Quando os vírus invadem as bactérias: cientistas avançam no estudo dessas associações

Os vírus são os parasitas mais abundantes da Terra. Alguns são bem conhecidos pelos cientistas – e odiados pelo resto da população – como os que provocam a gripe. Outros, entretanto, não não são simples nem bem conhecidos, por não terem nem humanos nem plantas como hospedeiros. É o caso dos bacteriófagos, ou fagos, que infectam bactérias.
Apesar de muito comuns, os fagos ainda não são bem compreendidos pelos cientistas. Isso se deve, em parte, à dificuldade do cultivo de bactérias e vírus fora de seus ambientes habituais (por exemplo, no cultivo in vitro em laboratório).
Mas, a partir de um novo estudo, os estudos dos fagos poderá se desenvolver com mais precisão. Pesquisadores da Califórnia foram os primeiros a trocar o método in vitro pelo in vivo, que permite analisar as interações de vírus e bactérias como se eles estivessem dentro de um organismo vivo em estado normal.
A pesquisa analisou a interação de vírus e bactérias no interior do intestino grosso de um cupim. Usando uma nova tecnologia microfluídica, os pesquisadores puderam isolar as células bacterianas do intestino grosso em seis câmaras de nanolitros e determinar se elas apresentavam DNA bacteriano, DNA viral ou ambos.
Neste último caso, os pesquisadores puderam deduzir, estatisticamente, como o vírus se associou ao hospedeiro: atirando o DNA viral nele, se integrando ao DNA de bactérias ou montando um plasmídeo, por exemplo. A partir disso, os pesquisadores puderam classificar diferentes associações vírus-bacterianas.
Na maior parte das vezes foi observada a correspondência de um vírus a uma bactéria. Mas, em alguns casos, a proporção não era seguida, o que indica, possivelmente, uma infecção mais antiga em que o fago se replicaria em menor quantidade.
Ainda há muito a ser descoberto, já que muitas associações semelhantes entre vírus e bactérias podem ser encontradas no intestino dos cupins. Com a evolução das pesquisas, poderemos compreender melhor como funcionam os até então obscuros fagos.[ScienceDaily]