Como criar fortes memórias

Por , em 7.04.2015

Milhares de pequenas coisas acontecem conosco todos os dias. Da maioria delas simplesmente nos esquecemos, porque não precisamos dessa informação – por exemplo, geralmente não lembramos de todos os ingredientes que estavam no almoço que comemos com um amigo na última quarta-feira.

Mas e se, mais tarde, você ficar sabendo que esse mesmo amigo ficou doente depois daquele almoço?

Detalhes da refeição de repente se tornam muito relevantes: qual restaurante foi e o que seu amigo pediu? Você comeu a mesma coisa?
Dada a nova informação – da doença -, os seres humanos têm uma incrível capacidade de fortalecer memórias fracas. Isso aponta para a natureza adaptativa da memória humana. E ela funciona de maneiras inacreditáveis.

Memória e emoção

O cérebro armazena memórias de eventos emocionalmente neutros que mais tarde podem ganhar significado através de experiências subsequentes. Como o cérebro registra todas essas informações? E como é que a emoção fortalece essas memórias mundanas?

O estudo da área se concentra em grande parte em como nós nos lembramos de estímulos ou eventos que despertam emoções. Claro que nos lembramos de uma promoção, ou de um desastre como o ataque de 11 de setembro.

A emoção aumenta a nossa capacidade de lembrar desses eventos por afetar a atividade em regiões do cérebro envolvidas no processamento emocional, particularmente a amígdala e o estriado, e também nas regiões envolvidas na codificação de novas experiências, como o hipocampo. Emoção também aumenta a força da nossa memória ao longo do tempo em um processo chamado de consolidação.

Como estudar a memória?

Pesquisadores da Universidade de Nova York (EUA) mostraram que as pessoas têm melhor memória para informações triviais quando elas são apresentadas em um contexto emocional, independentemente de ser um contexto gratificante ou negativo.

Por exemplo, as pessoas se lembram de imagens neutras se elas são associadas a um choque elétrico no dia anterior, mesmo quando os voluntários não sabiam que, mais tarde, sua memória seria testada.

Os cientistas também mostraram que as pessoas se lembram de imagens neutras se são avisadas de que vão receber um choque se esquecê-las, no dia seguinte. Da mesma forma, ser recompensadas com dinheiro para lembrar certas imagens no dia seguinte é uma forma aumentar a memória que as pessoas têm dessas fotos.

Estas experiências se concentraram em fatores emocionais criados no momento em que a memória original foi desenvolvida. Ficou claro que ter uma emoção ligada ao evento assim que ele ocorre – como descobrir que seus amigos te fizeram uma festa surpresa – torna essa lembrança forte. Mas o que acontece quando algo de relevante sobre um evento é descoberto somente mais tarde?

A nossa memória de pequenos detalhes pode ser aumentada

Em um estudo recente, os mesmos pesquisadores americanos concluíram que uma experiência emocional pode melhorar a memória de informações neutras dadas anteriormente.

Em uma experiência, os voluntários viram uma série de fotos triviais de duas categorias, animais ou ferramentas. Depois de um tempo, eles viram um novo conjunto de imagens de animais e ferramentas, só que, desta vez, receberam um choque elétrico.

Quando as novas imagens foram emparelhadas com choques, a memória dos participantes das antigas imagens da mesma categoria (animais ou ferramentas) foi reforçada – da mesma forma que as pessoas se lembram de repente de detalhes do almoço da última quarta-feira quando são avisados de que o amigo com o qual almoçaram ficou doente.

A memória é usada não só para lembrar o passado, mas para orientar nossas decisões no futuro. E a emoção é chave para nos ajudar a lembrar de informações relevantes para determinar nossas escolhas. Sem a capacidade de fortalecer experiências passadas aparentemente triviais com novas informações importantes, com certeza perderíamos recompensas futuras ou repetiríamos os mesmos erros do passado. [MedicalXpress]

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