O gigantesco novo Canal do Panamá vai mudar a economia (de novo)
No último mês de maio, centenas de turistas e trabalhadores lotaram uma fenda profunda de concreto no Canal do Panamá para testemunhar uma maravilha do homem antes de ela ser submersa.
Com 11 andares de profundidade, estes cânions de concreto áspero poderiam ser uma estrutura do famoso arquiteto estadunidense Louis Kahn. Na verdade, eles são os bloqueios recém-ampliados do Canal do Panamá, do enorme Projeto do Terceiro Grupo de Eclusas.
A ampliação está quase completa, sendo que a última atualização do status é de maio deste ano, quando a expansão já estava 89,8% completa. As obras estão acontecendo desde 2007 e custaram 5,25 bilhões dólares, tudo para acomodar uma nova geração de navios porta-contêineres chamados Post-Panamax. Estas embarcações podem levar de 5 mil a 8 mil contêineres, superando de longe as restrições de tamanho originais do canal, inaugurado em 1914.
Influência na economia
Um dos pontos mais interessantes sobre este projeto de proporções faraônicas é que ele vai mudar muito drasticamente a economia do continente norte-americano e de todo o mundo. Um relatório do Boston Consulting Group explica que até 10% do tráfego de contêineres entre o Leste da Ásia e os EUA poderia deixar de aportar na Costa Oeste dos Estados Unidos e passar para a Costa Leste até o ano de 2020.
“Esta mudança terá efeitos profundos. Os maiores portos da Costa Oeste vão experimentar taxas de crescimento mais baixas, alterando o equilíbrio competitivo entre os portos da Costa Oeste e os portos da Costa Leste”, diz o documento. “Ela também irá moldar as decisões de investimento e de roteamento de transportadores ferroviários e caminhões, ampliar as trocas que os carregadores fazem entre o custo e a velocidade de transporte, e potencialmente alterar a localização de centros de distribuição”.
Atualmente, a maioria das mercadorias que chegam aos Estados Unidos entram no país através dos portos na Costa Oeste e, em seguida, passam por todo o país por meio de uma série de ferrovias e rodovias. Quando a expansão do porto entrar em funcionamento, muito disso vai mudar, assim como a maneira que os produtos chegam aos consumidores.
Embora o terceiro grupo de reclusas ainda não esteja completo, a Autoridade do Canal do Panamá já está de olho em uma proposta da China para um quarto conjunto de bloqueios, grande o suficiente para a “próxima geração” de navios transportadores de mercadorias que poderiam levar até 18 mil contêineres. Mas, à medida que os navios porta-contêineres crescem cada vez mais todos os anos, também aumentam os desafios do trabalho e de trânsito nos portos e canais.
O quão maior a indústria da logística pode ficar? Quando o Terceiro Grupo de Eclusas abrir para os negócios, em abril de 2016, nós vamos começar a descobrir. [Gizmodo, CityLab, Mi Canal de Panamá]