Birra infantil é doença mental?

Por , em 7.03.2013

De acordo com um estudo recente publicado na BBC News health, a nova edição do manual psiquiátrico americano (DSM-V), vai aumentar o número de pessoas na população geral diagnosticada com uma doença mental (ou transtorno, como é de preferência). Uma birra infantil, por exemplo, poderá passar a ser considerada sintoma do chamado “Transtorno de humor desregulado e perturbador”. Imagine se todas as crianças que fizerem birra forem levadas pelos pais aos psiquiatras? Serão medicadas desde a infância com reguladores serotoninérgicos, por exemplo, para se evitar uma possível piora do quadro? Sim, por que, uma criança faz birra geralmente desde os dois anos de idade… Complicado não? Indicar medicamentos de venda controlada (“tarja preta”) para crianças por fazerem birra?

E o luto passa a ser considerado sintoma do chamado “Transtorno Depressivo Maior”.

Pois então, assim que a edição do DSM-V for publicada (prevista para 05/2013), quem sofrer a perda de um ente querido não ficará somente de luto. Mas poderá ser portador de transtorno depressivo maior.

Pensemos agora na quantidade de medicamentos que poderão ser utilizados sem necessidade? Para não generalizar, talvez realmente aquela pessoa que não suportar sua tristeza, no caso do luto, necessite de um antidepressivo “momentaneamente” para alívio do peso que fica no coração. Mas são casos específicos. Geralmente, quem se julga na necessidade de um tratamento, o procura juntamente ao médico especialista.

Não é justo acharem que o luto e a birra devam ser tratados como sintomas de transtornos mentais sem antes realizarem estudos que confirmem a necessidade de tratamento medicamentoso e inclusão no DSM destes tipos de reações humanas em certas ocasiões. Vícios como o de internet e o de sexo, concordo que devam ser analisados como transtornos, visto que tornam a vida do paciente desconfortável e desequilibrada. Mas o luto faz parte da seleção natural da vida e a birra parte do desenvolvimento infantil… Agora seremos obrigados a ver problemas educacionais e de dores emocionais como sintomas de transtornos mentais?

O DSM-V ainda não foi publicado. Portanto, este artigo vem tratar da hipótese de algo do tipo descrito acima acontecer, ainda não temos fatos consumados.

Mas, caso continuemos assim, vai chegar um dia em que ouvir um “não” em determinada situação vai ser motivo para tratamento psiquiátrico decorrente da incapacidade da pessoa de reagir com a própria vitalidade aos problemas. [Foto de Greg Westfall]

[box type=”shadow”]Quer fazer mestrado? Sabe como deve fazer para entrar em contato com um orientador? Aposto que está tão inseguro quanto um parque de diversão sem alvará de licença. Com a melhor das intenções, deixo à disposição de todos os interessados um material que os orientará basicamente em relação a esta necessidade.[/box]

32 comentários

  • Fernanda Marinho:

    Entendo a opinião de todos, e agradeço pelos comentários, àqueles que criticam a maneira como o texto é escrito, peço que visitem em meu site a coluna: A difícil missão de opinar. (www.farmaceuticodiferente.com).

    • Arthur Araujo:

      Fernanda, conhece um rapaz chamado Wim Hof? Ele é capaz de controlar o sistema imunológica, e há comprovação científica.

    • Campoi:

      Não da trela pra eles.
      Comentaristas de site de ciências são um bando de gente chata.
      :p

  • Geleiras:

    Isso me lembra as internações de mulheres feministas, ou quando eles consideravam diferenças culturais como patologias(tendo por base o normal o ocidental europeu).
    Vamos voltar a esse período negro da medicina?

  • Marcos Fêo:

    Acho estúpido aqueles que vieram falar que o artigo é baseado em achismo. Não há nada mais especulativo que a Psiquiatria. Para quem ainda não sabe, o diagnóstico é clínico, sem qualquer exame biológico ou físico que comprove ser “portador” de um determinado distúrbio. Não há rigor científico em psiquiatria. A psiquiatria se tornou uma área médica para conseguir manter o “status” de ciência. Mas esta é pseudociência pura.

    A situação é grave. Todo mundo tem um transtorno e um diagnóstico preparado! O DSM é um MITO, uma farsa.

  • Iriam Gomes Starling:

    Onde estão os legiladores desse país? E os médicos, o judiciário, os órgãos reguladores? Será que todos estão sendo comprados pela indústria farmacêutica? Já pensaram se a moda pega por aqui também? Esse mundo é o mesmo onde nasci. No meu mundo o luto era curado com lágrimas, a tristeza com o ombro amigo e a birra com palmadas no bumbum.

    • Geleiras:

      a moda está começando, pesquisa sobre ritalina nas escolas…

  • Campoi:

    Brilhante estratégia comercial, mais um nicho de mercado a ser preenchido!

  • João Franco:

    Mas quem disse que essa crianças serão drogadas com remédios? Psiquiatria não é apenas remédios ‘-‘

  • Clauton Leal:

    Bem cada caso é um caso e precisa ser avaliado com cuidado. Existem crianças que passam “demais” da linha, acho que quando foge do controle dos pais na maioria das vezes a criança e os pais precisam de terapia, quanto mais cedo melhor. Não custa nada e todos ganharam desenvolvendo o tão chamado “inteligência emocional”. Mas isso serve de alerta para outros “transtornos” que pode ser identificado ainda na infância.

  • Arthur Araujo:

    Você está escrevendo uma notícia ou uma coluna? Você “Não é justo”????? Cadê os argumentos científicos? Ou vamos ficar discutindo sobre achismo?

    • Fernanda Marinho:

      Olá Arthur, estou escrevendo e opinando, da mesma forma, que todos os leitores tem o mesmo direito de deixarem seus pontos de vista.

      Grata.

    • Ravno:

      Concordo. Esse artigo ficou mais com cara de estar localizado na área de “comentários” do que como artigo…
      Eu achava que esse era um site de “artigos” e não um blog de “opiniões”…não que vez ou outra isso não aconteça discretamente durante o texto, mas esse ficou parecendo desabafo de blog pessoal, esse é o direcionamento desse site? É uma pergunta válida…
      Além do que, o “direito dos leitores de deixarem seus pontos de vista” é por isso que eles ficam na área de comentários e não na publicação de um artigo =)
      Aproveitando a oportunidade, gostaria de citar que enquanto alguns autores do site tem uma linguagem mais séria, direta e objetiva, outros tendem ao coloquial e a utilização de gírias, deixando cair um pouco o nível do texto, não estou me referindo a você, mas é uma coisa que em alguns textos me causa estranheza, pois destoa do assunto.
      Bem, de qualquer forma, obrigado pelas informações do texto.
      O site traz muitas novidades.
      Abraço.

    • Fernanda Marinho:

      Escrevo assim, há quem goste e quem não goste. Não dá para agradar 100%.Por isso existem outros artigos, escritos de outro jeito, com outras linguagens. Pessoas diferentes, que escrevem de maneiras diferentes, justamente para “agradar” cérebros diferentes.

      Para você um comentário mais formal: Cada personalidade abrange determinado tipo de preferência por padrões de texto. Uns sentem-se seguros lendo dados, outros sentem-se livres lendo dados e pontos de vista. Já outros anseiam por opiniões. Cada um com a sua autenticidade.

      Grata pelo comentário, um abraço.

    • Arthur Araujo:

      Apenas pra complementar, um pequeno texto explicando a diferença entre editorial, artigo, coluna e comentário: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100923135732AAo901q

    • Ravno:

      Exatamente como o texto passado pelo Arthur.

      Não disse em momento algum que seu texto é ruim, gostei da informações, a questão é que discordo de você quando você diz que é questão de “preferência”, se está sendo escrito um artigo não é questão de “agradar” a esse ou aquele público, é o fato de você estar falando sobre um assunto, de modo formal e informativo, pelo menos isso é o que esse site passa. E não de forma coloquial e repassando a sua opinião sobre o assunto ou as suas emoções.
      Nada impede, só não parece adequado ao perfil do site, talvez para outro, pois como dito, a sua forma de escrita está mais para uma coluna ou crônica. Novamente friso que não estou dizendo que as informações estejam incorretas, mas só que em certos momentos seu texto parece mais um desabafo seu.

    • Arthur Araujo:

      Exato! Nada impede que ela escreva do jeito que bem entender. Porém, estamos lidando com um site de opinião científica, o artigo pode e deve, na minha opinião, até ser um pouco tendencioso, mas deve deixar que o leitor chegue a tirar suas conclusões, não duvidando da inteligência do próprio leitor. Na minha opinião, a Fernanda precisa dar uma estudada melhor em como escrever e expor informação… http://www.kanitz.com.br/impublicaveis/como_escrever_um_artigo.asp

    • Ravno:

      Ótimo artigo esse do Stephen Kanitz, valeu Arthur.

  • Jonathas Joab:

    Não tenho nada contra a ciência, e nem contra seus colaboradores que trabalham se dedicando cada vez mais, na busca de resposta para seus questionamentos. Mas está me parecendo que há uma minoria desses profissionais da área, querendo se situar na base de “modismo”. Daqui há pouco dirão que a pessoa se exaltar é um transtorno mental. Que chamar uma palavra de baixo calão será considerado transtorno mental. Tudo agora é transtorno mental? Meio ilógico isso. Uma desculpa de não querer se enxergar? Entender os dois lados do íntimo humano “entre a razão e a emoção”? Se querem entender o comportamento das pessoas sobre uma nova base científica, que seja bem elaborada. Porém, dizer que o luto, a birra de uma criança é um transtorno mental, esses profissionais estão querendo chamar a atenção. Totalmente ridículo. Há coisas mais sérias que merecem a atenção desses profissionais, inclusive doenças bastante sérias que necessitam serem erradicadas, entre outras coisas mais interessantes.

  • garretereis:

    Pois eh, nesse nosso mundo é td doença… Bacana como isso tira tanta responsabilidade das costas dos pais!

    • Arthur Araujo:

      Se você tivesse um filho e soubesse que ele sofre de transtorno, acha mesmo que isso tiraria a sua responsabilidade.

    • Ravno:

      Acho que ele quis dizer responsabilidade na criação…pois enquanto muitos pais são preocupados, outros deixam os filhos largados, soltos, nunca dizem não quando devem…permissivos…
      No assunto do texto fala-se sobre “birra”, tem muita birra que acontece por que a criança sabe usar isso contra os pais e dependendo da atitude do adulto ele só está incentivando mais a birra…
      Concordo com a observação, pois embora existam muitas doenças e transtornos por aí que devem receber atenção, como disse a autora, se tudo for banalizado pode ser que qualquer coisa seja motivo de medicação, eximindo a responsabilidade dos pais em educar…

    • Arthur Araujo:

      Se os país não sabem dizer NÃO, então o transtorno não é da criança e sim dos pais! =P

      Discordo da sua observação, pois a relação “remédio-cura” é uma opção, não uma solução. Até porque se remédio curasse chamaríasse cura, e não remédio. Remédios servem, no geral, para “remediar”. O tratamento correto para transtornos mentais (psicológicos) deveriam ser as consultas com psicólogos e psiquiatras. Primeiro o profissional, depois os medicamentos.

      Um outro ponto, que inclusive acho falho no artigo (dentre as outras falhas já citadas), o transtorno se refere à adultos também, não somente as crianças. Acho que foi infeliz da autora colocar uma “criança birrenta” como foto. Se reperar, no artigo original em inglês, há um adulto.

      Eu apoio a padronização do comportamento humano, são os padrões que nos fazem nos entender melhor. Para entender uma sociedade sem padrões (ou pelo menos com o mínimo de reflexão) basta olhar para selva e os animais em bando. Agora, como isso vai ser tratado pelos e médicos… aí já é outra história…

      E, somente pra deixar claro: sou contra o uso de remédios no geral, ainda mais se usado para corrigir desequilíbrios químicos cerebrais.

    • Geleiras:

      Eu apoio a padronização do comportamento humano, são os padrões que nos fazem nos entender melhor. Para entender uma sociedade sem padrões (ou pelo menos com o mínimo de reflexão) basta olhar para selva e os animais em bando. Agora, como isso vai ser tratado pelos e médicos… aí já é outra história…

      Os padrões são arbitrários e variam de sociedade em sociedade.
      Os nossos padrões não são os padroês considerados pelos xokleng, por exemplo.
      Quando se impôe padrões sobre a humanidade estás a inferir um domínio étnico. Quando se impôe padrões numa sociedade, estás a impor um padrão pessoal.

    • Arthur Araujo:

      Geleiras, duvido muito que os xokleng não sintam transtorno de humor desrregulado e perturbador, digo, birra. Eu gosto de estudar psicologia como leigo e te digo: não é porque se detecta um comportamento esquizofrênico, que toda pessoa será esquizofrênica. Se os xokleng não demonstram birra como transtorno, bom para eles. =)

    • Geleiras:

      Eu apoio a padronização do comportamento humano, são os padrões que nos fazem nos entender melhor. Para entender uma sociedade sem padrões (ou pelo menos com o mínimo de reflexão) basta olhar para selva e os animais em bando. Agora, como isso vai ser tratado pelos e médicos… aí já é outra história…

      Foi sobre isso que eu comentei rapaz.

      Os padrões são arbitrários e variam de sociedade em sociedade. O que é considerado normal em um lugar pode ser considerado um comportamento negativo em outro. Procure estudar antropologia também, faz bem. Principalmente sobre entender o ser humano.

  • Thiago Déstritux Carvalho:

    Caminhamos para criar robôs que seguem um tipo de caminho, um tipo de sentimento, por um determinado tempo…
    O que eu mais discordo da psicologia é esta ‘padronização’ dos pensamentos, se você ri em uma situação que o senso diz que você devia chorar, isto é um problema, se você chora de mais, você tem problema… Não tem como quantificar, você vai dizer que uma pessoa que assisti tv o dia inteiro, adquiri um medo de sair na rua… esta pessoa ta errada ou com problema? Com o tanto de riscos que corremos na rua, quem deveria ser considerado “louco” o que sai ou o que não sai? Então como classificar um determinado comportamento como patologia?
    Não apoio a exclusão dessa “ciência”, pois para aqueles que acreditam ter um problema, que por exemplo se sentem mal em não conseguir sair de casa, essas pessoas merecem uma ajuda, para mudar esse comportamento…
    Mas agora qualificar, como distúrbio, doença, patologia.. Isso eu acho extremamente errado, deveria ser reservado meu direito de ser o que eu quero ser… Se não quero sair de casa deveria ser um problema meu e de mais ninguém… Se uma criança faz uma birra é direito dela fazer birra, ela está aprendendo a ganhar as coisas, cabe os pais ensinarem que esta não é a melhor forma apenas isso…

    • Arthur Araujo:

      É o mesmo que dizer: se uma criança é altista, é direito dela ser altista, deixa ela lá… Outro ponto, o artigo não se refere apenas à crianças, e sim adultos também. Classificar um comportamento como transtorno não significa que ela perde o direito de ser como é. Uma pessoa pode ser psicótica, mas ela só irá à tribunal se ela vier a matar alguém.

    • Arthur Araujo:

      * ou agir contra contra alguma lei determinada.

  • Cris Collares:

    Quando eu era criança birra era tratada com palmada e castigo. Nenhum dos meus amigos daquela época foram tão mal educados como as crianças de hoje são. Existia respeito aos pais e as regras da família, coisa que hoje nem se sabe o que é!!

    • Marcos Fêo:

      Mentira. Nunca houve respeito como você diz. Se houvesse, não estaríamos assim hoje. O presente é também reflexo do passado, sabia?

    • Ravno:

      Mas é claro que é reflexo do passado, a questão é existia mais respeito do que hoje, que praticamente inexiste…
      Haver redução gradativa não significa que porque a sua realidade é ruim que algo nunca existiu…
      Então imagine, nos tempos dos nossos avós, havia muito mais respeito, a “liberalidade” foi aumentando e na geração de hoje crescendo a cultura do “proibir é errado pois deve se dar liberdade de aprendizado” como se a criança fosse aprender o certo e o errado por tentativa e erro…isso é o absurdo da sociedade de hoje, onde os professores são obrigados a passar os alunos de ano e quando ele tira uma nota baixa não é porque não estudou e sim porque o professor não soube ensinar…é a total inversão dos valores…não digo que o sistema de ensino não deva evoluir, claro que deve e deve se tornar mais atraente para o aluno… o problema é que hoje se exime o aluno e as crianças de qualquer responsabilidade pelo seus atos…
      Então e agora imagine, se você está reclamando de hoje, imagine o amanhã quando essas crianças se tornarem péssimos adultos…
      Mas não é porque elas tem transtorno e sim porque os pais cederam a birra…….

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