Veja o que aconteceria se os antibióticos parassem se funcionar

Por , em 7.06.2016

Até o início da era dourada dos antibióticos, nas décadas de 1940 a 1960, a maior causa de morte humana era infecção. Com esse problema colocado de lado, as maiores causas passaram a ser câncer e problemas cardiovasculares.

Atualmente podemos tratar um grande número de infecções, já que apenas algumas são resistentes à linha de antibióticos mais recente, a colistina. Mas médicos têm observado que a resistência ao antibiótico tem crescido na China e Estados Unidos.

Enquanto enormes prêmios aguardam quem avançar no desenvolvimento de novos antibióticos, novas descobertas são raras ou simplesmente não existentes. Enquanto isso, o uso indiscriminado do medicamento faz com que as bactérias fiquem cada vez mais resistentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, metade das prescrições de antibióticos são feitas de forma inadequada. E não são apenas os médicos e pacientes os envolvidos nesse problema. A indústria agropecuária também é acusada de abusar do uso de antibióticos nos animais.

Enquanto alguns acreditam que nano-robôs ou outras formas de tecnologia vão assumir o papel dos antibióticos no futuro, o professor de saúde humana e ambiental da Universidade de Lancaster (Reino Unido), Roger Pickup, faz um exercício para prever como seria um mundo sem antibióticos.

Era pós-antibióticos

“Ainda não estamos na era pós-antibióticos, mas como seria o mundo se nenhum antibiótico estivesse disponível?”, questiona ele em artigo publicado no The Conversation.

Para ele, seria muito semelhante ao que acontecia antes do desenvolvimento do medicamento, mas com alguns fatores complicadores. “Há mais de nós e vivemos mais perto uns dos outros conforme cidades crescem e pessoas se mudam do campo para a cidade”, diz ele. É verdade que temos mais noção de higiene do que há 100 anos, mas, ironicamente, a limpeza excessiva também pode ser responsável por nos tornar mais vulneráveis a doenças.

“Novas doenças (e antigas que retornaram) como a Doença dos Legionários, Doença de Lyme e Síndrome de Weil vão inevitavelmente se tornar resistentes aos antibióticos com o tempo”, afirma ele.

Doenças que hoje são controláveis, como tuberculose e pneumonia, podem voltar a matar grandes grupos de pessoas.

Transplantes de órgãos vão se tornar impossíveis, já que esses pacientes têm que usar drogas imunossupressoras para que o corpo não ataque o novo órgão. O problema desse tipo de medicamento é que o paciente também não consegue lutar contra infecções que seriam inofensivas para outras pessoas. São os antibióticos que as ajudam nesses casos.

Até cirurgias simples como a remoção do apêndice podem se tornar perigosas sem antibióticos.

Distopia pós-antibiótico

Então como a sociedade mudaria na era pós-antibiótico?

Voltaremos a ter mais filhos porque muitos nem vão chegar à idade adulta? Vamos parar de trocar abraços ou apertos de mão? Ainda viajaremos de avião – aquele tubo de ar reciclado? Vamos ter que usar máscaras o tempo todo? Haverá segregação entre os mais fortes e os mais frágeis? Ou simplesmente vamos achar uma saída para este problema? [IFLScience, The Conversation]

2 comentários

  • Leonardo Carvalho:

    Tiraria as pessoas fracas de circulação, dando espaço a continuidade evolucionária do ser humano sem a necessidade de tecnologias.

    • Cesar Grossmann:

      Isto é darwinismo social, e não tem nenhuma base científica. Quem decide quem é fraco? Um corte na pele e você é infectado por bactérias, e não importa se você é forte ou fraco, você morre.

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