Estamos a 2 minutos e meio do apocalipse

Por , em 27.01.2017

Pela primeira vez em mais de 60 anos, o Relógio do Fim do Mundo (no original, “Doomsday Clock”, também chamado de Relógio do Apocalipse), um relógio imaginário que representa a proximidade da aniquilação da humanidade através de mecanismos que nós próprios projetamos, chegou o mais perto da calamidade global.

Na última quinta-feira, 26 de janeiro, os cientistas o moveram 30 segundos mais perto do apocalipse, agora a dois minutos e meio da meia-noite.

A nova posição do ponteiro foi determinada pelo Conselho de Ciência e Segurança do Boletim dos Cientistas Atômicos, em consulta com uma equipe de especialistas incluindo 15 vencedores do Prêmio Nobel.

A história

O Relógio do Fim do Mundo foi criado em 1947 como uma ilustração de capa do Boletim dos Cientistas Atômicos, um jornal fundado em 1945 por pesquisadores que trabalharam no Projeto Manhattan (que desenvolveu a primeira bomba atômica) e que “não podiam permanecer alheios às consequências de seu trabalho”.

O relógio, assim, devia servir como um aviso sobre o pouco tempo que havia para a humanidade lidar com as implicações de ter armas nucleares. Sua posição foi fixada às 23:53.

Desde então, o relógio tornou-se um símbolo do perigo em curso representado não só por armas nucleares, mas por outras ameaças criadas pelo homem.

Os cientistas se reúnem duas vezes por ano para avaliar o escopo e a escala dos perigos mortais mundiais. O ponteiro dos minutos já zanzou para a frente e para trás, mudando de posição 22 vezes nos últimos 70 anos.

O recorde ocorreu em 1953, quando os Estados Unidos e a União Soviética testaram suas primeiras armas termonucleares com apenas seis meses de distância. O relógio ficou a apenas dois minutos da meia-noite. Em 1991, respiramos fundo 17 minutos antes do apocalipse com o fim da Guerra Fria e a assinatura de um tratado entre as duas potências, prometendo uma redução significativa de seis arsenais nucleares.

Os perigos de hoje

Os membros do Conselho de Ciência e Segurança consideram uma série de fatores ao decidir para qual direção o relógio vai andar, por exemplo, ameaças nucleares – como o número total de ogivas nucleares no mundo e a segurança de materiais nucleares -, ameaças relacionadas à mudança climática – como o aumento do nível do mar e quantidades de dióxido de carbono atmosférico -, e os impactos da biossegurança e outros perigos emergentes.

Analisando os acontecimentos de 2016, especialistas descobriram que a expansão do desenvolvimento de armas nucleares e os testes em andamento na Coréia do Norte, Índia e Paquistão eram causas de grave preocupação.

A relação incerta entre os EUA e a Rússia é também inquietante. Segundo Thomas Pickering, ex-subsecretário de Estado para Assuntos Políticos e embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Federação Russa, Índia, Israel, El Salvador, Nigéria e Jordânia, apesar de os dois países estarem atualmente “em desacordo com poucas perspectivas de negociação”, o novo presidente americano Donald Trump e o presidente russo Vladimir Putin podem fazer avanços em pactos.

Por outro lado, a inação do governo Trump em face das mudanças climáticas é desanimadora. De acordo com David Titley, professor de Prática em Meteorologia na Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, a nova administração não deveria perder tempo com dúvidas sobre o fenômeno.

“Não há fatos alternativos que farão com que a mudança climática magicamente desapareça. O governo Trump apresentou candidatos para posições em nível de gabinete que prenunciam a possibilidade de que o novo governo será abertamente hostil até mesmo para os mais modestos esforços para evitar a catastrófica mudança climática. A mudança climática não deve ser uma questão partidária. A física bem estabelecida do ciclo de carbono da Terra não é nem liberal nem conservadora em caráter”, explicou.

Não para por aí

Cibertecnologia e biotecnologia também foram identificadas como ameaças emergentes em uma escala global.

Lawrence Krauss, diretor do Projeto Origens da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, disse que a suposta intervenção recente da Rússia na campanha presidencial dos EUA, relatada por agências de inteligência americanas, destaca a vulnerabilidade dos sistemas de informação no ciberespaço e prejudica o funcionamento da democracia.

Em todo o mundo, o aumento da dependência de governos, empresas e indivíduos da internet levanta preocupações sobre os impactos de hacking sofisticado em atividades financeiras, redes de energia nuclear, usinas elétricas e liberdades pessoais.

E, enquanto o desenvolvimento da tecnologia de edição de DNA – como a poderosa ferramenta CRISPR – oferece boas esperanças para curas de doenças, também carrega o risco de se tornar perigosa se cair em mãos maliciosas.

Tique-taque

O fracasso dos líderes mundiais em agir contra esses perigos aumentou a probabilidade de uma catástrofe em escala global.

De acordo com os cientistas, as ações necessárias para reduzir os riscos de desastres devem ser tomadas muito em breve.

Embora o Relógio do Fim do Mundo seja apenas uma metáfora, o atual risco para a humanidade e para o planeta é muito real. Agora, mais do que nunca, nosso futuro depende de governos que possam enfrentar a ameaça dupla da mudança climática e do armamento nuclear. [LiveScience]

4 comentários

  • Jóquei de Pégasus:

    Engraçado, os caras que criaram a forma de dizimar o mundo, também criaram um velocímetro pra saber quando sua Grande Obra vai funcionar!

    • Cesar Grossmann:

      Sim, estes conservacionistas e suas tecnologias reutilizáveis e sustentáveis vão destruir o planeta! Ops.

  • Ivanna Fabiani:

    Nao acredito em relacoes problematicas entre EuA e Russia, da mesma maneira que esse relogio parece ser meio inutil!Bobagem!

  • Felipe Emilio:

    O último que morrer por favor mude o ponteiro para meia noite.

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