Teoria da Complexidade – o que é isso?
Artigo de Mustafá Ali Kanso
Teoria da Complexidade – o conceito
Como já vimos em outros artigos a expressão Teoria da Complexidade, ou Pensamento da Complexidade compreende um amplo corpo de conhecimentos cujo foco essencial é o estudo dos sistemas dinâmicos não-lineares cujo comportamento imprevisível perpassa disciplinas tradicionais e contraria o mecanicismo clássico.
Fundamenta-se numa visão interdisciplinar que pode ser aplicada ao comportamento emergente de muitos sistemas, tais como sistemas complexos adaptativos, ou no estudo dos sistemas em rede e sua complexidade, da teoria do caos, estudo dos fractais, do comportamento dos sistemas distanciados do equilíbrio termodinâmico e das suas faculdades de auto-organização.
Envolve aplicações tão variadas e tão distintas umas das outras como, por exemplo os modelos matemáticos de Estudo do Clima em Meteorologia ou o estudo das formações de cristais na Química ou mesmo a Plasticidade Neuronal do cérebro humano em Fisiologia ou mesmo nas novas Teorias de Gestão Empresarial em Administração.
Assim, a complexidade é aplicada nas mais variadas áreas do pensamento humano podendo destacar suas contribuições na linguística, pedagogia, matemática, química, física, meteorologia, estatística, biologia, sociologia, economia, arquitetura, medicina, psicologia, informática ou em ciências da computação ou da informação com consequências não só tecnológicas ou científicas mas também filosóficas.
Ainda, o termo complexidade é questionado na literatura de divulgação – principalmente pelo seu uso equivocado em artigos pseudocientíficos — particularmente em abstrações ao seu conceito medular da não-linearidade.
No entanto, tem ganhado notoriedade quando empregado como sinônimo de Epistemologia da Complexidade, por intermédio dos trabalhos de Edgar Morin, Isabelle Stengers e Ilya Prigogine além da própria Teoria de Complexidade Computacional.
Epistemologia
Na epistemologia apresenta características que atuam como contraponto ao classicismo científico por oferecer contracorrente ao reducionismo, fragmentação e compartimentalização do conhecimento.
Pelo pensamento reducionista: o todo é a soma de suas partes. Por exemplo: uma equipe é o somatório das pessoas que a compõe.
Pelo pensamento complexo, podemos encontrar a sinergia: a soma das partes ultrapassa o todo. Por exemplo: um time (propriamente dito) é muito mais que o somatório das pessoas que o compõe. Caso contrário não é time.
Numa abordagem fragmentada e compartimentalizada uma árvore é simplesmente biologia feita de raiz, caule, folha, flor e fruto. Ponto.
Numa abordagem sistêmica uma árvore é também atmosfera e hidrosfera pois sem ambos a árvore não existiria. É luz do sol. É também nitro bactéria que fixa o nitrogênio no solo. É inseto que a poliniza, etc. Além de biologia, a árvore é química, física, matemática, geografia, etc.
Democracia Cognitiva
Assim, o pensamento complexo visa associar as diversas áreas do conhecimento, sem no entanto fundi-las, distinguindo-as sem separar as diversas disciplinas e formas de ciência, assim como as diversas formas de conhecimento e inclusive outras instâncias da realidade, como Estado, Mercado e Sociedade Civil, não se limitando ao âmbito acadêmico, irradiando-se, portanto para os diversos setores da realidade.
Em nosso exemplo anterior a árvore também não existiria se o estado não controlasse o desenvolvimento da sociedade com vistas ao mercado sustentável. O modelo predatório levaria a árvore a extinção e essa notícia não poderia ficar confinada no mundo acadêmico.
Desta forma, a Teoria da Complexidade aprofunda os questionamentos ante todas as formas de pensamento unilateral, dogmático, quantitativo ou instrumental. Incorpora a incerteza como parte de seu paradigma, como um desvelar de horizontes, e não como um princípio que imobiliza o pensamento, daí a aplicação e a valorização do pensamento estimativo e estatístico.
Fronteiras do Ciência e do Ser humano
Indo da Filosofia, pela discussão do método, perpassa pela Psicologia e Sociologia e tangencia a Política propondo uma forma de pensar aberta, incerta, criativa, prudente e responsável que se reveste de desafio à própria democracia.
Daí a proposta de uma democracia cognitiva, que propõe o diálogo entre as diversas formas de conhecimento e concebe o universo como um todo indissociável, propondo uma abordagem multidisciplinar e multirreferenciada para a construção do conhecimento. Contrapondo-se à causalidade linear por abordar os fenômenos como totalidade orgânica.
De acordo com Edgar Morin:
“Numa primeira análise, a complexidade é um tecido de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Na segunda abordagem, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal”.
Portanto sua principal proposta é a abordagem transdisciplinar dos fenômenos, e a mudança de paradigma, abandonando o reducionismo que tem pautado a investigação científica em todos os campos, e dando lugar à criatividade e ao caos.
Na teoria do caos temos o célebre “efeito borboleta” que versa sobre à sensibilidade da evolução de um sistema não-linear às condições iniciais do processo:
Uma pequena mudança nas condições iniciais de um sistema não-linear, pode provocar sensíveis alterações à medida que este sistema evolui”.
Encontramos tal efeito no estudo da evolução do clima e também no estudo administrativo do controle fabril em uma linha de montagem.
Numa extrapolação filosófica talvez falte para a nossa sociedade essa pequena mudança inicial que faça nos anos vindouros a grande diferença. Vamos tentar descobrir qual?
Temos que a teoria da complexidade oferece um dos principais marcos para que estabeleçamos o limite de nossa ciência e quem sabe venha estabelecer também os primeiros pilares de algo muito melhor que um dia venha substituí-la.
Artigo de Mustafá Ali Kanso
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LEIA A SINOPSE DO LIVRO A COR DA TEMPESTADE DE Mustafá Ali Kanso
[O LIVRO ENCONTRA-SE À VENDA NAS LIVRARIAS CURITIBA E SPACE CASTLE BOOKSTORE].
Ciência, ficção científica, valores morais, história e uma dose generosa de romantismo – eis a receita de sucesso de A Cor da Tempestade.
Trata-se de uma coletânea de contos do escritor e professor paranaense Mustafá Ali Kanso (premiado em 2004 com o primeiro lugar pelo conto “Propriedade Intelectual” e o sexto lugar pelo conto “A Teoria” (Singularis Verita) no II Concurso Nacional de Contos promovido pela revista Scarium).
Publicado em 2011 pela Editora Multifoco, A Cor da Tempestade já está em sua 2ª edição – tendo sido a obra mais vendida no MEGACON 2014 (encontro da comunidade nerd, geek, otaku, de ficção científica, fantasia e terror fantástico) ocorrido em 5 de julho, na cidade de Curitiba.
Entre os contos publicados nessa coletânea destacam-se: “Herdeiro dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” que juntamente com obras de Clarice Lispector foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”
Prefaciada pelo renomado escritor e cineasta brasileiro André Carneiro, esta obra não é apenas fruto da imaginação fértil do autor, trata-se também de uma mostra do ser humano em suas várias faces; uma viagem que permeia dois mundos surreais e desconhecidos – aquele que há dentro e o que há fora de nós.
Em sua obra, Mustafá Ali Kanso contempla o leitor com uma literatura de linguagem simples e acessível a todos os públicos.
É possível sentir-se como um espectador numa sala reservada, testemunha ocular de algo maravilhoso e até mesmo uma personagem parte do enredo.
A ficção mistura-se com a realidade rotineira de modo que o improvável parece perfeitamente possível.
Ao leitor um conselho: ao abrir as páginas deste livro, esteja atento a todo e qualquer detalhe; você irá se surpreender ao descobrir o significado da cor da tempestade.
[Sinopse escrita por Núrya Ramos em seu blogue Oráculo de Cassandra]
2 comentários
Excelente: claro, objetivo e esclarecedor.
Artigo muito esclarecedor sobre o Pensamento Complexo. Parabéns ao professor.