Peso não é problema; consumo de açúcar é

Por , em 24.11.2015

Consumo de açúcar é pior do que você imagina.

consumo de açúcar criancas

Um novo estudo da Universidade da Califórnia em San Francisco e da Universidade Touro Califórnia, ambas nos EUA, descobriu que a redução do consumo de açúcar, mesmo sem a redução de calorias ou perda de peso, tem o poder de reverter doenças metabólicas crônicas, incluindo níveis elevados de colesterol e pressão arterial.

Na pesquisa, crianças obesas que cortaram sua ingestão de açúcar viram melhorias em diversos indicadores de saúde, depois de apenas 10 dias.

Os resultados parecem sugerir que é o próprio açúcar que prejudica a saúde, ao invés do ganho de peso que vem de consumir alimentos açucarados.

A pesquisa foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA e publicada na revista Obesity.

Boa notícia

Os cientistas substituíram os alimentos com adição de açúcar da dieta das crianças por outros tipos de carboidratos, a fim de que o peso e ingestão total de calorias dos participantes permanecessem iguais.

Após 10 dias, as crianças mostraram melhorias dramáticas, apesar de perder pouco ou nenhum peso. De acordo com o Dr. Robert Lustig, endocrinologista pediátrico que participou do estudo, as evidências reforçam o argumento de que as calorias não são todas iguais, e as provenientes do açúcar são especialmente susceptíveis de contribuir para a diabetes tipo 2 e outras doenças metabólicas que estão em ascensão em crianças.

“Este estudo diz que podemos transformar a saúde metabólica de uma criança em torno de 10 dias, sem alterar calorias e sem alterar seu peso – apenas tirando açúcares adicionados de sua dieta”, disse. “Do ponto de vista clínico, isso é muito importante”.

Como medir o consumo de açúcar? Entenda o método

Os cientistas recrutaram 43 crianças entre as idades de 9 e 18 anos que eram consideradas de risco particularmente elevado para diabetes e doenças relacionadas. Todas eram negras ou hispânicas e obesas, e tinham um ou mais sintomas da síndrome metabólica, um conjunto de fatores de risco que inclui hipertensão, açúcar elevado no sangue, colesterol anormal e excesso de gordura corporal em torno da cintura.

Em média, os participam consumiam cerca de 27% de suas calorias diárias em açúcar. O estudo reduziu esse consumo para 10%.

Açúcares adicionados – os que aparecem em alimentos industrializados, e não o açúcar que ocorre naturalmente em alimentos como frutas – é que são os problemáticos. Assim, as substituições feitas pelos pesquisadores foram, por exemplo, pãezinhos em vez de iogurte adoçado com açúcar, chips de batata cozida em vez de doces e daí por diante.

Por conta do orçamento apertado, a intervenção durou apenas nove dias. Mas, nesse curto espaço de tempo, os pesquisadores viram mudanças acentuadas.

As melhorias

Em média, o colesterol LDL das crianças, o “ruim”, caiu dez pontos. A pressão arterial diastólica caiu cinco pontos. Os triglicéridos, um tipo de gordura que viaja no sangue e contribui para doenças cardíacas, caiu 33 pontos. E o nível de açúcar e insulina no sangue – indicadores do risco de diabetes – melhorou marcadamente.

“Eu nunca vi resultados tão significativos em nossos estudos humanos; depois de apenas nove dias de restrição de açúcar, os resultados foram dramáticos e consistentes de participante para participante. Estas implicações suportam a ideia de que é essencial que os pais avaliem a ingestão de açúcar e estejam conscientes dos efeitos na saúde das coisas que seus filhos estão consumindo”, conclui Jean-Marc Schwarz, autor sênior do estudo. [NYTimes, MedicalXpress]

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