Hipótese da Abiogênese ganha força, moléculas autoreplicantes evoluem

Por , em 1.02.2016

A vida deve ter surgido de alguma forma, em algum momento, mas por enquanto exatamente como foi esta origem ainda é um mistério. E provavelmente este mistério nunca será resolvido, mas isto não impediu os cientistas de tentarem descobrir como ela poderia ter surgido.

O professor de química Sijbren Otto, da Universidade de Groningen, tem trabalhado com evolução química há vários anos. Em um trabalho publicado recentemente na Nature, ele relata o resultado do que começou como uma descoberta casual: “descobrimos que alguns peptídeos pequenos podem se arranjar em aneis, e estes aneis se reunem em pilhas”.

Estas pilhas de aneis de peptídeos tendem a crescer, mas basta sacudir o frasco em que elas estão para que elas se rompam. Só que os pedaços que resultam disso começam a crescer novamente. Uma forma bem simples de autoreplicação.

Evolução biológica e química

Na evolução biológica, indivíduos competem pelos recursos do meio ambiente, e também competem por oportunidades de reprodução.  Ao reproduzirem-se com sucesso, passam adiante os genes que lhes deram vantagens no ambiente.

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Só que a reprodução não é um processo de cópia exata, erros acontecem, as assim chamadas mutações. A maioria das mutações é neutra, mas algumas podem conferir ligeira vantagem aos seus possuidores.

Pelo acúmulo de mutações, a espécie vai se modificando, até chegar ao ponto de não poder mais reproduzir com os indivíduos da espécie original. Uma nova espécie surge assim.

Com a evolução química as coisas são um pouco diferentes. Replicadores usam blocos básicos para criar cópias de si mesmos. De uma certa forma, isto estabelece uma competição. Os blocos nem sempre são montados de forma idêntica, mudanças surgem aqui e ali, o que seria equivalente à mutações.

A origem da vida: pesquisadores criam molécula de RNA auto-replicante

E a reprodução, na ausência de metabolismo e código genético, se dá de uma forma simples, pelo rompimento do replicador. As duas partes que surgem de um rompimento prosseguem o trabalho de crescer pela absorção de blocos básicos.

Mutações

Ao oferecer aos replicadores dois tipos de blocos básicos diferentes, A e B, surgiu um tipo de replicador especializado no bloco do tipo A, mas tolerante ao bloco do tipo B. Mais tarde, surgiu um novo replicador, desta vez especializado no bloco B, mas tolerante ao bloco do tipo A.

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O curioso é que este novo replicador é descendente do replicador especializado em bloco A, num processo semelhante à formação de novas espécies na evolução biológica. E esta “especiação” surgiu por que os próprios anéis começaram a apresentar mutações.

Com isso o professor Otto e seu aluno Jan Sadownik mostraram como novas “espécies” podem emergir a partir da evolução química. O professor Otto explica “claro, o termo especiação deve ser usado somente quando nos referimos a organismos que se reproduzem sexualmente, mas nosso trabalho mostra os mesmos padrões”.

A parte extitante, segundo ele, é que “nós começamos sem replicadores, mas vimos o primeiro tipo emergir e então, depois de um tempo, outro. Isto é muito significativo!” Eles observaram um análogo da evolução biológica acontecendo com moléculas! As moléculas se diversificaram quando os blocos básicos se diversificaram também, me responderam à mudanças na concentração.

O próximo passo no trabalho do grupo Otto é introduzir a morte. Isto pode ser feito com um constante fluxo de matéria, de um lado entram os blocos de construção e do outro são removidos os rsutlados da reação. Replicadores só sobreviverão neste sistema se a taxa de crescimento superar a taxa de remoção.

[DailyMailUniv. de GroningenNature ]

1 comentário

  • Humberto Barbosa:

    Isso é incrível, +/- como dizia Carl Sagan, não há a necessidade intrínseca de um criador para que surja a criatura.

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