Golfinhos fazem uma balsa com seus corpos para salvar uma fêmea de se afogar

Por , em 29.01.2013

AVISO: o vídeo contém os últimos momentos da vida de um golfinho. Não assista se você for sensível a este tipo de evento.

Os golfinhos parecem bastante inteligentes, e alguns comportamentos parecem desafiar as explicações que conhecemos para o comportamento deles.

É sabido, por exemplo, que muitas pessoas em vias de se afogar foram salvas por empurrões destes mamíferos marinhos, e já havia sido documentado o comportamento de mães-golfinho, ajudando filhotes recém nascidos a atingir a superfície.

Tentativa de salvamento?

Em 2008, uma equipe de pesquisadores coreanos estava estudando um grupo de golfinhos de bico comprido quando perceberam 12 animais separados de um grupo maior de centenas de golfinhos.

Ao se aproximar, os cientistas notaram que havia uma fêmea com ferimentos na barriga e com todo jeito de ter as nadadeiras paralisadas, uma condição que representa risco à vida do golfinho. Ela batia a cauda, com o corpo sempre virando de lado, deixando o abdômen à vista.

Tentando impedir o afogamento da fêmea, o grupo de golfinhos se revezava para apoiá-la de baixo, dando empurrõezinhos e corrigindo seu equilíbrio. 30 minutos depois disso, tiveram que apelar a medidas mais desesperadas, e formaram um tipo de balsa unindo seus corpos lado a lado embaixo da fêmea ferida.

Ao mesmo tempo que se revezavam para fazer a balsa, também usavam seus bicos para manter a cabeça do golfinho moribundo acima da água.

Infelizmente, a tentativa de resgate não deu certo; a fêmea acabou morrendo e seu corpo ficou flutuando verticalmente na água. Vários golfinhos continuaram interagindo com o cadáver, esfregando-o, tocando-o, nadando por baixo dele e até mesmo assoprando bolhas nele. Quando o corpo afundou, eles voltaram ao grande grupo.

Compaixão e empatia? Talvez não, talvez sim

Conforme aponta Michael Marshall, do New Scientist, o que os golfinhos fizeram não implica necessariamente que eles são generosos ou têm empatia pela dor do seu semelhante. A bióloga Karen McComb sugere que o simples ato de trabalhar juntos pode ser uma tentativa de unir mais o grupo, ou mesmo apenas mantê-lo unido, com o objetivo de controlar melhor seu território.

Faz sentido, neste ponto de vista, que os animais simplesmente não queriam perder um indivíduo que dá força ao grupo. Porém, ainda não dá para descartar a possibilidade de que os golfinhos tenham empatia verdadeira, e estivessem agindo a partir de um sentimento de compaixão.

Os cetáceos são uma das poucas espécies, junto com os humanos, que possuem neurônios espelho, um atributo cognitivo que dá ao animal a capacidade de formar uma concepção mental de outro indivíduo, um pré-requisito biológico para a compaixão.

Além disso, existem estudos genéticos mostrando que os golfinhos têm um cérebro notavelmente semelhante ao humano nas suas capacidades.

De qualquer forma, são precisas mais pesquisas para provar que os golfinhos são capazes de empatia. Se suas ações são um indicativo, pode ser um erro de nossa parte não chegar a uma conclusão positiva sobre o assunto. [io9, Wiley, BBC Nature, New Scientist]

8 comentários

  • Thales Guill:

    Legal a materia, esta fazendo um bom trabalho Grossmann hehe

  • Matianelus:

    Não há dúvidas de que alguns animais possuem traços de compaixão sim. Alguns nem são territoriais e demonstram compaixão com os próprios das espécies ou até com o de outras espécies. Alguém já ouviu falar do recente caso do leopardo que atacou uma babuina e sentiu compaixão do filhote órfão, até cuidando dele? onde entra aí a teoria de território? Será que o leopardo achou que o filhote de babuíno iria ser mais um membro a ajudar a defender o território?
    Mudando de foco, será mesmo justo dizer que humanos possuem compaixão? Afinal, tudo o que fazemos é por algum interesse egoísta, excetuando aí os santos. Compaixão verdadeira e desinteressada só a dos animais mesmo!…

  • flavio eu:

    Sacanagem o pessoal do barco não ter pulado na água pra ajudar. Talvez os golfinhos estivessem próximos ao barco contando com uma ajuda nossa…

  • Alexandre Semmer:

    Respirando aguá e não ar.. Golfinhos assim como baleias são mamíferos.. eles precisam ir a superfície para respirar

  • Ricardo Laurito:

    Como se afoga um golfinho? Oo

    • Tamara Veronezi:

      Do mesmo jeito que se afora qual mamífero.. afundando ele na água e nao deixando ele subir para respirar! Golfinhos necessitam de ar para respirar, não respiram em baixo d’água, por isso de tempo em tempo, eles tem que subir para tomar mais ar!

    • Andreia Kalyma Juelle:

      Golfinhos são mamíferos, respiram por pulmões, não guelras, então, se não sobem à tona para respirar em intervalos regulares, vão morrer sim afogados. O que diferencia os golfinhos é a imensa capacidade pulmonar, que permite longos períodos submersos, mas se estão feridos, fica difícil manter essa capacidade.

    • Cesar Grossmann:

      Golfinho não é peixe, Ricardo. Se ele não conseguir colocar o espiráculo (aquele “buraco” no topo da cabeça) em contato com o ar, não consegue respirar, e morre afogado.

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