10 modinhas que estão por aí há muito mais tempo do que pensamos
Correntes de e-mails, grafites nas paredes, torcedores fanáticos, edição de fotos e mensagens de texto curtas são apenas das algumas das modas de hoje. Surpreendentemente, no entanto, muitas delas são muito mais velhas do que pensamos, como relata o site Listverse.
10. Correntes de cartas e e-mails
Correntes de cartas e e-mails são aquelas mensagens estranhas que nos mandam para reenviá-las para mais pessoas – e que hoje migraram até para os grupos de Whatsapp. Para aqueles que seguem as instruções, muitas vezes ficam com a promessa de algum tipo de boa sorte; aqueles que não seguem, recebem avisos de azar iminente, incluindo a morte. Algumas mensagens também instruem o destinatário a enviar dinheiro para o remetente e, em seguida, encaminhar o e-mail ou carta para várias outras pessoas, que também devem fazer um pequeno “investimento” na própria sorte.
Mas isso não surgiu com a invenção da internet. A primeira carta enviada em corrente data de 1888, mais de um século antes do advento do e-mail. Ela foi enviada para várias pessoas por um missionário acadêmico endividado e as instruía a doar para a escola e repassar a carta para três de seus amigos.
A carta foi um sucesso, e as pessoas logo começaram a enviar cartas-corrente para financiar tudo, desde a construção de uma casa para prostitutas até de uma ciclovia. Os criminosos também aderiram à essa moda. Eles inventaram os esquemas de pirâmide fraudulentos que orientavam o destinatário a enviar uma quantia fixa de dinheiro para o remetente da carta e encaminhar a carta a outras pessoas, que também deveriam enviar dinheiro para os criminosos.
O ponto alto das cartas-corrente chegou durante a Grande Depressão, quando as pessoas passaram a abrir lojas de carta em cadeia para vender investimentos imaginários. O esquema quebrou dentro de semanas e seus proprietários fugiram com dezenas de milhares de dólares em dinheiro. Como consequência, o serviço postal dos Estados Unidos teve que lidar com um estoque de cerca de três milhões de cartas-correntes não entregues. Os correios mais tarde baniram as cartas-corrente e os autores começaram a exigir que elas fossem entregues em mão. Porém, não se ouviu falar muito deste tipo de ação coordenada de novo até que o uso da internet tornou-se generalizado.
9. Idolatria de celebridades
Nós somos tão obcecados com notícias de celebridades atualmente que há toda uma sessão do jornalismo dedicada a isso: temos fotógrafos, repórteres, blogs e revistas que não fazem nenhuma outra coisa, exceto nos informar sobre as atividades diárias das estrelas. Curiosamente, o culto às celebridades não surgiu com Hollywood – está por aí desde os tempos antigos.
Os antigos romanos adoravam seus gladiadores e olhavam para eles como deuses humanos. Na Grécia antiga, o mesmo acontecia com os vencedores olímpicos. Na Europa renascentista, foram os artistas. Notícias desses “heróis” eram espalhadas de boca em boca e muitas vezes as pessoas os viam como dignos de serem imitados. Após a invenção da imprensa, os jornais começaram a produzir notícias sobre a vida privada dessas pessoas.
William Shakespeare também era adorado por seus fãs, a tal ponto que a sua casa se tornou uma atração turística, o que desagradou muito o reverendo que a tinha comprado depois de sua morte. Mais tarde, o mesmo reverendo enfrentou a ira dos moradores quando destruiu a casa porque não podia se dar ao luxo de pagar os impostos sobre ela. Ele foi perseguido até as fronteiras da cidade e proibido, juntamente com seus descendentes, de retornar algum dia.
8. Grafiti em muros
Esse também não é dos mais antigos e, ainda que tenha sido incorporado à cultura do hip hop, não surgiu com ela. O grafiti em muro mais antigo conhecido foi o de uma propaganda para um bordel grego na antiga Constantinopla (o pé indicava a direção, como na foto acima). Essa forma de arte era comum na Roma antiga, onde era frequentemente usada para passar mensagens, anunciar prostitutas e lutas de gladiadores, e lançar insultos e maldições. Muitas vezes, os desenhos eram rudes e de natureza sexual, embora alguns fossem políticos e sarcásticos.
Um exemplo de grafiti sexual romano dizia “Lucilla ex corpore lucrum faciebat”, que é traduzido para “Lucilla fez dinheiro de seu corpo”. Outro exemplo mostrava um casal fazendo sexo em uma corda bamba enquanto bebia vinho. Houve também uma caricatura que substituía o nariz de um homem com um pênis grande.
Algumas pichações continham correspondências, brigas e maldições bem diretas. Também naquela época já existia o clássico “Eu estive aqui”, que é comum hoje. No geral, os muros da Roma antiga eram tão inundados com grafitis que algumas pessoas chegavam colocar avisos nas paredes de suas casas para advertir e amaldiçoar outras pessoas que tentassem grafitar lá.
7. Mostrar o dedo médio
Diz a lenda que a famosa “saudação” com o dedo médio foi dada pela primeira vez durante a Batalha de Agincourt, em 1415. A história diz que arqueiros britânicos começaram a moda quando desafiadoramente apontaram seus dedos médios para soldados franceses, que muitas vezes os cortavam para que os britânicos não conseguissem usar seus arcos e flechas. No entanto, esta história não é verdadeira – a modinha do “dedo do meio” começou séculos antes da Batalha de Agincourt.
O primeiro registro de utilização do dedo médio como um insulto pode ser atribuído à Grécia antiga, quando o dramaturgo Aristófanes comparou o dedo médio com um pênis e fez uma piada sobre isso. Os historiadores acreditam que mostrar o dedo do meio para um rival tinha o objetivo de depreciar e humilhá-lo. O hábito de mostrar a alguém o dedo médio desapareceu durante a Idade Média e só reapareceu no século XIX, quando o jogador de beisebol Charles Radbourn fez isso durante uma fotografia do seu time.
6. Cirurgia plástica ou estética
A cirurgia plástica ou estética é um dos itens mais antigos dessa lista. Em 600 aC, um médico hindu usou parte do rosto de uma pessoa para reconstruir o nariz. Em torno de 1000 dC, era comum reconstruir os narizes de soldados que haviam sido cortados por seus inimigos. Os antigos egípcios também realizavam a cirurgia plástica em seus mortos, muitas vezes removendo pequenos ossos de suas múmias e acrescentando sementes em seus narizes para que as múmias fossem reconhecidas no outro mundo.
Os antigos romanos provavelmente começaram a moda da cirurgia plástica quando foram submetidos a procedimentos para remover cicatrizes, partes de seus seios e a parte superior de seus pênis porque não queriam ser ridicularizado em banhos públicos. A cirurgia plástica só se tornou mais avançada no final do século XVIII, quando os médicos encontraram um livro datado do século VIII aC que detalhava como reconstruir um nariz usando tecido da cabeça. A cirurgia plástica tornou-se generalizada durante as guerras mundiais, quando os médicos inventaram novos métodos para tratar ferimentos de guerra e queimaduras.
5. Torcedores fanáticos e agressivos
Muitos dos torcedores de esportes hardcore de hoje não pensariam duas vezes antes de insultar ou bater torcedores das equipes adversárias. Às vezes, torcedores fogem do controle e chegam a fazer mesmo motins, saqueiam lojas e destroem bens públicos quando seus times perdem. Curiosamente, torcedores agressivos estão por aí desde os tempos da Roma antiga. Naquela época, os esportes eram misturados com política e religião (sim, exatamente aquelas três coisas que o ditado manda não discutir), por isso frequentemente os eventos esportivos eram desastres esperando para acontecer. Os fãs de esportes mais agressivos eram aqueles que torciam pelas equipes de bigas.
A Roma Antiga teve quatro equipes de bigas: os Azuis, os Brancos, os Vermelhos e os Verdes. Apesar de todas elas terem seus seguidores agressivos, os torcedores mais violentos apoiavam os Azuis e os Verdes, que brigavam em qualquer oportunidade. Os torcedores de ambas as equipes até se uniram uma vez para causar um enorme tumulto que levou a um cerco do palácio do imperador Justiniano I, a quase destruição de uma cidade, uma rebelião falhada e às mortes de mais de 30 mil pessoas.
Pompéia também teve sua parcela de torcedores agressivos. Uma vez, eles entraram em confronto com torcedores rivais, de Nuceria, depois de um jogo. Havia tantas vítimas, especialmente do lado de Nuceria, que o imperador Nero proibiu Pompéia de hospedar qualquer tipo de esporte por 10 anos.
4. Mensagens de texto curtas
O encurtamento de mensagens antecede a internet, os celulares e o Twitter. Tudo começou na era dos telégrafos, quando seus operadores encurtavam as mensagens antes de enviá-las. Este processo era necessário para reduzir o tempo e o custo do envio de mensagens, já que este era definido por cada palavra.
“Bom dia” foi encurtado para “g. d.” (do inglês “good day”), “Boa noite” era abreviado como “g. n.” (“good night”) e assim por diante. A frase para mostrar o riso era escrita como “ha ha”, incluindo o número de vezes que “ha” foi repetido dependendo do quão engraçada era a piada. É o tataravô do “rsrsrsrs” e do “kkkkkk”.
O primeiro registro de texto encurtado por escrito ocorreu em uma carta 1917, do Almirante da Marinha Britânica Lord Fisher para o futuro primeiro-ministro britânico Sir Winston Churchill. Na carta, o almirante Fisher escreveu “Oh My God!” como “OMG” – a abreviação para “Oh Meu Deus!” usada até hoje. Ele provavelmente não esperava que Winston Churchill entendesse o que ele quis dizer com OMG, então acrescentou um parênteses com a frase “Oh Meu Deus!”
3. Esportistas com salários enormes
Desportistas romanos, especialmente os pilotos de bigas, ganhavam tanto dinheiro que os atletas mais bem pagos de hoje teriam inveja deles. Um piloto de bigas chamado Gaius Appuleius Diocles acumulou o equivalente a cerca de US$ 15 bilhões de dólares em sua carreira de 24 anos, tornando-se o esportista mais bem pago até hoje.
Os lucros de Gaius eram cinco vezes maiores do que o valor recebido pelo governador romano mais bem pago e o suficiente para fornecer grãos para toda a Roma por um ano. Em dólares de hoje, esse montante poderia pagar os salários de todos os membros das forças armadas norte-americanas por dois meses.
E ele fez todo esse de dinheiro no século II, sem os patrocínios corporativos e as taxas de publicidade que formam a maior parte da renda que os esportistas milionários recebem atualmente. No entanto, as corridas de biga eram um esporte extremamente agressivo, perigoso e muitas vezes mortal. Não era incomum que os cavaleiros fossem jogados de seus carros para as pistas de outros cavalos de corrida, que os atropelavam, levando à sua morte.
2. Manipulação de fotos
Redes sociais inundadas com fotografias manipuladas digitalmente fazem parte do nosso cotidiano atualmente. Nós todos temos aqueles membros da família e amigos que usam aplicativos para encher suas fotografias de efeitos, filtros e adesivos, fazendo tudo virar um carnaval. Algumas pessoas também removem todas as manchas e alteram suas características faciais até que fique difícil reconhecê-las. Curiosamente, porém, a manipulação de fotografias não é uma nova moda que chegou com os computadores. Ela é, na verdade, tão antiga quanto a própria fotografia.
A manipulação de fotos começou logo após a invenção da fotografia, quando as pessoas começaram a adicionar cor às suas maçantes fotografias em preto-e-branco. Em seguida, as pessoas começaram a pintar em suas fotos características previamente inexistentes, como bochechas rosadas e brincos de ouro.
A ponta afiada de um lápis também foi usada para adicionar destaques a filmes fotográficos e texturas foram usadas para iluminar partes de uma fotografia antes de ser impressa. A manipulação de imagens deu um passo adiante quando as pessoas começaram colocar a si mesmas várias vezes em uma única fotografia, mudando fundos e até mesmo se parecendo com fantasmas. Inclusive, os métodos que já foram usados para adicionar e remover detalhes de fotografias analógicas rivalizam com os efeitos de Photoshop e outros softwares de edição de imagens que usamos hoje.
1. Keep Calm
A moda do “Keep Calm” (“Mantenha a calma”, em tradução literal) apareceu pela primeira vez em um cartaz de propaganda britânica pouco antes da Segunda Guerra Mundial. O cartaz foi ideia do Ministério Britânico de Informação, que o criou junto de outros dois cartazes para elevar o moral dos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial. O cartaz original levava o slogan “Keep Calm and Carry On” (“Mantenha a calma e siga em frente”). Os outros dois cartazes continham as frases de efeito “Sua coragem, sua alegria, sua resolução nos trarão a vitória” e “A liberdade está em perigo”.
Mais de dois milhões de cartazes “Keep Calm and Carry On” foram impressos. Eles foram feitos para serem pendurados em locais afetados por bombardeamentos aéreos alemães. No entanto, nenhum deles foi usado.
Antes de “Keep Calm and Carry On”, o Ministério da Informação sugeriu usar o slogan “A Inglaterra está preparada”, que mais tarde foi alterado para “Nós veremos isso passar”. Isso também foi mudado para “Mantenha a calma. Não entre em pânico”, que finalmente tornou-se “Keep Calm and Carry On”.
O esquema de cores do cartaz – vermelho e branco – pode ter sido extraído do livro de Adolf Hitler “Mein Kampf”, no qual ele detalhou seus planos para a Alemanha. Uma coroa no topo do cartaz foi emprestada de um plano anterior para enviar uma “mensagem real” diretamente para as pessoas, em vez de ter de ouvir o rei ou a rainha discursando pelo rádio.
Os cartazes “Keep Calm” e seu slogan foram em grande parte esquecidos até alguns anos atrás, quando dois proprietários de livraria encontram uma cópia em uma coleção de livros antigos que haviam comprado. [Listverse]