Sinais de vida emanando da lua de Saturno poderiam ser coletados com espaçonaves, dizem cientistas

Por , em 11.12.2023
Esta renderização artística mostra plumas de gelo sendo ejetadas de Encélado em velocidades elevadas. (Crédito da imagem: NASA)

A espaçonave Cassini, da NASA, fez uma descoberta fascinante ao analisar a lua Encélado, que orbita Saturno. Ela registrou jatos de gelo emergindo da superfície lunar a velocidades próximas a 1.448 quilômetros por hora. Esses fenômenos sugeriram a existência de um oceano subterrâneo, oculto sob a crosta de Encélado, despertando a curiosidade dos cientistas sobre a possibilidade de haver compostos orgânicos, elementos essenciais para a vida, na água desse oceano.

Entretanto, para que os pesquisadores possam examinar esses materiais orgânicos, é preciso desenvolver uma técnica que permita coletá-los sem destruí-los. Notícias recentes nesse campo são encorajadoras: estudos laboratoriais indicam que aminoácidos presentes nos jatos de gelo poderiam resistir intactos ao contato com equipamentos de sondas espaciais.

Essas conclusões vêm de experimentos realizados em laboratórios que recriam condições espaciais. Os cientistas utilizaram uma agulha de alta voltagem para criar partículas de gelo a partir de água. Essas partículas, ao serem expostas ao vácuo, transformaram-se em grãos de gelo. Posteriormente, esses grãos foram acelerados através de um espectrômetro para serem fotografados e para que o tempo de impacto fosse medido.

Os resultados desses testes revelaram que os aminoácidos nos grãos de gelo podem suportar impactos a velocidades de até 15.128 quilômetros por hora, significativamente superiores àquelas que uma sonda espacial encontraria.

O objetivo principal dos cientistas é coletar grãos de gelo de Encélado sem alterá-los, possibilitando uma análise precisa dos compostos contidos neles. Robert Continetti, químico da Universidade da Califórnia em San Diego e parte da equipe de pesquisa, afirmou: “Nosso trabalho mostra que isso é possível com os jatos de gelo de Encélado”.

Além disso, as implicações desse estudo vão além de Encélado. Ele sugere que, se aminoácidos semelhantes estiverem presentes em outras luas com água, como a Europa de Júpiter, missões futuras, como a Europa Clipper, poderiam identificá-los nos grãos de gelo.

Esse estudo foi publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” em 4 de dezembro.

Ampliando o contexto, essa descoberta da Cassini representa um marco na exploração espacial e na busca por vida extraterrestre. Encélado, antes considerado apenas mais um satélite natural entre tantos no nosso sistema solar, agora se destaca como um candidato promissor para abrigar formas de vida. Essa possibilidade se deve à presença de água líquida, elemento fundamental para a vida como conhecemos na Terra.

A busca por vida extraterrestre tem sido um dos objetivos mais empolgantes da exploração espacial. Com a descoberta de água em Encélado, e agora a possibilidade de coletar amostras de gelo sem destruir compostos orgânicos, abre-se um novo capítulo nessa busca. Cientistas de todo o mundo estão atentos a esses desenvolvimentos, pois eles podem responder a algumas das questões mais profundas sobre nossa existência e a presença de vida fora da Terra.

O sucesso dessas missões e experimentos não apenas amplia nosso conhecimento sobre o universo, mas também reforça a importância da ciência e da pesquisa espacial. Cada descoberta nos leva um passo adiante na compreensão do cosmos e na busca por respostas sobre a origem da vida e a existência de outros seres vivos além do nosso planeta.

Essas investigações, portanto, não são apenas questões científicas, mas também filosóficas e existenciais, desafiando nossa compreensão sobre o lugar da humanidade no universo. Elas nos lembram de que ainda há muito a ser descoberto e que os mistérios do espaço continuam a fascinar e inspirar gerações de cientistas, exploradores e sonhadores. [Live Science]

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