Estudo descobre com qual idade as pessoas mentem melhor

Por , em 26.08.2015

Um estudo internacional que envolveu a Universidade Ghent (Bélgica), a Universidade Vanderbilt (EUA), a Universidade de Amsterdam (Holanda) e a Universidade de Maastricht (Holanda) descobriu que os mentirosos mais eficientes são os jovens adultos (entre 18 e 29 anos), enquanto os adolescentes são os mais prolíficos.

O estudo, publicado na revista Acta Psychologica, afirma ser o primeiro a investigar o comportamento de mentir durante toda a vida útil.

As pessoas mentem com habilidade

No total, 1.005 pessoas participaram da pesquisa, na faixa etária de 6 a 77 anos. Todos eram membros do público visitante do Centro de Ciência NEMO em Amsterdam.

Para testar a capacidade das pessoas de mentir, os pesquisadores apresentaram aos participantes simples perguntas de conhecimentos gerais (por exemplo, “Os porcos podem voar?”), as quais eles deveriam responder o mais rápido possível, verdadeira ou desonestamente, dependendo da cor das opções de resposta SIM/NÃO.

Por exemplo, na questão do porco, a ideia é que um mentiroso hábil deve ser capaz de responder “sim” muito rapidamente, ao passo que uma pessoa ruim nisso atrasará ao responder de forma desonesta, ou até responderá honestamente como um reflexo.

Os adultos jovens mostraram os melhores tempos de reação e as mais baixas taxas de erro neste teste. No geral, a proficiência em mentira mostrou uma curva em forma de U invertido através do tempo de vida, melhorando ao longo da infância com um pico na idade adulta jovem e, em seguida, diminuindo gradualmente até a velhice. Isso significa que a habilidade de mentir foi a mesma em crianças mais novas (com idade entre 6 a 8) e em participantes mais velhos (com 60 anos ou mais).

Frequência

Para medir a frequência com que as pessoas mentiam em diferentes idades, os pesquisadores pediram aos participantes para relatar o número de mentiras que haviam contado durante as 24 horas precedentes em diferentes situações (por exemplo, para um estranho ou parente; face a face ou online), e para descrever essas mentiras.

No geral, os participantes relataram uma média de duas mentiras durante esse tempo, o que é consistente com pesquisas anteriores. Adolescentes admitiram contar mais mentiras (uma média de 2,8) do que qualquer outro grupo etário.

Mais uma vez houve uma relação em forma de U invertido entre idade e a frequência de mentiras, que aumentou durante a infância, atingiu o pico na adolescência e, em seguida, diminuiu ao longo da vida.

Controle inibitório

Os pesquisadores acham que a razão para esse padrão são mudanças no controle inibitório conforme envelhecemos – para mentir com sucesso, uma pessoa precisa ser capaz de suprimir a verdade, e adultos jovens têm mais controle inibitório.

Para testar isso, os mesmos participantes completaram uma tarefa conhecida como “sinal de parar”. Ela envolve pressionar um botão para indicar o mais rápido possível se um X ou um O apareceram na tela. Crucialmente, em 25% das vezes, um som é tocado, e ele indica que as pessoas devem cancelar sua resposta. Quanto mais tarde este som toca, mais difícil é cancelar a resposta. Os participantes com maior controle inibitório normalmente conseguem cancelar a sua resposta mesmo quando o sinal de parada é dado muito tarde.

A habilidade dos participantes nesta tarefa aumentou ao longo da infância e atingiu um pico na idade adulta jovem. No entanto, o desempenho após esta idade manteve-se relativamente estável.

Além disso, o desempenho na tarefa não se correlacionou fortemente com a proficiência em mentir. Isso pareceu minar a teoria dos pesquisadores sobre o controle inibitório, mas eles argumentam que existem diferentes tipos de controle inibitório e que talvez uma medida diferente (como o Teste de Stroop) teria se correlacionado mais fortemente com capacidade de mentir.

Ressalvas

Os pesquisadores reconhecem que suas descobertas vêm com muitas ressalvas. Entre elas, está o fato de que o estudo foi transversal – isso não nos diz nada sobre como a propensão e habilidade de mentir de uma mesma pessoa muda à medida que ela envelhece.

Além disso, o teste sobre a capacidade de mentir foi artificial e não envolveu nenhuma das consequências emocionais de mentir na vida real.

Por fim, é difícil descobrir a verdadeira frequência com que as pessoas mentem. Como pesquisas anteriores mostraram, encontrar uma média pode enviesar o estudo, uma vez que metade dos participantes relatou não ter contado nenhuma mentira nas 24 horas anteriores, e mais de 50% das mentiras foram contadas por mentirosos prolíficos que compunham apenas 9% da amostra. [BPS]

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