Descoberta Inovadora Relaciona Obesidade e Risco de Alzheimer

Por , em 7.11.2023

Uma equipe liderada por Mroj Alassaf do Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, localizado nos Estados Unidos, descobriu uma relação entre o excesso de peso corporal e distúrbios neurodegenerativos como a doença de Alzheimer.

Os estudos, que utilizaram a mosca da fruta como organismo modelo, revelaram que dietas ricas em açúcar, frequentemente vinculadas à obesidade, desencadeiam um estado de resistência à insulina no cérebro. Esse estado compromete a capacidade de eliminar componentes neuronais danificados, aumentando o risco de deterioração das células cerebrais.

Essas descobertas serão publicadas no dia 7 de Novembro na revista PLOS Biology, que é de acesso aberto ao público. Elas têm o potencial de afetar estratégias futuras que visam prevenir o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.

Embora seja conhecido que a obesidade seja um fator de risco para distúrbios cerebrais como a doença de Alzheimer e de Parkinson, o mecanismo exato que liga um ao outro ainda não foi completamente compreendido.

A investigação mais recente procura esclarecer isso, aproveitando as semelhanças biológicas entre seres humanos e as moscas da fruta. Após constatações anteriores de que dietas altas em açúcar causam resistência à insulina nos tecidos periféricos das moscas, os pesquisadores voltaram sua atenção para as funções cerebrais destes organismos. O estudo focou particularmente nas células gliais, já que sua disfunção é indicativa de um precursor para a decadência neural.

A capacidade de uma célula responder à insulina é comumente medida pela presença da proteína PI3k. As observações apontaram que dietas açucaradas diminuem a concentração de PI3k nas células gliais, sinalizando uma resistência à insulina. Também foi dada atenção a um tipo de célula glial nas moscas, equivalente à microglia humana, conhecida como glia envolvente. Estas células são essenciais para a eliminação de resíduos neurais, como fibras nervosas em deterioração.

Os pesquisadores constataram uma diminuição na proteína Draper nessas gliais, sugerindo uma função comprometida. Experimentos adicionais mostraram que a redução intencional dos níveis de PI3k provocava tanto resistência à insulina quanto diminuição da proteína Draper nas gliais envolventes. Depois de danificar de fato os neurônios olfativos das moscas, as gliais envolventes não conseguiram eliminar as fibras nervosas danificadas nas moscas submetidas a uma dieta rica em açúcar, pois seus níveis de proteína Draper não se alteraram.

Os autores do estudo afirmam: “Modelos com moscas da fruta permitiram aos autores identificar como dietas ricas em açúcar desencadeiam resistência à insulina em células gliais, o que, por sua vez, prejudica a capacidade delas de limpar resíduos neurais. Os resultados iluminam a possível conexão entre dietas que promovem a obesidade e o risco aumentado de doenças neurodegenerativas.”

A implicação deste estudo é profunda, pois fornece pistas vitais para entendermos como mudanças dietéticas podem influenciar não apenas a saúde metabólica, mas também a saúde neurológica. Com a obesidade atingindo proporções epidêmicas em várias partes do mundo, compreender essas conexões é crucial para a prevenção de doenças que podem devastar a vida de indivíduos e sobrecarregar os sistemas de saúde.

À medida que avançamos, essas descobertas podem abrir portas para terapias mais direcionadas e abordagens preventivas personalizadas, possivelmente incorporando ajustes na dieta como uma maneira de combater a progressão de doenças neurodegenerativas. O desafio agora é aplicar esse conhecimento de forma eficaz para que possamos ver mudanças significativas na saúde pública no futuro. [Medical Express]

Deixe seu comentário!