Você está programado para ver silhuetas ameaçadoras como homens

Por , em 20.05.2013

Se você vê um vulto se aproximando em um beco escuro, imagina que seja um homem ou uma mulher?

Um homem. E, segundo uma nova pesquisa da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), isso pode ser devido ao um viés inato em todos nós.

Isso significa que todos somos intrinsecamente tendenciosos a supor que uma silhueta ambígua é do sexo masculino, e não do feminino.

A razão para este viés não é clara, mas pode ser um mecanismo de proteção: homens tendem a ser mais fortes e mais agressivos que as mulheres, no geral, o que representa uma ameaça maior para nós.

“O cérebro pode escolher uma abordagem ‘melhor prevenir do que remediar’”, explica a psicóloga Kerri Johnson, pesquisadora do estudo. “Se você está andando por um beco escuro à noite e encontra um homem, ele provavelmente tem a capacidade de fazer-te mal. Já uma mulher pode não ter a força física para exercer qualquer influência desse tipo”.

O estudo

Seres humanos são “preparados” para fazer certos julgamentos sociais – e de maneira rápida. Nós registramos idade, raça e sexo sem sequer pensar nisso, por exemplo.

Mas corpos ambíguos podem desafiar nossos julgamentos rápidos. Johnson e seus colegas usaram medições do mundo real de milhares de recrutas do Exército para determinar as razões cintura-quadril de homens e mulheres.

As mulheres têm uma taxa média de cerca de 0,72 e homens de 0,89 (quanto menor o número, mais extremas as curvas). Uma relação cintura-quadril menor do que 0,80 é mais provavelmente do sexo feminino; acima desse número, o número é mais provavelmente pertencente a alguém do sexo masculino.

Os participantes, no entanto, se atrapalharam bastante quando viram silhuetas com base nessas razões cintura-quadril, assumindo que muitos mais eram do sexo masculino do que realmente eram.

“Corpos que sabíamos ser exclusivos de mulheres foram, no entanto, vistos como homens pelos nossos participantes”, disse Johnson.

Em um segundo experimento, os pesquisadores mostraram aos participantes uma linha de silhuetas e pediram-lhes para escolher a figura masculina e feminina médias. Novamente, as pessoas exibiram um viés para a identificação de figuras mais femininas como masculinas.

Na verdade, a figura escolhida como a “mulher média” foi a de um corpo mais curvilíneo do que é fisicamente possível.

Em um terceiro experimento, os pesquisadores apresentaram organismos neutros obscurecidos por padrões aleatórios e pediram aos participantes para escolher quais eram mulheres; os resultados revelaram mais uma vez um viés em direção a assumir corpos femininos como masculinos.

Medo e julgamento

Os pesquisadores queriam testar a teoria de que tal “preconceito” surgia a partir de uma estratégia de autoproteção.

Então, eles mostraram novamente silhuetas a participantes do estudo, mas desta vez pediram que eles assistissem a um vídeo feito para induzir ou medo (um vídeo de terror), ou emoções positivas (um clipe de quadrinhos) ou tristeza (um clipe de um menino recebendo a notícia da morte de seu pai).

Um quarto grupo de participantes viu um vídeo de padrões geométricos, destinado a não provocar nenhuma emoção.

Os resultados revelaram que os participantes induzidos a sentir medo eram mais propensos do que os participantes felizes ou tristes a julgar uma silhueta como sendo do sexo masculino.

Segundo os cientistas, isso significa que o viés é dependente do estado emocional, e pode surgir de uma ameaça potencial.

Eles ainda alertam que os efeitos deste viés podem ser de grande alcance. Por exemplo, estudos sobre atratividade descobriram que as pessoas preferem corpos femininos com muitas curvas, especialmente quando os participantes foram expostos a meios de comunicação ocidentais. Essa imagem mental “radical” do que seria uma mulher “normal” pode influenciar a forma como as pessoas julgam as mulheres na vida real, e a si mesmas.[LiveScience, Psych]

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