O humilde feijão arma o intestino com surpreendentes poderes de combate ao câncer

Por , em 6.12.2023

Frequentemente desconsiderado por seus efeitos gastrointestinais, o feijão demonstrou recentemente ter um impacto significativo na saúde intestinal, especialmente em indivíduos que já enfrentaram o câncer colorretal. Essa descoberta surgiu de uma pesquisa conduzida pelo Centro de Câncer MD Anderson, que envolveu 48 pessoas com obesidade e histórico de câncer colorretal ou pólipos relacionados. Durante um período de 16 semanas, esses indivíduos incorporaram uma xícara de feijão branco seco em suas dietas diárias.

Escolhido por suas propriedades nutricionais, o feijão branco, um ingrediente comum em pratos como feijão assado, é rico em fibras, aminoácidos e outros nutrientes que promovem o crescimento de bactérias benéficas no cólon. Os resultados do estudo revelaram melhorias notáveis na saúde intestinal, caracterizadas pelo aumento de bactérias benéficas e redução das prejudiciais, que influenciam condições como doença inflamatória intestinal e câncer.

Um dos aspectos mais notáveis da pesquisa, destacado pela coautora Dra. Carrie Daniel-MacDougall, é a observação de mudanças na diversidade do microbioma apenas com a alteração da dieta. Após oito semanas, os participantes apresentaram uma melhora na saúde intestinal, principalmente devido ao aumento de bactérias protetoras.

O estudo, denominado BE GONE, ofereceu aos participantes uma xícara diária de feijão branco seco pré-cozido, que foi facilmente integrado às suas refeições regulares. A aderência foi significativa, com os participantes consumindo pelo menos 80% da quantidade diária de feijão. Amostras regulares de sangue e fezes foram coletadas para monitorar alterações no microbioma intestinal.

Esse foco em um grupo específico é crucial, pois desequilíbrios no microbioma intestinal podem ser prejudiciais para aqueles em recuperação de câncer. Problemas como inflamação intestinal podem impedir a recuperação e afetar as chances de sobrevivência. Curiosamente, após o retorno à dieta normal, sem a inclusão do feijão, os efeitos positivos na saúde intestinal diminuíram em um mês.

Daniel-MacDougall salientou que o feijão não provocou inflamação intestinal nem alterou significativamente os hábitos intestinais, o que é vital para sobreviventes de câncer. A rápida perda dos benefícios após o estudo ressalta a importância de manter hábitos alimentares saudáveis de forma contínua.

Embora os feijões sejam frequentemente evitados devido a desconfortos gastrointestinais esperados, como inchaço, esses sintomas são resultado da fermentação de fibras indigestíveis no cólon, que na verdade promove o crescimento de bactérias benéficas.

Este estudo sublinha o efeito imediato que uma dieta rica em prebióticos pode ter na saúde intestinal, não se limitando apenas àqueles em risco de inflamação relacionada ao câncer. No entanto, indivíduos com problemas intestinais prévios devem buscar orientação médica antes de fazer mudanças significativas na dieta.

Pesquisas futuras explorarão uma variedade de prebióticos e seu papel na melhoria do microbioma de pacientes submetidos à imunoterapia. Este avanço representa um passo significativo na compreensão da relação entre dieta, saúde intestinal e recuperação de doenças graves como o câncer.

Além disso, o estudo reforça a importância de reconsiderar os alimentos comumente evitados por mitos ou mal-entendidos, como o feijão, e destaca a necessidade de uma abordagem mais holística e informada em relação à nutrição e ao bem-estar. A mudança para uma dieta rica em prebióticos pode ter efeitos surpreendentes na promoção de um equilíbrio saudável do microbioma, oferecendo benefícios não apenas para sobreviventes de câncer, mas para a população em geral.

Este exemplo do feijão branco ilustra como escolhas alimentares simples, mas informadas, podem ter um impacto significativo na saúde e no bem-estar. Demonstra também a interconexão entre diferentes aspectos da saúde, como a relação entre dieta, saúde intestinal e recuperação de doenças. A pesquisa reforça a necessidade de uma compreensão mais profunda e de uma abordagem mais integrada à nutrição, que considera não apenas os aspectos calóricos ou de sabor dos alimentos, mas também seus efeitos sistêmicos no corpo.

Com a continuidade dessas pesquisas, espera-se que novas descobertas possam oferecer orientações mais claras e específicas para indivíduos em diferentes estágios de saúde e recuperação, ajudando a moldar recomendações dietéticas que são personalizadas e eficazes. Este estudo é um lembrete da complexidade e do poder da nutrição e da necessidade de um diálogo contínuo e pesquisa na busca por soluções alimentares que promovam a saúde e a recuperação. [New Atlas]

Deixe seu comentário!