Sabe aquela vontade de morder bebês fofos? Agora ela tem uma explicação
Muitas experiências de vida, tais como testemunhar o nascimento de uma criança ou alcançar algo que queríamos há muito tempo, podem levar àquelas emoções confusas, como chorar de felicidade. Mas uma nova pesquisa sugere que essas expressões incongruentes pode servir a um propósito fundamental, nos ajudando a manter o equilíbrio emocional. Os resultados serão publicados na revista “Psychological Science” da Association for Psychological Science.
“As pessoas podem restabelecer o equilíbrio emocional com essas expressões”, disse a psicóloga Oriana Aragon, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. “Aparentemente, elas acontecem quando as pessoas estão sobrecarregadas com fortes emoções positivas e aquelas que choram parecem se recuperar melhor dessas emoções fortes”.
Há muitos exemplos de respostas emotivas negativas a uma experiência positiva. Por exemplo, as expressões emocionais das pessoas em resposta a bebês fofinhos, bonitinhos, cheinhos de dobrinhas e muito mais no diminutivo e em um tom de voz extremamente aguda. Ao mesmo tempo que os adultos babam nos bebês e ficam maravilhados, eles também mal podem resistir a beliscar, apertar e até mesmo brincar de rosnar para eles. Sabe aquela vontade de morder aquelas bochechinhas? Pois é, você não está sozinho.
Certamente as pessoas não têm a intenção de causar danos reais aos bebês com esses comportamentos agressivos – então por que fazem isso? Aragon e seus colegas da Universidade de Yale projetaram vários experimentos para descobrir.
Dados de uma pesquisa online com adultos sugerem que as expressões dimorfas – duas expressões diferentes que têm a mesma origem – não são específicas de cada situação; ao contrário, elas parecem surgir em resposta a vários tipos de emoções positivas.
Assim, as pessoas que apresentam expressões dimorfas em resposta a estímulos fofos, como os bebês, tendem a mostrá-las em resposta a outras situações e emoções positivas, como chorar durante momentos felizes em filmes. Isso sugere que as expressões dimorfas podem servir como um mecanismo geral de expressão que ajuda a regular a emoção positiva.
Como parte do estudo, os pesquisadores pediram aos participantes que olhassem e avaliassem fotos de bebês diferentes, alguns dos quais pareciam mais infantis (ou seja, rostos redondos, olhos maiores) do que outros. Os participantes demonstraram expressões maiores de cuidado e proteção em relação aos bebês mais infantis, dizendo que queriam cuidar deles e protegê-los. Mas eles também relataram expressões mais elevadas de agressão em resposta a esses bebês, dizendo que queriam apertar as bochechas dos bebês e “mordê-los todinhos”.
Outro estudo online com 679 participantes confirmou estas descobertas e revelou que os participantes eram mais propensos a relatar que se sentiam sobrecarregados com sentimentos positivos muito fortes em resposta aos bebês mais jovens.
É importante ressaltar que os dados indicaram que foi precisamente este sentimento de ser tomado pela emoção positiva que provocou as respostas agressivas. Pessoas que mostraram expressões mais elevadas de agressividade enquanto olhavam para os bebês tendem a mostrar uma maior queda na emoção positiva cinco minutos depois de ver as imagens, o que sugere que as emoções negativas ajudaram a moderar suas intensas emoções positivas, trazendo-os de volta ao equilíbrio emocional.
Estas novas descobertas começam a explicar coisas comuns que muitas pessoas fazem, mas nem sequer compreendem. “Esses insights avançam a nossa compreensão de como as pessoas expressam e controlam suas emoções, o que tem uma relação importante com a saúde mental e física, a qualidade das relações com os outros e até mesmo a forma como as pessoas trabalham juntas”, afirma a pesquisadora. [Psychological Science]