Quem foram os primeiros terroristas?

Por , em 29.07.2016

Como um ciclo que se repete quase mil anos mais tarde, os terroristas modernos têm raízes históricas em uma seita notória de assassinos medievais da Síria e da Pérsia (atual Irã). Na verdade, a palavra “assassino” vem de “Hashishin”, o termo árabe para os seguidores mais fanáticos deste grupo, o que significava “usuários de haxixe” ou “viciados em haxixe”. Esses jovens, sob efeito da droga, espalhavam o terror nos corações do público por matar alvos importantes para promover os objetivos políticos dos mestres da seita.

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A seita era composta por Ismaelitas Nizari, um grupo que se separou do Ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no final do século 11 (cerca de 1080). Os “assassinos” foram fundados por Hassan-i Sabbah, um missionário radical, que, juntamente com outros líderes da seita, passou a ser apelidado de “O Velho da Montanha”. Ao longo de várias centenas de anos, o “Hashishin” tornou-se conhecido em todo o Oriente Médio por matar dois califas, muitos vizires, sultões e líderes das Cruzadas.

Claro, nem todos os Ismaelitas Nizari eram assassinos. Estes eram uma parte de seus seguidores, conhecidos como os fida’i ou fedayeen, que significa “aqueles que se sacrificam” – talvez a primeira inspiração para os terroristas suicidas modernos. A lenda popular era que esses jovens bem treinados eram enchidos de drogas como haxixe, viam um “paraíso” prometido cheio de virgens e eram enviados em uma missão suicida que lhes permitiria voltar a este jardim para sempre.

A fama dos assassinos era tal que se espalhou para a Europa por causa de Marco Polo, o célebre explorador que escreveu sobre eles, embelezando suas obras e aumentando a sua notoriedade. Na verdade, as histórias do “jardim secreto” e das drogas são frequentemente atribuídas ao talento literário de Marco Polo e, como tal, debatidas por sua precisão histórica ou não.

Suicídios políticos

Na falta de um exército, os líderes dos assassinos perceberam que precisavam de guerreiros fanáticos bem treinados para promover seus objetivos políticos e religiosos. Em particular, eles inicialmente lutaram contra o Império Seljuk, um império muçulmano turco-persa sunita que possuía um grande pedaço de território sob seu controle e lutava ativamente contra os ismaelitas, os quais consideravam hereges.

Hasan-i Sabbah e outros líderes assassinos viram que uma guerra assimétrica funcionava, na medida em que promovia a mudança dos líderes opositores e semeava terror por toda a população. Seus alvos eram frequentemente mortos em plena luz do dia e em espaços públicos, para maximizar a exposição do ato ao público.

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Um assassino, possivelmente drogado, aparecia de repente em um mercado e apunhalava uma pessoa bem conhecida no coração, com um punhal com ponta de veneno, um ato que certamente era digno de ser incluído em conversas temerosas. Os assassinos viam a eliminação de líderes como uma forma de discurso político, uma tática bastante diferente dos terroristas modernos, que enxergam ataques diretos contra a população como o princípio operacional principal.

Líder lendário

Hasan-i Sabbah, fundador da seita, era um homem notável, versado na arte, metafísica, filosofia, matemática, astronomia e outras ciências da época. Ele conduzia as operações da seita de Alamut (que significa “Ninho da Águia”), uma fortaleza nas inexpugnáveis montanhas persas, cerca de 100 km de distância de onde hoje fica Teerã, no Irã. O castelo resistiu a diversos ataques, até ser finalmente tomado pelos mongóis em 1256.

Muitas lendas são contadas sobre Hasan-i Sabbah e é difícil separar os fatos da ficção. Uma versão de sua história fala de ensinamentos religiosos esotéricos que ele transmitia a seus seguidores mais avançados. Ele recebe o crédito por ter dito: “Nada é verdade. Tudo é permitido”. – uma declaração que o tornou querido para gerações de místicos. Outra lenda conta que o Velho da Montanha teria demonstrado a lealdade de seus seguidores para um líder cruzado visitante ordenando que eles se matassem.

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Outro líder assassino famoso foi Rashid ad-Din Sinan, um iraquiano que liderou o grupo durante o tempo do famoso sultão Saladino, que governou o Egito e a Síria entre 1174 a 1193. Saladino escapou dos assassinos em várias ocasiões. Menos sorte teve o Rei Cruzado de Jerusalém Conrad de Montserrat, que foi assassinado em 1191, talvez vítima de um conluio entre os primeiros terroristas da história e outros cruzados, que teriam contratado o Velho da Montanha para eliminar um inimigo comum. Na modernidade, os assassinos são uma inspiração para o popular jogo (e, em breve franquia cinematográfica) “Assassins Creed”. [Big Think]

2 comentários

  • Trunfim:

    De acordo com o enfoque dado: Todos os religiosos usaram o ‘terrorismo’ para levar temor e impor suas vontades.

  • Amanda Cunha:

    A história, sempre intrigante, para ser contada em qualquer site precisa de mis investigação. Muito de Dan Brown presente.

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