10 fatos “doentios” sobre viagens espaciais

Por , em 7.12.2017

Você já deve ter sonhado alguma vez na vida em viajar pelo espaço, ver as estrelas de perto e a Terra de longe, contemplar o infinito do universo.

De fato, tudo isso soa incrível – e é, pelo o que os astronautas nos contam -, mas a vida no espaço definitivamente não é apenas um mar de rosas. Confira alguns fatos desesperadores sobre viagens espaciais:

10. A NASA não sabe o que fazer com os astronautas que morrem no espaço


A NASA não tem planos concretos sobre o que fazer se um astronauta morrer no espaço. Na verdade, a NASA nem espera que os astronautas morram no espaço, por isso não os treina sobre o que fazer no caso da morte de um colega.

E, no entanto, pessoas podem de fato morrer em missões. Uma opção estudada pela agência foi liberar o corpo para o espaço. Não rola, porque as Nações Unidas proíbem o despejo de lixo, o que inclui corpos, no espaço, por medo de que possam colidir com naves espaciais ou contaminar outros planetas.

Outra opção é armazenar o corpo dentro da nave espacial e enterrá-lo ao retornar à Terra. Também não é uma boa alternativa, pois pode colocar a vida dos outros astronautas em risco.

Uma última opção, se o homem chegar a colonizar Marte, é usar o corpo como fertilizante. Contudo, não sabemos muito bem se os seres humanos fazem bons fertilizantes.

A NASA está atualmente trabalhando com a Promessa, uma empresa de enterro, para desenvolver o que eles chamam de “Body Back”. Com esse dispositivo, um cadáver é selado dentro de um saco hermético e preso ao exterior da nave espacial, onde será exposto às temperaturas frias extremas do espaço. O corpo deve congelar, vibrar e, finalmente, quebrar-se em partículas pequenas e finas à medida que a nave viaja pelo espaço. Quando chegar na Terra, tudo o que restará do astronauta morto é poeira.

9. Astronautas bebem urina reciclada


O acesso a água doce é um problema no espaço. Os astronautas americanos da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) obtêm a maior parte de sua água reciclando-a, através do Sistema de Recuperação da Água introduzido em 2009.

Assim como o nome indica, o sistema permite que os astronautas recuperem a maior parte da água que perdem através de suor e urina, ou ao escovar os dentes e fazer café. Os americanos não reciclam apenas sua própria urina; eles também reciclam a de cosmonautas, já que os russos não querem reciclar seu próprio xixi.

De acordo com Layne Carter, gerente de subsistema de água da NASA para a ISS, a água reciclada tem o mesmo gosto da engarrafada.

8. Astronautas perdem músculo, massa óssea e sofrem de envelhecimento prematuro


O ambiente de microgravidade do espaço provoca envelhecimento prematuro nos astronautas. A pele envelhece mais rapidamente, torna-se mais seca e mais fina, e é propensa à coceira. Como se isso não bastasse, seus ossos e músculos ficam mais fracos também.

Os astronautas perdem 1% de sua massa muscular e até 2% de sua massa óssea a cada mês que passam no espaço. Uma viagem de quatro a seis meses para a Estação Espacial Internacional pode levar à perda de cerca de 11% da massa do osso do quadril. As artérias também não são poupadas. Elas ficam mais rígidas, como seria de esperar em pessoas com 20 ou 30 anos mais velhas. Isso faz com que os astronautas sejam suscetíveis a problemas cardíacos e derrames.

O canadense Robert Thirsk sofreu de fraqueza, ossos frágeis e falta de equilíbrio depois de passar seis meses no espaço. Ele disse que se sentia como um idoso quando voltou para a Terra.

O envelhecimento prematuro é agora reconhecido como um dos efeitos colaterais da viagem espacial, embora os astronautas possam reduzir seu efeito se exercitando durante duas horas por dia.

7. Viagens espaciais podem deixar os astronautas inférteis


Há suspeitas de que missões espaciais a longo prazo podem tornar os astronautas inférteis.

Em um experimento, ratos machos suspensos acima do chão durante uma experiência de seis semanas de duração, imitando a falta de gravidade do espaço, tiveram testículos encolhidos e contagem de espermatozoides severamente baixa, o que os tornou praticamente inférteis. Ratas fêmeas tiveram um destino semelhante ou pior. Seus ovários deixaram de funcionar após apenas 15 dias. Quando voltaram para um ambiente terrestre, o gene responsável pela produção de estrogênio (o hormônio feminino) tornou-se redundante, enquanto as células que produziam óvulos começaram a morrer.

A viagem espacial também tem sido associada à perda de libido. Em um experimento, dois ratos machos e cinco fêmeas enviados para o espaço se recusaram a se acasalar.

No entanto, alguns pesquisadores insistem que viagem espacial não tem nada a ver com libido ou infertilidade. Ovos de peixe e rã enviados para o espaço fertilizaram-se, embora as crias de rã nunca tenham passado de girinos. Astronautas homens também já engravidaram suas esposas dias depois de retornarem à Terra, enquanto mulheres já engravidaram logo depois de retornar de missões espaciais, embora tenham uma taxa de aborto espontâneo mais alta.

Os efeitos das viagens espaciais na reprodução continuam discutíveis. A pesquisa sobre isso é difícil, pois a NASA se recusou fornecer a contagem de espermatozoides de seus astronautas por razões de privacidade.

6. A maioria dos astronautas tem “ânsia espacial”


Apesar dos avanços na tecnologia, a “ânsia espacial” continua sendo um dos maiores problemas das viagens para o espaço.

Mais de metade dos astronautas apresentam náusea, dor de cabeça, vômito e desconforto geral, todos sintomas dessa doença também chamada de “síndrome de adaptação espacial”.

Um notável astronauta que experimentou essa condição é o ex-senador americano Jake Garn. Quando retornou à Terra, ele nem conseguia andar corretamente. A ânsia espacial de Garn era tão terrível que seu nome se tornou uma medida informal para a doença – astronautas podem avaliar seus sintomas com frases como “um garn”, “dois garns”, “três garns”, e assim por diante.

Enquanto a NASA ainda não encontrou uma solução para a condição, criou um dispositivo de alerta precoce que permite que os astronautas saibam que estão prestes a ficar doentes.

5. Todos os astronautas usam fraldas


Ao fazer o primeiro traje espacial, os cientistas se esqueceram de que astronautas podem precisar fazer xixi enquanto os utilizam. Este descuido fez com que o astronauta Alan Shepard, o primeiro americano no espaço, urinasse xixi dentro de seu traje.

A NASA temia que a urina pudesse estragar os componentes elétricos do traje. Para evitar cenários semelhantes durante futuras missões, a NASA apresentou um dispositivo parecido com um preservativo que os astronautas usavam enquanto estavam em seus trajes espaciais.

Por motivos óbvios, este dispositivo tornou-se um problema quando as mulheres começaram a frequentar o espaço.

Na década de 1970, a NASA apresentou um sistema de gerenciamento de urina e fezes denominado “Disposable Absorption Containment Trunk” (DACT, ou algo como “Tronco de Contenção de Absorção Descartável”).

O DACT era usado por ambos os sexos, embora tenha sido feito especificamente para mulheres. Em 1988, a NASA substituiu o DACT pelo “Maximum Absorbency Garment” (MAG ou “Traje de Absorvência Máxima”), que é basicamente uma fralda para adultos, exceto que foi modificada para se parecer com shorts.

Cada astronauta recebe três MAGs por missão. Eles usam um ao entrar no espaço, um ao retornar e mantêm o terceiro como extra.

4. Os astronautas têm risco de contrair doenças genitourinárias, então precisam de masturbar no espaço


Os astronautas estão sempre em risco de contrair doenças genitourinárias enquanto estão no espaço. É provável que os homens desenvolvam prostatite, enquanto as mulheres correm o risco de infecções do trato urinário.

Entre 1981 e 1998, 23 dos 508 astronautas da NASA enviados para o espaço sofreram problemas genitourinários. Embora esta estatística comprove que as doenças só afetem uma pequena porcentagem de astronautas, não são problemas menores e podem levar ao término de missões espaciais.

Por exemplo, em 1985, o cosmonauta Vladimir Vasyutin, da então União Soviética, foi forçado a retornar à Terra depois de passar apenas dois meses de uma estadia prevista de seis meses na estação espacial Salyut-7. Vladimir sofreu de prostatite grave, o que lhe causou febre, náuseas e dores graves sempre que urinava.

Marjorie Jenkins, assessora médica da NASA, esclareceu que a prostatite poderia ser um dos efeitos da diminuição da ejaculação. Quando os homens não ejaculam o suficiente, bactérias podem se acumular na próstata e causar uma infecção.

Não se sabe se os astronautas são obrigados a se masturbarem durante missões espaciais, mas alguns já falaram sobre isso, dando a entender que o fazem.

3. Serviços médicos de emergência são inexistentes no espaço


A NASA não possui equipamentos médicos sofisticados a bordo de suas naves, ou mesmo na ISS, apenas drogas e equipamentos básicos que se qualificam como primeiros socorros. Isso significa que os astronautas não podem ser tratados para outras coisas além de doenças simples.

Então, o que acontece quando um astronauta fica gravemente doente ou mesmo precisa de cirurgia? A NASA exige que ele seja enviado de volta à Terra. Através de um acordo com a Agência Espacial Russa, Roscosmos, um foguete Soyuz de emergência é lançado para recuperar o doente. Além do astronauta enfermo, o foguete retornaria com dois astronautas extras, pois exige uma tripulação de três homens.

Tal viagem custaria centenas de milhões de dólares, e um astronauta gravemente doente pode até não sobreviver à jornada – e isso porque a ISS não é tão longe de nós.

Por conta dessas dificuldades, a NASA, através de uma das suas subsidiárias, o National Space Biomedical Research Institute (NSBRI), tem financiado várias agências para criar equipamentos médicos únicos que podem lidar com doenças complicadas, como ataques cardíacos e apendicite, no espaço.

2. As drogas são menos eficazes no espaço


A maioria das drogas disponíveis no espaço não são tão eficazes como seriam se fossem administradas aqui na Terra.

Durante um estudo, pesquisadores reuniram oito kits de primeiros socorros com 35 drogas diferentes, incluindo medicamentos para dormir e antibióticos.
Quatro dos kits foram enviados para a Estação Espacial Internacional, enquanto os restantes foram mantidos em uma câmara especial no Centro Espacial Johnson da NASA, em Houston.

Após 28 meses, as drogas enviadas para a ISS se provaram menos eficazes do que as mantidas no centro espacial. Seis das drogas espaciais também tinham liquefeito ou mudado de cor, em comparação com apenas duas mantidas no centro espacial.

Os pesquisadores acreditam que a perda de eficácia é causada pela vibração e radiação excessivas que os medicamentos recebem no espaço. Por enquanto, a NASA reduz a gravidade desse problema ao substituir os medicamentos na ISS a cada seis meses. No futuro, pretende melhorar a embalagem e os ingredientes utilizados na fabricação de drogas enviadas para o espaço.

1. Envenenamento por dióxido de carbono é um problema no espaço


A ISS possui uma concentração maior que a média de dióxido de carbono. Na Terra, a concentração de CO2 é de aproximadamente 0,3 mm Hg, mas pode atingir até 6 mm Hg na estação espacial.

Efeitos adversos desfavoráveis como dores de cabeça, irritação e dificuldades de sono, que se tornaram norma entre os astronautas, são algumas das consequências dessa concentração alta.

Ao contrário da Terra, onde o dióxido de carbono que deixa o corpo se dispersa no ar, o CO2 exalado por astronautas forma uma nuvem acima de suas cabeças. A ISS tem ventiladores especiais a bordo para dispersar essas nuvens, e a NASA também exigiu que a concentração de CO2 na ISS seja reduzida para 4 mm Hg. No entanto, isso ainda é maior que o nível recomendado, de 2,5 mm HG.

Para reduzir a concentração a esse nível, os ventiladores se desgastariam mais rápido, de forma que a agência norte-americana precisa trabalhar em uma solução melhor para esse problema. [Listverse]

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