Como trabalhar com gente chata

Por , em 18.09.2012

Não adianta: todos nós, em algum momento da vida, vamos ter que trabalhar com pessoas das quais não gostamos. Pode ser um colega de departamento, um subordinado, um chefe, um cliente… Enfim, alguém com quem você evitaria o contato, se pudesse. Como essa geralmente não é uma boa alternativa (a menos que você não se incomode em perder o emprego – e passar pelo mesmo problema em outra empresa), o jeito é aprender a lidar com essas pessoas.

O consultor estratégico e palestrante Peter Bregman, que escreve para o Harvard Business Review, conta como contornou a situação. Certa vez, ele teve de trabalhar com Jeff (nome fictício) em um projeto que iria beneficiar os dois. Jeff era um profissional honesto, respeitado e capacitado. O problema é que Peter não gostava dele. E não sabia exatamente o porquê. Talvez Jeff parecesse meio arrogante e autossuficiente demais, incapaz de pensar nos outros.

Quando explicou o problema para a pessoa que os colocou para trabalharem juntos, ela respondeu o seguinte: “Você não precisa gostar dele, mas seria esperto se trabalhasse com ele”. Ou, em outras palavras, “esqueça isso e apenas faça o trabalho”.

Ignorar o problema não adianta

Quando fala sobre trabalhar com uma pessoa da qual não gostamos, Peter não está se referindo àquele colega que não consegue conduzir uma reunião, escrever um e-mail ou desenvolver um projeto. Afinal, por mais que sua falta de habilidade para executar uma tarefa nos incomode, não significa necessariamente que não gostamos desse colega.

“Pense em como você responde de forma diferente quando alguém de quem você gosta não consegue conduzir uma reunião (você tenta ajudá-lo) e quando é com alguém de quem você não gosta (você quer parar de trabalhar com ele ou, então, se a reunião for muito longa, matá-lo)”, exemplifica.

Normalmente, quando você diz a alguém que não gosta de um colega de trabalho, o conselho é algo como “tente não pensar muito nisso, apenas faça seu trabalho”, ou “não leve para o lado pessoal”. Peter considera esses conselhos impraticáveis, porque nós acabamos perdendo tempo reclamando do colega chato ou, ainda, nos estressando em relação aos momentos em que temos que lidar com ele. Não dá para simplesmente “fazer nosso trabalho”.

Contudo, acrescenta, isso não é o pior: se você não gosta de alguém, é possível que essa pessoa descubra e passe a não gostar de você também. “Se você acha que trabalhar com alguém de quem você não gosta é ruim, tente trabalhar com alguém que não gosta de você”, diz. Colegas com os quais você se dá bem normalmente tentam te ajudar; já aqueles que não querem nem olhar sua cara em geral fazem o possível para dificultar as coisas.

O que fazer?

Peter recomenda que, em primeiro lugar, você pense naquilo que faz com que você não goste do seu colega de trabalho. Talvez você o ache egoísta. Indisciplinado. Impaciente. Mal-intencionado. Intolerante. Peter, no caso, via Jeff como alguém egocêntrico, arrogante e que sempre colocava suas necessidades acima das dos outros.

“Agora – e essa é a parte difícil – pense se, nos cantos escuros do seu ser, você consegue detectar fragmentos daqueles traços desagradáveis”, aconselha. Você às vezes é egoísta ou indisciplinado? Impaciente? Faz coisas com más intenções? Há momentos, sugere Peter, em que gostaríamos de nos afastar de nós mesmos; da mesma forma que gostaríamos de nos afastar do colega.

“Em outras palavras, há chances de que você não aguente aquela pessoa em primeiro lugar porque ela lhe faz lembrar daquilo de que você não gosta em si mesmo”, afirma. Quando é esse o caso, buscar compreender o outro é buscar se compreender.

A superação da própria chatice

Há vezes em que vemos e desprezamos nos outros características que fazem parte de nós – por mais difícil que seja admitir isso. Quando encontramos alguém que tem os mesmos defeitos que nós (e que nos incomoda justamente por isso), podemos transformar o incômodo em aprendizado.

Por um lado, sentir na pele os próprios defeitos (mesmo que só apareçam raramente) pode provocar mudanças internas. Pode nos levar a pensar algo como “nossa, não achava que eu pudesse ser tão chato”.

Por outro, quando a outra pessoa tem os mesmos defeitos que nós, é mais fácil entender como ela se sente e como essas características podem não parecer “defeitos” para ela. Peter recomenda que você pense nos momentos em que agiu como seu colega. O erro, o incômodo causado parecia tão claro como parece quando você vê outra pessoa agindo dessa forma?

“Você pode viver com a complexidade da sua humanidade? Esta é a chave para ter compaixão por si mesmo. E, dessa forma, ter compaixão pelos outros”, conclui Peter. Depois de passar por todo esse processo, ele começou a ver a si mesmo em Jeff. Ao final do texto, ele admite: “Agora gosto de Jeff”.[Life Hacker]

5 comentários

  • luysylva:

    eu proponho diminuir a jornada de trabalho, assim sendo menos tendo com pessoas irritantes.

  • Paulo de Tarso Luchesi Coelho:

    Achei no mínimo incompleta a matéria. Sei que se trata apenas de uma tradução do Life Hacker, porém outros assuntos muito mais complicados não foram sequer lembrados.
    Um exemplo: Assédio moral.
    Chefes que abusam de sua autoridade e poder para infernizar a vida de seus subalternos.
    Espelhamento? Não é o caso. Pessoas que tem problemas pessoais ou foram assediadas na infância vão passar a descontar frustações nos outros. não é um simples fato de espelhar e esperar o melhor.
    Algo deve ser feito além de entender a mente insana de certas pessoas do convívio semanal, se possível se afastar ou até mesmo procurar um novo trabalho.

  • Márcio Martins:

    Discordo do artigo. Fazendo uma autoreflexão me considero uma pessoa prestativa, paciente, dedicada ao trabalho e acredito que meu unico defeito é a de chegar atrasado ao trabalho e sair mais cedo, rsrsrs. Tive experiências com colegas anteriores no mesmo cargo (digitador) em que essas pessoas atrasavam a digitação por ficar em facebook, msn, etc… essas pessoas sairam e outras substituiram elas (não sairam por justa causa e sim por exoneração). Essas que entraram foram treinadas por mim com toda dedicação e boa-fé. Resumindo: eu nao gostava das pessoas anteriores por atrasar e sobrecarregar o trabalho por descaso delas e, nas novas contratadas vejo total dedicação. Não tenho certeza, mas ACREDITO (hipotéticamente) que essas novas pessoas nao gostam de mim (por eu chegar atrasado), e mesmo assim GOSTO DESSAS PESSOAS (novas) por serem dedicadas. Observação: quanto aos digitadores anterior, acredito que “uma laranja podre estraga as boas”, pois assim passei a “manguear” no trabalho e ficava tbm fazendo outras coisas invés do trabalho, como estudar, rsrsrs. Falo mesmo! 🙂

  • Jaqueline Gomes:

    muito interessante e útil!

    • Rafael2:

      Isso é projeção! Mas creio que isso não ocorre sempre diante de pessoas chatas, salvo engano em minha ignorância : ) Pode haver outros motivos.

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