Nova pílula para prevenir Aids pode ser 100% eficaz

Por , em 9.09.2015

A pílula para prevenção da Aids Truvada, desenvolvida pela Gilead Sciences, foi testada recentemente em mais de 600 pessoas e os resultados foram notáveis: após mais de dois anos e meio de uso, não houve nenhum novo caso de infecção pelo HIV.

Truvada é uma profilaxia pré-exposição ao HIV (estratégia de prevenção conhecida como PrEP). Aprovada pela Administração de Drogas e Alimentos americana em julho de 2012, é a primeira droga que reduz o risco de Aids em indivíduos não infectados que podem se envolver em atividade sexual com parceiros que possuem HIV.

É bom notar que a Truvada não cura a doença; é uma pílula diária que pode ser utilizada para impedir as pessoas de serem infectadas pelo vírus.

Como funciona a pílula de prevenção do HIV

Quando a pessoa é exposta ao HIV, dois medicamentos anti-retrovirais (chamados tenofovir e emtricitabina) contidos na pílula evitam que o vírus se estabeleça permanentemente. Esse efeito é esperado quando a medicação é tomada de forma consistente.

Mais uma arma para o sexo seguro

No início, a pílula foi criticada pelo seu potencial de estimular o sexo inseguro, dada uma falsa sensação de segurança.

No entanto, um estudo de colaboração internacional que incluiu a Universidade de São Paulo, publicado na revista PLOS One, analisou a compensação de risco sexual em pessoas que usavam PrEP, e descobriu que havia na verdade uma tendência maior ao sexo seguro.

O novo estudo

Este é o primeiro estudo realizado no mundo real com Truvada. Feito em San Francisco, uma equipe rastreou 657 usuários, sendo que quase todos eram homens gays ou bissexuais, ao longo de 32 meses.

Apesar das altas taxas de infecções sexualmente transmissíveis entre os participantes – bem como relatos de comportamentos de risco, como uso de drogas injetáveis e diminuição do uso do preservativo -, não houve novas infecções pelo HIV entre o grupo de pesquisa.

O que é mais surpreendente é que os participantes contraíram outras DSTs, incluindo clamídia, gonorreia e sífilis, mas não Aids.

“Este é um dado muito reconfortante”, disse o líder do estudo, Jonathan Volk, do Kaiser Permanente Medical Center San Francisco, ao jornal The New York Times. “Isso nos diz que a PrEP funciona mesmo em uma população de alto risco”. A pílula é mais eficaz quando combinada com preservativos e testes de DST frequentes.

Ressalvas

Esse foi um estudo observacional, que não é normalmente considerado tão cientificamente rigoroso quanto ensaios clínicos randomizados, por exemplo, que utilizam grupos de controle e placebos.

Além disso, os pesquisadores não sabem ao certo se os participantes de fato tomaram suas pílulas regularmente.
No entanto, os primeiros resultados da droga são encorajadores.

“PrEP é uma outra linha de defesa”, disse Volk. “Eu não acho que é certa para todos. Mas para quem precisa dela, funciona”. [IFLS]

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