É oficial: Cientistas confirmam o que há dentro da Lua

Por , em 5.10.2023

O veredito é claro: a Lua não é feita de queijo verde, como comprovado por um estudo abrangente publicado em maio.

Essa pesquisa, liderada pelo astrônomo Arthur Briaud do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, estabeleceu que o núcleo interno da Lua é, de fato, uma esfera sólida com uma densidade comparável à do ferro. Essa descoberta visa resolver um longo debate sobre se o núcleo lunar é sólido ou líquido, potencialmente levando a uma compreensão mais precisa da história da Lua e, consequentemente, da história de todo o Sistema Solar.

Para explorar a composição interna de corpos celestes no Sistema Solar, os cientistas dependem principalmente de dados sísmicos. A análise de como as ondas acústicas geradas por eventos sísmicos se propagam e interagem com os materiais dentro de um planeta ou lua permite a criação de mapas internos detalhados.

Embora existam dados sísmicos lunares das missões Apollo, sua resolução não é suficiente para determinar definitivamente o estado do núcleo interno da Lua. Embora se saiba que existe um núcleo externo líquido, a natureza exata de sua composição continua sendo um tema de debate. Ambos os modelos, envolvendo um núcleo interno sólido e um núcleo totalmente líquido, são compatíveis com os dados disponíveis das missões Apollo.

Para resolver essa ambiguidade, Briaud e sua equipe reuniram dados de missões espaciais e experimentos de medição a laser na Lua para construir um perfil abrangente de várias propriedades lunares. Isso incluiu o grau de deformação causado pela interação gravitacional da Lua com a Terra, variações em sua distância da Terra e sua densidade geral.

Posteriormente, a equipe realizou modelagens usando diferentes configurações de núcleo para identificar aquela que mais se aproximava dos dados observacionais.

Suas pesquisas produziram resultados significativos. Em primeiro lugar, os modelos que se alinhavam de perto com o conhecimento existente sobre a Lua sugeriam uma reviravolta interna contínua no manto lunar. Esse fenômeno envolve materiais mais densos no interior da Lua descendo em direção ao centro, enquanto materiais menos densos sobem. Essa atividade tem sido proposta como uma explicação para a presença de elementos específicos em regiões vulcânicas da Lua. Este estudo adiciona mais suporte a essa hipótese.

Além disso, a equipe determinou que o núcleo lunar se assemelha ao da Terra, consistindo em uma camada externa líquida e um núcleo interno sólido. De acordo com suas modelagens, o núcleo externo tem um raio de aproximadamente 362 quilômetros, enquanto o raio do núcleo interno é cerca de 258 quilômetros, constituindo aproximadamente 15% do raio total da Lua.

De forma notável, o núcleo interno possui uma densidade de cerca de 7.822 quilogramas por metro cúbico, espelhando de perto a densidade do ferro.

Curiosamente, em 2011, uma equipe liderada pela cientista planetária da NASA Marshall, Renee Weber, chegou a uma conclusão semelhante usando técnicas sísmicas avançadas nos dados das missões Apollo para investigar o núcleo lunar. Eles identificaram evidências de um núcleo interno sólido com um raio de aproximadamente 240 quilômetros e uma densidade de aproximadamente 8.000 quilogramas por metro cúbico.

As descobertas apresentadas por Briaud e sua equipe validam esses resultados anteriores, estabelecendo um caso convincente para um núcleo lunar semelhante ao da Terra. Essa descoberta carrega implicações significativas para entender a evolução da Lua.

Sabe-se que logo após sua formação, a Lua possuía um campo magnético robusto, que começou a declinar cerca de 3,2 bilhões de anos atrás. Esse campo magnético é gerado pelo movimento e convecção no núcleo, tornando a composição do núcleo lunar de extrema importância para desvendar as razões por trás do declínio do campo magnético.

Dado o desejo da humanidade de retornar à Lua em um futuro próximo, a verificação sísmica dessas descobertas pode não estar muito distante. À medida que continuamos a explorar os segredos da Lua, essas pesquisas nos aproximam de uma compreensão mais profunda de nosso vizinho celestial e do Sistema Solar como um todo. [Science Alert]

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