Avanços genéticos transformam os porcos em perfeitos para doação de órgãos a humanos

Por , em 11.10.2015

Uma vantagem da proximidade genética entre porcos e humanos é que os suínos têm o potencial de serem bons doadores de órgãos. Mas, como tudo na ciência, não é uma mera questão de tirar um coração de um porco e colocar em uma pessoa.

Algumas complicações se põem no caminho de transplantes bem-sucedidos. A boa notícia, no entanto, é que os cientistas fizeram grandes avanços para ultrapassá-las.

Os progressos para doação de órgãos

Um dos maiores problemas é a possibilidade de retrovírus endógenos suínos (chamados PERVs) serem reativados dentro do humano receptor do órgão.

Agora, graças ao recente trabalho de George Church e seu laboratório na Universidade de Harvard, nos EUA, essa não é mais uma preocupação.

O grupo foi capaz de usar técnicas de edição de genes para inativar 62 PERVs em embriões de suínos. Os resultados foram publicados na revista Nature.

Outra grande preocupação é a rejeição de órgãos doados pelo sistema imunológico humano. Church já enfrentou essa dificuldade também, modificando mais de 20 genes que fabricam as proteínas que irritam as células do nosso sistema imunológico.

Microporcos

Pesquisadores na China também tiveram alguns sucessos recentes na edição de genomas suínos. Eles foram capazes de combinar a técnica de edição genética com a transferência nuclear de células somáticas (o método utilizado para corrigir mutações na criação de embriões multiparentais) sem quaisquer efeitos indesejáveis.

Talvez a notícia mais impressionante dos geneticistas chineses tem sido a sua criação de “microporcos coloridos” para servir como animal de estimação. Sim, é isso mesmo que você leu: porcos em miniatura, devido à inativação de uma cópia de seu gene receptor de hormônio de crescimento, que podem ser encomendados em cores diferentes.

Micro pigs first day of spring

Retrovírus

Retrovírus não são estranhos a maioria das formas multicelulares de vida. Aliás, eles coevoluíram com muitos de seus anfitriões, orquestrando vários rearranjos genéticos que levaram a inovações e adaptações fisiológicas importantes, como, por exemplo, placentas.

Genomas de primatas estão repletos de elementos que se acreditam serem derivados dos retrovirais. Estes elementos, denominados de “Alu”, compõem algo próximo a 11% do genoma total dos primatas.

Foi mostrado recentemente que os porcos dedicam aproximadamente a mesma percentagem do seu genoma a um elemento que é quase o mesmo que o Alu, estrutural e funcionalmente falando, o que sugere uma relação muito mais estreita entre seres humanos e suínos do que pensávamos.

Por exemplo, demonstrou-se há algum tempo que existem receptores humanos para PERVs suínos. No entanto, se PERVs podem ser geneticamente inativados, então não temos que nos preocupar com fazer vacinas contra eles, algo certamente importante.

O próximo passo de Church e sua empresa eGenesis é começar a implantar embriões de suínos com genes editados em porcas mães, o mais breve possível. [Phys]

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