Se o seu ginecologista recusou colocar o DIU porque você não tem filhos, procure outro

Por , em 3.05.2016

Se você já pediu a seu ginecologista para colocar o DIU e ele recusou, pode ser a hora de tentar de novo – ou tentar outro médico.

Regras antigas diziam que as mulheres que nunca tinham dado à luz não deveriam colocar o DIU. Isso mudou anos atrás, e os médicos estão se adaptando à mudança.

O Dispositivo Intra-Uterino, ou DIU, é um método quase infalível para prevenir a gravidez, e é uma excelente escolha para muitas mulheres. Os pediatras afirmam, inclusive, que ele é uma boa opção para adolescentes que querem contracepção.

Infelizmente, velhas ideias são difíceis de morrer. Em uma pesquisa com os membros do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas em 2014, 96% disseram que fazem o implante de DIU, mas apenas 67% dizem o considerar apropriado para mulheres que não tenham dado à luz. Pior, apenas 43% estavam dispostos a colocá-lo em adolescentes. Esta é ainda uma melhoria em relação a anos anteriores: em 2002, apenas 32% disseram que não descartavam o DIU para mulheres que não tinham filhos (e apenas 80% consideravam o colocar).

No Brasil, dados de 2014 mostram que apenas 4,5% das mulheres usam o DIU, apesar do DIU de cobre ser distribuído na rede pública e da Agência Nacional de Saúde Complementar obrigar os planos de saúde privados a cobrir sua colocação.

Por que os médicos costumavam dizer não

No início de 1970, um dispositivo intra-uterino chamado de Escudo Dalkon causou infecções graves e por vezes fatais em algumas mulheres que o usaram. Os DIUs de hoje usam um design diferente, mais seguro e todos os dispositivos médicos precisam ser aprovados pelas agências de saúde dos países antes de serem vendidos. Isso significa que o Dalkon é um capítulo trágico, mas encerrado na história da saúde reprodutiva, não uma advertência relevante hoje.

O Escudo Dalkon deixou as mulheres receosas sobre DIUs em geral, e tem levado tempo para que o estigma se desgaste. Por causa disso, muitos médicos pesavam os riscos muito fortemente contra os benefícios, mesmo depois que as pesquisas mostraram que os DIUs são seguros para a maioria das mulheres.

Os fabricantes também foram cautelosos no início. Em 1988, a bula do DIU de cobre Paragard incluía um “perfil recomendado da paciente”, que afirmava que as pacientes ideais eram as mulheres que já tinham pelo menos um filho e estavam em uma relação monogâmica estável. O DIU hormonal Mirena foi introduzido em 2000, e dizia a mesma coisa.

Contracepção

Tal como acontece com qualquer dispositivo médico, pode haver razões legítimas para que o DIU não seja o melhor método anticoncepcional para você. A ginecologista americana Jen Gunter resume as principais questões:

  • As mulheres com a doença de Wilson (uma perturbação da metabolização do cobre) não podem ter um DIU de cobre, mas podem ter um hormonal;
  • Mulheres com câncer de mama sensíveis à progesterona não podem obter o DIU hormonal, mas podem ter um de cobre;
  • As mulheres que têm miomas que distorcem o interior do útero ou um septo uterino normalmente não podem ter um DIU por uma questão de espaço.
  • As mulheres que têm um útero muito pequeno ou grande demais para o DIU (você descobre isso quando o médico ou enfermeira verifica o útero logo antes da inserção) também não podem ter um. “Na minha experiência, isso é muito raro, talvez 1% das vezes”, diz Gunter.

Há também, informalmente, uma diferença em como as mulheres experimentam a inserção. Se você nunca teve filhos, a abertura no seu colo do útero é pequena e a inserção pode ser dolorosa – algumas dizem que é extremamente dolorosa. Para as mulheres que já tiveram filhos, a inserção normalmente não é dolorosa, ou apenas levemente.

Nenhum médico hoje deve se recusar a inserir um DIU com base apenas nos filhos que você teve ou não. Se algum fizer isso, procure outro, porque médicos e médicas favoráveis ao DIU estão por aí, e eles são a maioria. [Life Hacker]

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