Bisturi inteligente é capaz de farejar tecido canceroso

Por , em 30.07.2013

Cirurgias de câncer são difíceis, em parte porque os médicos sempre tiveram dificuldade em determinar exatamente onde o tecido saudável termina e onde começa o tumor.

Não mais. Uma nova “faca inteligente” pode realmente farejar as células cancerosas durante uma operação e ajudar o médico a identificar os tecidos saudáveis e quais tecidos doentes devem ser retirados.

Na teoria, este novo bisturi é um dispositivo muito simples. O médico Zoltan Takats inventou o chamado sistema iKnife na Faculdade Imperial de Londres, ao utilizar um bisturi normal que usa o calor para fazer o corte no paciente e o equipar com um dispositivo conectado a um computador. Ao perfurar a pele, o bisturi produz uma fumaça que é identificada pelo dispositivo, que envia informações para o computador.

Dessa forma, é possível identificar se as células que estão sendo cortadas são cancerosas ou se são células saudáveis – estudos comprovam que o bisturi possui 97% de precisão. Hoje em dia, a alternativa para muitos médicos é retirar uma amostra do tecido e esperar o laudo médico, que demora em média de 20 a 30 minutos para sair. Durante todo esse tempo, o paciente precisa permanecer anestesiado. Em comparação, o iKnife demora apenas 3 segundos para acusar as células que devem ser retiradas.

“Acreditamos que esta tecnologia, já que não há tempo de espera, pode reduzir significativamente a quantidade de tempo que o paciente passa na sala de cirurgia”, afirma Takats. “Também espero que isso possa diminuir a taxa de recorrência local do tumor, que em casos como o câncer de mama pode chegar a 30%”.

Os médicos se mostram entusiasmados sobre as implicações dessa nova e poderosa ferramenta na sala de cirurgia. “O bisturi fornece um resultado quase que instantaneamente, permitindo que os cirurgiões realizem procedimentos com um nível de precisão impossível antes”, explica Takats. “Acreditamos que a invenção tem o potencial de reduzir as taxas de recorrência do tumor e permitir que mais pacientes sobrevivam”.

Na verdade, a iKnife já é realidade: até o momento, já foi utilizada em 81 cirurgias de câncer em hospitais da Hungria. Assim que os estudos clínicos mais complexos forem finalizados, os inventores esperam mandar os bisturis para centros cirúrgicos do mundo todo. Takats estima que a nova tecnologia estará disponível para uso dentro de dois a três anos.

O vice-diretor médico da Sociedade Americana do Câncer, Len Lichtenfeld, considera a ciência por trás do iKnife “fascinante”. Entretanto, considera que serão necessárias mais pesquisas antes que possa ser considerado um bom investimento para os hospitais.

“A verdadeira questão que todo mundo vai perguntar é se essa inovação pode ser traduzida diretamente para a prática clínica”, diz Lichtenfeld. “A resposta é, possivelmente, mas há um bom trabalho que tem de ser feito antes que isso aconteça. O bisturi ainda teria de demonstrar um claro benefício para o paciente e para o sistema de saúde antes de vermos a iKnife disseminada nos hospitais do mundo inteiro”. [Gizmondo e WebMD]

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