Estudo aponta como nos tornamos sábios

Por , em 22.02.2018

A sabedoria vem da forma com a qual lidamos com situações difíceis da vida. Esta é a conclusão de estudo da Universidade do Estado de Oregon (EUA). Para muitos, a situação difícil, como morte ou divórcio, causou uma crise na noção de entendimento de mundo, levantando questionamentos sobre o mundo ao seu redor.

Essas crises levam à construção de conhecimento e sabedoria, diz Carolyn Aldwin, diretora do centro de pesquisa sobre envelhecimento saudável da universidade de Oregon. “A expressão costumava ser “com a idade vem o conhecimento”, mas isso não é bem verdade. Geralmente a pessoa que precisa trabalhar em algumas questões depois de uma situação difícil é a que consegue alcançar nova sabedoria”, diz ela.

Os resultados deste trabalho acabam de ser publicados na revista Journals of Gerontology: Series B. A autora principal do artigo é Heidi Igarashi, que trabalhou nesta pesquisa como parte de sua dissertação do doutorado.

O objetivo da pesquisa é entender melhor como a sabedoria é desenvolvida no contexto de adversidades como a morte de um ente querido, divórcio, problema grave de saúde ou perda de emprego. Entender como as pessoas lidam com essas adversidades e ficam mais sábias traz mais informações sobre o envelhecimento saudável.

“O que estamos procurando saber é ‘quando coisas ruins acontecem, o que acontece?’. A situação pode ser uma catalizadora para outras mudanças que vêm depois”, diz Aldwin.

No estudo de revisão, foram analisadas 50 entrevistas com adultos com idades entre 56 a 91 anos que passaram por pelo menos uma situação difícil na vida. Os participantes foram orientados a identificar eventos particularmente desafiadores, descrever como eles reagiram e se a experiência ajudou a mudar a visão do mundo.

“Uma coisa que logo se destacou é que quando questionados quais eram essas situações difíceis ou desafiadoras, as pessoas tinham a resposta na ponta da língua. Tempos difíceis são usados pelas pessoas para se definir.”

Os pesquisadores observaram que há três formas de reagir a estas situações: aceitar a situação como algo que não pode ser mudado sem questioner o sentido da vida; usar a inteligência, auto-controle e capacidade de planejamento para resolver problemas relacionados à situação; ou refletir sobre o sentido da vida, adquirindo novos valores ou crenças.

A maioria dos participantes (32 pessoas) indicou que a situação difícil interferiu no sentido de vida que eles tinham e fez com que a pessoa refletisse sobre si mesmo, sobre crenças fundamentais e sobre o entendimento do mundo.

Análises mais profundas mostraram que o ambiente social da pessoa também ajudou a formatar as respostas ao evento difícil. Essas interações sociais incluem conseguir ajuda de outros durante tempos difíceis; apoio não-solicitado de amigos, familiares ou desconhecidos; comparar a reação dela com a reação de outros; procurar ajuda profissional; procurar ajuda de pessoas com experiências semelhantes; formar novas conexões; e aprender mais sobre a sociedade em geral.

Aqueles que receberam ajuda não-solicitada desenvolveram conhecimento sobre compaixão e humildade. Procurar outros com experiências semelhantes expôs os participantes a novas ideias e interações.

“Fez diferença se a rede de contatos do participante esperava que ele se ajustasse ao evento rapidamente e ‘voltasse à vida normal’, ou se ele era encorajado a crescer e mudar como um resultado do evento”, diz Igarashi.

Mas como conseguir o melhor apoio das pessoas ao seu redor? “Tipicamente o tipo de apoio social que você consegue é aquele pelo qual você pede e permite. Mas estar aberto aos recursos da sua rede ou procurar grupos de apoio pode ser útil”, diz Igarashi. [Science Daily]

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