto quantitativos.

Iniciado em 2005, uma época em que o uso de celulares não era tão disseminado, o estudo visava explorar qualquer possível ligação entre a exposição a celulares e a saúde do esperma. Na análise, vários ajustes foram feitos para considerar vários fatores confundidores possíveis.

Os participantes, com idades entre 18 e 22 anos, foram recrutados durante sua avaliação para o serviço militar. Anualmente, esse grupo constitui 97% da população masculina da Suíça nesta faixa etária, com os 3% restantes isentos devido a deficiências ou doenças crônicas.

Independente de sua elegibilidade para o serviço militar, aqueles interessados em participar receberam informações detalhadas sobre o estudo, um formulário de consentimento e dois questionários. O primeiro questionário buscava informações pessoais de saúde e estilo de vida do participante, enquanto o segundo, destinado aos seus pais, focava no período antes da concepção.

Este processo de recrutamento, que durou de setembro de 2005 a novembro de 2018, envolveu a abordagem de 106.924 homens. Apenas 5,3% retornaram os formulários preenchidos. Eventualmente, 2886 participantes (3,1%) forneceram informações abrangentes, incluindo testes laboratoriais como análise de esperma, essenciais para os objetivos do estudo. A pesquisa avaliou diversos fatores, incluindo as horas gastas em smartphones, padrões de uso e saúde do esperma (considerando volume, concentração, contagem total, mobilidade e morfologia).

Assim, a análise da relação entre o uso de tecnologias modernas, como smartphones, e a saúde reprodutiva masculina torna-se um tópico relevante e de crescente interesse na pesquisa médica contemporânea. A busca por respostas para essas questões é fundamental, dada a importância da fertilidade e da reprodução humana para a sociedade. A complexidade desses estudos reflete a multiplicidade de fatores que podem influenciar a saúde reprodutiva, tornando o campo da pesquisa em saúde reprodutiva um dos mais dinâmicos e desafiadores da ciência moderna.

Dessa forma, estudos como o realizado na Suíça fornecem insights valiosos, mas também ressaltam a necessidade de investigações mais aprofundadas e metodologicamente robustas para compreender totalmente as nuances e os impactos de variáveis ambientais e de estilo de vida na fertilidade masculina. A interação entre tecnologia, saúde e meio ambiente continua a ser uma área de grande interesse e relevância para a saúde pública e para a compreensão da dinâmica da saúde reprodutiva no século XXI. [Medscape]

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