Bola de fogo da Estação Espacial Internacional revela novo tipo de chama fria invisível

Por , em 4.08.2014

Lembra daquela chama registrada por um astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional? Então, o experimento não era apenas uma brincadeira de algum cientista ocioso. Na verdade, aquela grande bola de fogo levou à descoberta de um tipo até então desconhecido de chama fria que nem sequer é visível a olho nu.

Todos ficamos maravilhados com as imagens do vídeo publicado pelo astronauta Reid Wiseman há algumas semanas.

O experimento foi feito por uma equipe liderada pelo engenheiro da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), Forman Williams, que iniciou remotamente a série de testes, realizados dentro de uma câmara do tamanho de uma estante, na qual astronautas podem estudar diferentes tipos de fogo em diferentes condições atmosféricas.

Lá, a equipe Williams acendeu uma gota de combustível chamado heptano – sim, eles acenderam um combustível a bordo da estação espacial – para ver como a chama se comportaria. Na verdade, a bola de fogo que vimos no vídeo era apenas o começo do teste. Depois de extinta, outra chama ficou queimando, uma que era invisível a olho nu e para qualquer câmera a bordo da EEI. Usando outros sensores, a equipe de pesquisa descobriu que esta chama fria e invisível ainda estava viva. “Nós observamos algo que não achamos que poderia existir”, conta Williams no comunicado.

Estas chamas não costumam ter a chance de se formar aqui na Terra, mas puderam surgir no ambiente de microgravidade. No texto divulgado à imprensa, a Universidade da Califórnia explica que a diferença entre a Terra e a estação espacial é flutuabilidade.

“Quando gotículas de combustível queimam na Terra, a flutuabilidade limita a quantidade de tempo que os gases podem ficar na zona de alta temperatura em torno das gotas. Portanto, não há tempo suficiente para que a química das gotículas consiga dar suporte às chamas frias”. Contudo, em microgravidade, não há flutuabilidade, então há tempo suficiente para esta química se desenvolver.

A parte difícil será recriar esta mesma combustão de chama fria aqui, na atmosfera terrestre. O estudo, publicado na revista “Microgravity Science and Technology”, é apenas o começo. Agora, a EEI vai realizar uma nova série de testes para descobrir como este tipo de chama poderia beneficiar projetos de motores na Terra. O estudo será iniciado neste segundo semestre, sob incrível nome Cool Flame Investigation. [Gizmodo, UC San Diego]

1 comentário

  • Rodrigo A. Sena Pereira:

    Que interessante! Imagina aplicar isto em motores de combustão aqui na terra? O quanto de economia e performance poderá ser alcançada?

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