O Brilho Verde de Marte: Revelações da ESA e o Futuro da Exploração Espacial

Por , em 17.11.2023
Uma ilustração do que os astronautas em Marte podem ver ao olhar em direção aos polos do planeta (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech/Cornell Univ./Arizona State Univ.– E. W. Knutsen)

Marte, frequentemente chamado de Planeta Vermelho, apresenta um fenômeno atmosférico singular: um brilho verde envolvendo sua atmosfera. Essa característica peculiar foi detectada graças ao Orbitador de Gases Traço ExoMars, uma iniciativa da Agência Espacial Europeia (ESA). Essa luminosidade na atmosfera marciana, pela primeira vez, foi observada no espectro de luz visível.

O fenômeno, conhecido como brilho atmosférico (ou luminescência diurna ou noturna, dependendo do momento), também ocorre na Terra. Embora tenha semelhanças com as auroras boreais terrestres, sua origem é diferente. Na Terra, o brilho noturno se dá quando dois átomos de oxigênio se unem, formando uma molécula de oxigênio, segundo informações da ESA. Em Marte, esse processo ocorre a uma altitude de aproximadamente 31 milhas (50 quilômetros). Em contraste, as auroras terrestres resultam da interação entre partículas solares e o campo magnético da Terra.

A existência de brilho atmosférico em Marte era uma hipótese que perdurou por cerca de quarenta anos. A primeira detecção foi realizada há dez anos pelo orbitador Mars Express, da ESA, que captou o fenômeno no espectro infravermelho. Posteriormente, em 2020, o brilho foi observado em luz visível durante o dia marciano com a ajuda do TGO. Recentemente, o TGO possibilitou a observação desse brilho durante a noite marciana.

Jean-Claude Gérard, planetologista da ULiège, declarou em um comunicado da ESA, “Estas observações recentes são surpreendentes e de grande importância para futuras missões a Marte.” Ele destacou que a intensidade do brilho noturno nas regiões polares de Marte indica que instrumentos simples e econômicos em órbita poderiam mapear e analisar movimentos atmosféricos. Ele também sugeriu que uma futura missão da ESA poderia incluir uma câmera para captura de imagens globais. Além disso, a emissão é suficientemente forte para ser observada durante a noite polar por astronautas futuros, seja em órbita ou na superfície marciana.

O estudo contínuo do brilho noturno marciano, como parte da missão TGO, também proporcionará percepções sobre os processos que ocorrem na atmosfera de Marte. “A análise remota dessas emissões é um método eficaz para investigar a composição e a dinâmica da atmosfera superior de Marte, entre 40 e 80 km [25 a 50 milhas]”, explicou Benoit Hubert, pesquisador do Laboratório de Física Planetária e Atmosférica (LPAP) da Universidade de Liège. Ele ressaltou que essa região da atmosfera é inacessível por métodos diretos de medição por satélites.

Compreender a atmosfera de Marte é crucial para o projeto de naves espaciais destinadas ao Planeta Vermelho. Um conhecimento mais aprofundado sobre a densidade atmosférica pode auxiliar os planejadores de missão na construção de satélites adaptados ao arrasto atmosférico de Marte, ou no desenvolvimento de paraquedas para o transporte seguro de cargas até a superfície marciana.

A exploração espacial, especialmente a investigação de Marte, continua a ser um campo de intenso interesse e desenvolvimento. Estudos como os realizados pelo TGO não apenas expandem nosso entendimento sobre Marte, mas também aprimoram as tecnologias e estratégias necessárias para futuras missões interplanetárias. À medida que a pesquisa avança, cada nova descoberta abre caminhos para questões mais profundas e complexas sobre a natureza de Marte, seu ambiente e a possibilidade de suportar vida, seja no passado, presente ou futuro. A colaboração internacional, exemplificada pelo trabalho conjunto de agências como a ESA, é fundamental para esses avanços, unindo especialistas e recursos de todo o mundo em uma busca coletiva pelo conhecimento. [Live Science]

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