Filhotes de pássaros conseguem receber e repassar informação de dentro do ovo

Por , em 24.07.2019

O estudo fez experimentos com ovos de Larus michahellis, as gaivotas-de-patas-amarelas. Eles exibiam gravações de pios de alerta para os ovos, que sinalizavam a presença de predadores na região.

Quando os ovos eram expostos a esses sons, eles repetiam a informação para os outros ovos do ninho, e saiam dos ovos com um comportamento muito mais cauteloso do que os filhotes que não ouviram os sons de alerta.

“Esses resultados sugerem fortemente que os embriões de gaivotas são capazes de adquirir informação ambiental relevante através de seus irmãos”, dizem os pesquisadores no artigo científico que detalha o trabalho.

Fotógrafa configura câmera para registrar a movimentação de pássaros em seu quintal e os resultados são incríveis

Experimento

A equipe coletou ovos de gaivotas selvagens de uma colônia de procriação na ilha de Sálvora (Espanha). Neste local há níveis flutuantes de ataques de predadores, especialmente de pequenos carnívoros como o minque, mamífero semelhante à doninha da América do Norte.

Minques são predadores de ovos e filhotes de gaivotas

Esses ovos foram divididos em grupos de três e colocados em incubadoras. Eles foram classificados em dois grupos: amarelo, que foi exposto aos sons de alerta, e azul, que é o grupo controle.

Os trios amarelos foram expostos aos sons de alerta quatro vezes ao dia e os trios azuis não foram; os ovos escuros são os que foram retirados das incubadoras e colocados na caixa que poderia ou não reproduzir a mensagem sonora

Desses trios de ovos, dois eram removidos quatro vezes por dia (cor escura no diagrama) e colocados em uma caixa à prova de som onde eram expostos aos sons de alerta de predadores. Depois, eram colocados de novo em suas incubadoras originais para ficarem pertinho do ovo que ficou para trás.

Já os ovos dos grupos azuis eram retirados da mesma forma da incubadora, colocados na caixa mas não eram expostos a nenhum som. Depois eles também eram devolvidos.

Os pesquisadores perceberam que os ovos que receberam a mensagem sonora tendiam a vibrar mais na incubadora do que os ovos que ficaram em silêncio na caixa.

O resultado foi que os ovos amarelos demoraram mais para rachar, mesmo os ovos que não foram expostos ao som de alerta. Eles faziam menos barulho ao nascer do que os filhotes do grupo azul. Eles também ficavam mais agachados que os outros, como se estivessem se escondendo.

Os filhotes que receberam a informação de perigo também exibiam maiores níveis de hormônio de estresse e menos cópias de DNA mitocondrial por célula.

Essas alterações físicas indicam que apesar de conseguirem se comportar de forma que melhora suas chances de sobreviver a um ataque, as células desses filhotes têm menor capacidade de produzir energia e crescer.

Ou seja, eles têm mais chance de não serem mortos nos primeiros momentos de vida, mas ficam têm crescimento prejudicado mais tarde. [Science Alert, Nature]

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