Bizarro: nova espécie é descoberta através do Twitter
Pesquisadores do Museu de História Natural da Universidade de Copenhague (Dinamarca) descobriram um novo tipo de fungo parasitário graças à uma imagem postada na rede social Twitter.
Como assim?!
A bióloga Ana Sofia Reboleira, professora associada do Museu de História Natural, estava navegando pelo Twitter quando se deparou com uma fotografia de um milípede norte-americano compartilhada por Derek Hennen, do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (EUA).
Graças aos seus olhos bem treinados, Ana avistou alguns pequenos pontos que se pareciam com fungos na superfície do animal.
Ela mostrou a imagem a seu colega Henrik Enghoff, e eles decidiriam procurar sinais do fungo na enorme coleção do museu dinamarquês.
E, de fato, descobriram diversos espécimes do tal organismo, jamais documentado, em alguns milípedes americanos.
Troglomyces twitteri
Ana e Henrik confirmaram a existência de uma espécie anteriormente desconhecida da ordem Laboulbeniales de parasitas fúngicos minúsculos que atacam insetos, aracnídeos e milípedes. Ela foi nomeada Troglomyces twitteri.
Fungos Laboulbeniales se parecem com larvas minúsculas, e são parasitas que vivem fora do corpo de seus organismos hospedeiros, às vezes em regiões específicas. Neste caso, o Troglomyces twitteri vive nos órgãos reprodutivos dos milípedes. Ele se nutre perfurando o hospedeiro com uma estrutura de sucção especial.
Cerca de 30 espécies diferentes de fungos Laboulbeniales atacam milípedes. A maioria só foi descoberta depois de 2014, e provavelmente existem muitos mais na natureza, ainda não encontrados.
De acordo com Ana Reboleira, infelizmente, a pesquisa nessa área é escassa. Sabe-se muito pouco sobre a biologia desses fungos, embora a cientista acredite que eles possam nos ensinar muito sobre os insetos nos quais vivem e sobre os mecanismos por trás do parasitismo em si.
A bióloga espera também que seu novo estudo forneça conhecimento útil sobre parasitas que possam ser perigosos à saúde humana.
O papel das mídias sociais na ciência
A coleção entomológica do Museu de História Natural da Dinamarca é uma das maiores do mundo, abrigando mais de 3,5 milhões de insetos fixados em telas e pelo menos o mesmo número de insetos e animais terrestres preservados em álcool.
Ana Reboleira afirmou ao Phys que, por conta desta vasta coleção, foi “relativamente fácil confirmar que estávamos de fato olhando para uma espécie nova para a ciência”.
“Isso demonstra quão valiosas as coleções de museu são. Há muito mais [descobertas] se escondendo nessas coleções”, disse.
Além disso, a bióloga crê que as mídias sociais estão desempenhando um papel cada vez maior. Esse achado prova que compartilhar informações na rede social pode ter resultados inesperados.
“Até onde sabemos, é a primeira vez que uma nova espécie é descoberta no Twitter. Isso destaca a importância dessas plataformas para o compartilhamento de pesquisas – e, portanto, a capacidade de obter novos resultados. Espero que isso motive profissionais e pesquisadores amadores a compartilhar mais dados através da mídia social. Isso é algo que tem sido cada vez mais óbvio durante a crise do coronavírus, numa época em que tantos são impedidos de fazer trabalho de campo ou estar nos laboratórios”, argumentou.
Os detalhes da descoberta foram publicados na revista científica MycoKeys. [Phys]
2 comentários
Não percebi nada! Qual a nova espécie? O animal, ou o fungo? A fotografia é de quem? Pediram autorização? Como sabem que é um nova espécie? Como poderam analisar a nova espécie pela fotografia? Pelo espectro de luz, ou tipo de cor?
Acho que se você ler a matéria boa parte das perguntas vai ser respondida…