Grande Estudo Identifica 15 Fatores Ligados ao Risco Precoce de Demência

Por , em 9.01.2024

A demência é frequentemente associada a pessoas mais velhas, mas a cada ano, um número significativo de indivíduos mais jovens recebe o diagnóstico de demência de início precoce (DIP). Recentemente, uma pesquisa abrangente trouxe luz aos fatores causadores desta condição.

Pesquisas anteriores concentravam-se em fatores genéticos hereditários. No entanto, o estudo atual identificou 15 elementos distintos relacionados ao estilo de vida e saúde que influenciam o risco de DIP.

“Esta pesquisa é a mais extensa e meticulosa já realizada na área”, afirma David Llewellyn, epidemiologista da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

Ele destaca: “É animador pensar que podemos intervir para diminuir o risco desta condição incapacitante, atuando em diversos aspectos.”

Os pesquisadores analisaram informações de 356.052 pessoas com menos de 65 anos no Reino Unido. Constatou-se que baixo status socioeconômico, isolamento social, perda auditiva, ocorrência de AVC, diabetes, problemas cardíacos e depressão estão ligados a um risco aumentado de DIP.

Além disso, a deficiência de vitamina D e níveis elevados de proteína C-reativa (indicador de inflamação produzido pelo fígado) também foram associados a um risco maior. Ter duas variantes do gene ApoE4 ε4, já relacionadas à doença de Alzheimer, também aumenta o risco.

A relação entre o álcool e a DIP foi descrita como “complexa”. Enquanto o abuso de álcool eleva o risco, o consumo moderado a intenso pareceu reduzi-lo, possivelmente devido a um estado geral de saúde melhor nesse segundo grupo (vale ressaltar que pessoas que evitam álcool frequentemente o fazem por questões de saúde).

Níveis mais altos de educação formal e menor fragilidade física (medida pela força do aperto de mão) também foram relacionados a um risco menor de DIP, preenchendo lacunas de conhecimento existentes sobre a condição.

“Já sabíamos, por pesquisas sobre demência em idosos, que existem diversos fatores de risco modificáveis”, comenta Sebastian Köhler, neuroepidemiologista da Universidade de Maastricht, na Holanda.

Ele ressalta que a saúde mental, incluindo a prevenção de estresse crônico, solidão e depressão, também é fundamental.

Embora os resultados não provem que esses fatores causam demência, eles contribuem para um entendimento mais detalhado das suas origens. Esse conhecimento é essencial para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e medidas preventivas.

A possibilidade de modificar muitos desses fatores traz esperança para aqueles que lutam para vencer a demência, sugerindo que um estilo de vida mais saudável pode reduzir seu risco.

“A demência de início precoce tem um impacto muito grave, pois afeta pessoas que normalmente têm empregos, filhos e uma vida ativa”, explica o neurocientista Stevie Hendriks, da Universidade de Maastricht.

Ele esclarece: “Embora muitas vezes se pense que a genética seja a causa, nem sempre sabemos as razões exatas. Por isso, a investigação de outros fatores de risco foi essencial em nosso estudo.”

Este estudo representa um avanço significativo no entendimento da demência de início precoce. Os resultados destacam a importância de uma abordagem multifacetada, que inclui tanto a saúde física quanto a mental, no manejo e prevenção da DIP. A pesquisa sugere que, ao entender melhor os diversos fatores que contribuem para a doença, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para combatê-la e, potencialmente, reduzir sua incidência em pessoas mais jovens.

Essa perspectiva oferece uma nova esperança no campo da neurologia e da saúde pública, reforçando a ideia de que mudanças no estilo de vida e atenção à saúde mental podem ter um impacto significativo na prevenção da demência. Continua sendo crucial, no entanto, que mais pesquisas sejam realizadas para explorar ainda mais essas associações e desenvolver intervenções práticas e acessíveis para pessoas em risco de desenvolver DIP. [Science Alert]

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