Aplicativos para aprender idiomas funcionam?

Por , em 21.06.2015

Cerca de 70 milhões de pessoas estão inscritas no aplicativo de aprendizagem de línguas Duolingo.

Os criadores do app afirmam que ele pode ajudar qualquer um a aprender um novo idioma, pois é gratuito e tem vários recursos de ponta, como algoritmos adaptativos para se adequar a velocidade de aprendizado dos usuários e gratificação para aumentar a motivação.

Eles também afirmam que o aplicativo pode dar acesso à aprendizagem a comunidades mais pobres que, caso contrário, não conseguiriam estudar um novo idioma.

Como funciona

O Duolingo funciona da seguinte maneira: vocabulário novo é apresentado ao usuário e, em seguida, ele passa todos os dias alguns minutos fazendo exercícios de linguagem, tais como a tradução de frases.

Há um nível de adaptabilidade: as palavras que o usuário erra aparecem de novo e de novo, enquanto as palavras que ele acerta surgem com menos frequência – embora ainda apareçam.

Esta repetição é um elemento central do app – é o que os criadores acreditam que levará à aquisição de novo vocabulário. Conforme os usuários completam os exercícios com sucesso, podem mover-se através dos “níveis”, e desbloquear lições bônus.

Métodos de aprendizagem

Os experientes professores de línguas Mike Groves, Diana Hopkins e Tom Reid fizeram uma análise desse método para tentar descobrir quão eficaz ele realmente é.

Ao longo do tempo, várias metodologias de ensino de idiomas foram inventadas. A mais antiga referente a línguas modernas é chamada de “tradução gramática”. Ela é focada em traduzir frases e aprender as regras da gramática. Muitos aprenderam latim com esse tipo de abordagem mecânica. As pessoas acabam sabendo como conjugar um verbo, mas geralmente são totalmente incapazes de fazer-se entender.

Outro método conhecido criado após a Segunda Guerra Mundial é o “audio-lingualismo”, baseado em parte na ideia de que normas e padrões formam os sistemas primários de línguas. A repetição de frases torna-se a principal atividade de aprendizagem. Em sala de aula, até dá certo, mas, novamente, ajuda pouco quando a pessoa precisa de fato comunicar-se em uma língua estrangeira.

Através dos anos 60 e 70, uma série de novos métodos começaram a vir à tona, muitas vezes baseados em uma filosofia humanística holística. Eles variam de “métodos silenciosos” (onde o professor é proibido de falar) a abordagens psicológicas, onde alunos e professores são incentivados a ter uma relação paternal e ler longos diálogos com acompanhamento musical. No geral, Groves, Hopkins e Reid acreditam que esses sistemas são balela, e também não servem como apoio quando as pessoas precisam realmente usar seu conhecimento para se comunicar.

COMUNICAÇÃO, é difícil de entender?

Você já deve ter percebido aonde queremos chegar. Se você realmente quer poder conversar em outra língua, o melhor método para aprender um idioma é o conhecido como “abordagem comunicativa”.

Este rótulo refere-se a métodos que priorizam a função da linguagem como comunicação, não estrutura. A ideia é que, se você está falando com alguém, é melhor que sua pronúncia seja boa, e não que você acerte todos as regras gramaticais.

Afinal de contas, se você acertar a gramática, mas a sua pronúncia for tão ruim que a pessoa não consegue entender o que você está dizendo, não vai sair conversa nenhuma daí. Além disso, é igualmente ruim quando um aluno fica tão preocupado em acertar a gramática que hesita em tomar parte em uma conversa.

E como apps como o Duolingo se encaixam neste pano de fundo teórico?

Segundo os professores, o aplicativo tem uma abordagem áudio-lingual: não há comunicação acontecendo. Em vez de uma conversação básica, os usuários são apenas forçados a repetir frases descontextualizadas.

Mas há duas coisas que nenhum teórico negaria sobre a aprendizagem de uma língua: a importância de aprender muitas palavras (vocabulário extenso) e a necessidade de um esforço constante.

E é aí que um aplicativo como Duolingo tem seu mérito: ele te lembra todos os dias de praticar e reforça as palavras que você aprendeu, com o incentivo de recompensas virtuais. Uma vez que o tempo necessário para as aulas é pequeno, os usuários podem fazer isso sem sacrificar outras coisas nas suas vidas.

No geral, Groves, Hopkins e Reid creem que aplicativos como o Duolingo podem ser um complemento útil quando você está aprendendo uma língua – mas não um substituto. Ele pode ajudá-lo a aprender algumas palavras e construções básicas, mas não vai permitir que você tenha uma conversa complexa em um novo idioma. É melhor do que nada, mas há uma abundância de opções mais eficazes disponíveis. [Phys]

Deixe seu comentário!