Os 6 Problemas que as Pessoas que Gostam de Agradar Mais Levantam na Terapia

Por , em 22.01.2024

É bastante comum nos depararmos com alguém em nosso convívio, talvez até nós mesmos, que frequentemente demonstra uma tendência a priorizar as necessidades alheias, muitas vezes se autodenominando “alguém que gosta de agradar os outros”. Esse comportamento também é um tema recorrente em diversas plataformas de mídia social.

Manahil Riaz, psicoterapeuta em Houston e responsável pela Riaz Counseling, salienta que o hábito de querer agradar não surge apenas na fase adulta, mas tem suas raízes no ambiente familiar e nas experiências da infância.

Riaz sugere que esse comportamento pode ser originário de experiências na infância, onde o afeto ou a aprovação eram condicionados à realização de favores para os outros. Pode também ser uma consequência da observação de comportamentos adultos durante os anos formativos, ou como reação a experiências traumáticas que levam ao hábito de agradar os outros, conforme detalhado por Natalie Moore, terapeuta de casamento e família na Califórnia.

Conforme amadurece, o indivíduo que procura agradar os outros frequentemente carrega um senso de obrigação em relação à felicidade alheia, em detrimento do próprio bem-estar, observa Riaz. Essa pode ser uma tarefa árdua. Moore acrescenta que esse comportamento é profundamente enraizado e não pode ser interrompido simplesmente recusando responsabilidades extras ou convites sociais. Envolve um padrão consistente de priorizar as emoções e necessidades dos outros em detrimento das próprias, levando ao autoabandono.

Terapeutas identificam diversos desafios comuns enfrentados por aqueles que buscam agradar os outros em terapia. Aqui estão esses desafios, com insights sobre como abordá-los:

1 – Dificuldade em Estabelecer Limites

Meghan Watson, fundadora e diretora clínica da Bloom Psychology & Wellness em Toronto, observa que estabelecer limites é um tema predominante na terapia para aqueles que buscam agradar. Eles frequentemente lutam para priorizar os outros em detrimento de si mesmos, levando a sentimentos de irritação e frustração. Reconhecer essas emoções pode ser um ponto de partida para estabelecer limites necessários. Watson enfatiza que estabelecer limites é crucial para evitar a exploração e cultivar relacionamentos saudáveis.

2 – Lidar com a Culpa

Moore explica que frequentemente essas pessoas evitam estabelecer limites devido ao sentimento de culpa que isso acarreta. Essa culpa, diz ela, é um componente chave que sustenta o comportamento de agradar os outros. Eles acreditam erroneamente que são responsáveis pelas emoções alheias, levando-os a sentir culpa por não atender às expectativas dos outros. Terapeutas podem ajudar os clientes a aprender a lidar com essa culpa ao estabelecer limites saudáveis.

3 – Enfrentando Conflitos e Desconfortos

Riaz aponta que aqueles que buscam agradar geralmente têm dificuldade em lidar com conflitos e estresses. Eles tendem a priorizar a paz alheia em detrimento da própria, tornando difícil expressar opiniões divergentes. Watson trabalha com clientes para melhorar a capacidade de lidar com situações desconfortáveis e conflitos, especialmente em relacionamentos interpessoais, e desenvolver habilidades de assertividade sem se sentirem agressivos.

4 – Superando a Solidão

Riaz explica que reduzir comportamentos de agradar os outros pode levar à solidão, pois indivíduos que anteriormente se beneficiavam desses comportamentos podem se distanciar. Essa situação requer estratégias de enfrentamento emocional.

5 – Lidando com o Ressentimento

Moore observa que nunca dizer não pode levar ao ressentimento quando os esforços não são recíprocos. Ela aconselha ajustar as expectativas nas relações com base em avaliações realistas do comportamento passado dos outros.

6 – Reconhecendo as Próprias Necessidades

Watson observa que essas pessoas frequentemente têm dificuldade em identificar suas próprias necessidades, tendo sido condicionadas a negligenciá-las. Ela incentiva o autocuidado realista e a compreensão dos valores pessoais para melhor alinhar decisões com as próprias necessidades.

Finalmente, Watson desafia a noção de que buscar agradar os outros é sempre negativo. Ela sugere que, embora sejam necessários limites e avaliação de valores, buscar agradar também pode contribuir para a construção de laços comunitários fortes e relacionamentos mútuos. A chave é encontrar um equilíbrio que não envolva sacrifício pessoal. [Huffpost]

Deixe seu comentário!