Objeto que passou pertinho da Terra não é asteroide nem cometa; veja estudo

Por , em 6.11.2018

Um visitante muito incomum passou perto da Terra em outubro de 2017 e foi descoberto 40 dias depois pelo telescópio Pan-STARRS (Havaí). Ele passou a 33 milhões de km da Terra (85 vezes a distância entre a Terra e a Lua), e foi o primeiro visitante interestelar já registrado.

Seu tamanho estimado é de 230m – 1.000m x 35m – 167m x 35m – 167m, e tem uma cor avermelhada.

Inicialmente foi chamado de cometa, um corpo de gelo que vem de regiões distantes do sistema planetário. Mas depois, astrônomos concluíram que ele na verdade era um asteroide, uma rocha que viaja pelo espaço. Agora, uma nova análise encontrou problemas em sua classificação, sugerindo que ‘Oumuamua não é um cometa nem um asteroide. Na verdade, ele parece ser único.

Ele foi batizado de ‘Oumuamua, ou “primeiro mensageiro distante” em havaiano.

Nem cometa nem asteroide

Movimentação do corpo espacial


Seu corpo é formado por gelo como um cometa, mas há algumas diferenças. Quando ele passou perto do Sol, ele não apenas não foi afetado pela gravidade da estrela, como parecia estar sendo empurrado para longe dela. Esta aceleração teria acontecido pela liberação de gás que estaria preso dentro dele.

Esta liberação de gás deveria formar uma cauda atrás do cometa, mas ‘Oumuamua não tem uma cauda.

A rotação dele (imagem acima) também é peculiar. Muitos asteroides tendem a girar ao redor do seu próprio eixo, como uma bola de futebol americano. Mas ‘Oumuamua dá cambalhotas. Roman Rafikov, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), diz que as mesmas forças que parecem ter acelerado ‘Oumuamua também deveriam influenciar o seu giro. Na verdade, a aceleração dele deveria torcer tanto este objeto que ele se quebraria em vários pedaços menores. Rafikov diz que se ‘Oumuamua fosse um cometa, ele não teria sobrevivido à viagem.

Portanto, ele não parece se comportar nem como asteroide e nem como cometa.

Rastros da morte de uma estrela


“Se é um asteroide, então é muito anormal, com cenários exóticos de formação”, diz Rafikov. Um desses possíveis cenários seria durante a morte de uma estrela comum, em que ela se transforma em anão branco. No processo, um planeta poderia ser destroçado e um pedaço dele seria lançado através da galáxia. ‘Oumuamua poderia ser um desses pedaços. “Basicamente, é um mensageiro de uma estrela morta”, diz o pesquisador.

Para tentar resolver este mistério, pesquisadores tentaram identificar de qual sistema o ‘Oumuamua veio. É possível que ele tenha vindo de um sistema estelar binário, ou um sistema com um planeta gigantesco.

Mas nenhum sistema estelar estudado parece ter originado este viajante tão singular. Sua trajetória não passou perto de nenhum dos sistemas candidatos. “É improvável que sejamos capazes de ligá-lo a um sistema individual de origem”, diz Alan Jackson, um astrônomo da Universidade de Toronto.

Visita não esperada

Muitos pesquisadores lamentam o curto tempo de preparação que tiveram antes da passagem do corpo. “Só tivemos algumas semanas, praticamente sem planejamento, para fazer as observações”, diz Matthew Knight, um astrônomo da Universidade de Maryland (EUA). Além disso, o observatório Arecido de Porto Rico ficou interditado justamente quando o ‘Oumuamua passou perto da Terra, por conta da passagem do furacão Maria em outubro de 2017. Este observatório poderia ter coletado mais dados que poderiam ajudar os pesquisadores. Mas a boa notícia é que todos os pesquisadores que estudaram a passagem do ‘Oumuamua estão trocando as informações coletadas para que a comunidade científica toda consiga entender este fenômeno.

Outros objetos interestelares

Apesar de ‘Oumuamua ter sido o primeiro visitante de fora do sistema solar, astrônomos acreditam que muitos outros desses objetos passam perto de nós despercebidos. Com a inauguração do Large Synoptiv Survey Telescope (Chile) em 2021, é provável que outros objetos do tipo sejam observados – possivelmente até um por ano. [QuantaMagazine]

10 teorias que resolvem problemas básicos de viagens interestelares

Deixe seu comentário!