10 fatos surpreendentes sobre a raça humana descobertos através do DNA

Por , em 16.01.2019

Nós, seres humanos, costumamos acreditar que sabemos tudo sobre a nossa própria espécie. Temos a tendência de pensar que os padrões que vemos hoje na sociedade sempre foram assim. Mal sabemos que o passado está cheio de surpresas que nos trouxeram até aqui. Estudando o DNA, estas minúsculas cápsulas do tempo presentes em todos os seres vivos, cientistas já foram capazes de descobrir coisas inimagináveis.

DNA: 10 fatos incríveis sobre a molécula

Ao analisar o DNA de humanos e pré-humanos ancestrais e compará-lo com o nosso, eles foram capazes de descobrir informações mais precisas sobre nossas origens. A lista abaixo, criada pelo portal Listverse, traz algumas das muitas coisas surpreendentes que a ciência aprendeu ao estudar o DNA.

10. Seres humanos são descendentes de um único homem e uma única mulher

É isso mesmo: a história da origem da humanidade a partir de Adão e Eva, contada na Bíblia Sagrada, é, pelo menos em parte, apoiada pela ciência – embora com algumas diferenças fundamentais. As versões científicas de Adão e Eva não foram os primeiros humanos, e não somos seus filhos diretos. Em vez disso, todo homem é descendente do “primeiro homem” e toda mulher da “primeira mulher”.

Os cientistas chamam este primeiro homem de “Adão cromossomial-Y” e a mulher de “Eva mitocondrial”. O Adão cromossomial-Y viveu na África entre 125 mil e 156 mil anos atrás – outros estudos concluíram que ele poderia ter vivido entre 180.000 e 200.000 anos atrás, ou mesmo de 237.000 a 581.000 anos atrás. Já a Eva mitocondrial viveu na África Oriental em algum momento entre 99.000 e 148.000 anos atrás. Ao contrário do Adão e Eva bíblicos, porém, é improvável que o Adão cromossomial-Y e a Eva mitocondrial tenham alguma vez se encontrado, embora pudessem estar vivos ao mesmo tempo.

Os cientistas concluíram que o Adão cromossomial-Y era o ancestral de todos os homens após o sequenciamento do cromossomo Y de 69 homens de sete grupos étnicos diferentes. Com a Eva mitocondrial, eles testaram o DNA mitocondrial destes 69 homens e de 24 outras mulheres.

9. Diferentes espécies de ancestrais humanos procriaram entre si

Em 2012, os arqueólogos desenterraram um fragmento ósseo da Caverna Denisova, na Sibéria. O osso era parte da canela ou coxa de um humano ancestral que eles chamaram de Denisova 11. Testes de DNA revelaram que Denisova 11 era do sexo feminino, viveu cerca de 50.000 anos atrás e tinha mais de 13 anos de idade quando morreu. Mas o que impressionou os arqueólogos é que ela também era um híbrido de duas espécies de humanos primitivos: o neandertal e o hominídeo de Denisova.

O pai de Denisova 11 era um hominídeo de Denisova e sua mãe era uma neandertal. Curiosamente, o pai de Denisova 11 também era descendente de um híbrido entre estas duas espécies – no entanto, ao contrário de sua filha, que era um descendente direto, seu ancestral híbrido viveu entre 300 e 600 gerações antes dele.

Os cientistas sabem que os hominídeos de Denisova e os neandertais seguiram caminhos diferentes na árvore genealógica há 390 mil anos. No entanto, eles não sabiam que esta duas espécies haviam procriado – até esta descoberta. Testes de DNA também indicaram que a mãe da “Neanderthal de Denisova 11” era mais próxima geneticamente dos neandertais da Europa Ocidental do que de neandertais que viviam na caverna Denisova em momentos anteriores da pré-história.

8. Tibetanos são descendentes dos hominídeos de Denisova

Testes de DNA provaram que os tibetanos são descendentes dos hominídeos de Denisova. Isso não significa que os tibetanos sejam hominídeos de Denisova. Eles ainda são Homo sapiens. A única diferença é que um dos seus ancestrais Homo sapiens acasalou com um hominídeo de Denisova.

Os cientistas descobriram isso quando compararam os genomas extraídos de Denisova 11 com os genomas de 40 tibetanos. O gene EPAS1 tibetano era semelhante ao gene EPAS1 de Denisova 11. O EPAS1 é encontrado em todos os seres humanos e é responsável por gerenciar a resposta natural do nosso corpo em ambientes de baixo oxigênio.

Quando estamos em um ambiente assim, sem oxigênio suficiente, nossos corpos produzem naturalmente mais hemoglobina para transportar oxigênio para nossos tecidos. Esse mecanismo garante a nossa sobrevivência, mas tem um lado negativo: também nos coloca em risco de problemas cardíacos. No entanto, os tibetanos têm um gene EPAS1 mutado. Seus corpos não produzem mais hemoglobina quando falta oxigênio. É por isso que eles podem viver em altas altitudes, onde o oxigênio é baixo.

Os cientistas suspeitam que os ancestrais dos tibetanos obtiveram o gene quando um deles acasalou com um hominídeo de Denisova entre 30.000 e 40.000 anos atrás. Os cientistas não sabem se o gene EPAS1 mutado também permitiu que os hominídeo de Denisova vivessem em altas altitudes, como acontece com os tibetanos.

7. Os primeiros ingleses eram negros

Em 1903, cientistas descobriram os restos de um homem britânico de 10 mil anos em uma caverna em Cheddar Gorge, em Somerset, na Inglaterra, que ficou conhecido como homem de Cheddar. Uma análise de DNA feita em 2018, revelou que ele tinha pele marrom escura ou negra, cabelos negros encaracolados e olhos azuis.

Uau! Cientistas editam DNA dentro do corpo humano pela primeira vez

Considerando que ele é o mais antigo esqueleto humano completo já encontrado na Grã-Bretanha, isso significa que os primeiros ingleses eram negros. Na década de 1990, o professor Brian Sykes, da Universidade de Oxford, testou 20 pessoas do povoado de Cheddar e comparou seu DNA com o do homem de Cheddar – ele descobriu que duas delas eram descendentes dele.

6. O rei Ricardo III da Inglaterra era corcunda

Em 2012, arqueólogos da Universidade de Leicester começaram a cavar em um estacionamento da cidade. O estacionamento era o local da antiga igreja dos Greyfriars, onde o rei Ricardo III estaria supostamente enterrado. No fim das contas, eles realmente encontraram os restos mortais do monarca lá – seu DNA combinava com o de um parente vivo. O crânio também tinha danos condizentes com os ferimentos fatais na cabeça que o rei Ricardo III sofreu durante a Batalha de Bosworth.

Mas eles também encontraram outra coisa bastante curiosa: a espinha do esqueleto estava curvada. Isso significa que o rei era realmente corcunda – um fato sobre o qual os historiadores haviam debatido durante anos.

5. Os pais de Tutancâmon eram irmãos

O rei Tutancâmon continua sendo um dos faraós mais famosos a ter governado o Egito Antigo. Além de ter sido um governante extremamente jovem – ele começou a governar quando tinha apenas dez anos e morreu por volta de 1324 aC, quando tinha apenas 19 anos – Tutancâmon também é famoso por seus problemas físicos. Os arqueólogos escavaram seu túmulo intacto e coberto de pedras preciosas em 1922. A análise física dos restos mortais mostrou que sua perna esquerda era deformada, forçando-o a andar com uma bengala – não à toa, 130 bengalas foram encontradas em sua tumba. Para piorar, Tutancâmon sofria de malária, o que teria impedido a perna deformada de se curar.

Análises adicionais de DNA mostraram que sua perna deformada era resultado de endogamia – ou seja, ele era filho de dois parentes próximos.

Testes de DNA revelaram que seus pais, Akhenaton e uma mulher ainda desconhecida pela história, eram irmãos. Ambos eram filhos de Amenhotep III. Alguns historiadores acreditam que a mãe de Tutancâmon poderia ser a rainha Nefertiti, mas isso já foi contestado justamente porque ela não era parente de Akhenaton.

4. O povo Clóvis não foi o primeiro a se estabelecer na América

Até pouco tempo, acreditava-se que o povo Clóvis fosse o primeiro a pisar na América. Eles teriam chegado ao continente através da América do Norte há 13 mil anos, mudando-se para a América do Sul há 11 mil anos e desaparececendo há 9 mil anos. No entanto, em 2018, testes de DNA em humanos antigos revelaram que a cultura Clóvis não foi a primeira a se estabelecer nas Américas.

O DNA de humanos antigos encontrados na América do Norte prova que o povo Clóvis realmente viveu na América do Norte há 12.800 anos. Porém, uma história diferente aconteceu na América do Sul. Testes de DNA realizados nos restos mortais de 49 antigos povos sul-americanos mostram que o povo Clóvis apareceu pela primeira vez na América do Sul há 11 mil anos.

DNA obscuro pode mudar nossas concepções sobre a evolução

Arqueólogos já têm evidências de que alguma cultura não identificada viveu em Monte Verde, no Chile, 14.500 anos atrás. Acredita-se que um conjunto de restos mortais de 12.800 anos encontrado na América do Sul tenha pertencido a essa tribo, uma vez que ela não compartilha DNA com o povo Clóvis.

A prova mais antiga de DNA que os cientistas têm para provar que o povo Clóvis já se instalou na América do Sul foi tirada de um humano de 11 mil anos de idade. Os cientistas não têm certeza sobre o relacionamento entre o povo Clóvis e essa tribo desconhecida. No entanto, eles têm certeza de que a tribo não identificada realmente existiu, porque os sul-americanos de hoje não compartilham o DNA com o povo Clóvis.

3. Colombo não trouxe a tuberculose para as Américas

A chegada de Cristóvão Colombo introduziu várias doenças mortais nas Américas no final do século XV. Essas doenças acabaram matando 90% da população nativa americana. Costumamos incluir entre estas doenças a tuberculose, mas testes de DNA já provaram que isso não é verdade. A tuberculose de fato veio pelo mar, mas através de focas contaminadas.

Os cientistas fizeram esta descoberta quando analisaram três conjuntos de restos humanos do Peru. Acredita-se que estas pessoas morreram de tuberculose há mil anos – ou seja, cerca de 500 anos antes da chegada de Colombo. Testes de DNA revelaram que a cepa de tuberculose que eles tinham é a mais próxima da cepa encontrada em focas e leões marinhos infectados.

A Europa, a Ásia e a África vivenciavam epidemias mortais de tuberculose na época em que os peruanos morreram. Cientistas suspeitam que focas e leões-marinhos de alguma forma se infectaram durante uma das epidemias na África e levaram a doença quando migraram para as Américas. Os nativos peruanos contraíram a cepa mutante da tuberculose quando caçaram as focas e os leões marinhos.

Isso não significa que Colombo e seus homens fossem completamente inocentes. Pelo que sabemos, eles provavelmente ainda introduziram a mortal tuberculose europeia nas Américas – a tuberculose encontrada hoje no continente tem essa origem.

2. Descendentes dos vikings têm risco maior de enfisema

Um artigo de 2016 feito por pesquisadores da Escola de Medicina Tropical de Liverpool revelou que os descendentes dos vikings têm um risco maior do que o habitual de desenvolver um problema pulmonar grave chamado enfisema, normalmente associado a fumantes.

A análise de uma latrina da era viking na Dinamarca mostrou que eles sofriam tanto com vermes que seu gene inibidor de alfa-1-antitripsina (A1AT) sofreu mutação para combater as enzimas vindas destes animais. O corpo humano produz naturalmente inibidores (incluindo o A1AT) para impedir que enzimas poderosas segregadas em nossos corpos façam a digestão dos nossos próprios órgãos.

No entanto, para os vikings e seus descendentes, a capacidade aumentada do inibidor A1AT de lidar com as enzimas secretadas pelos vermes também diminuiu sua capacidade de impedir que as enzimas secretadas em seus corpos prejudiquem seus órgãos.

Neonazistas estão fazendo testes de ancestralidade por DNA e ficando furiosos com os resultados

Hoje em dia, o inibidor A1AT mutante é inútil, já que agora temos medicamentos para lidar com os vermes. Mas os testes de DNA mostram que os descendentes dos vikings ainda têm o inibidor mutante. Isso significa que o corpo destas pessoas é incapaz de lidar com suas próprias enzimas, levando a doenças pulmonares como o enfisema.

1. A Malária teve um papel importante na queda da Roma antiga

Os pesquisadores sempre suspeitaram mas só nesta década confirmaram, graças ao poder do DNA. A malária de fato atormentou a Roma antiga e contribuiu para a sua decadência. Os cientistas fizeram essa descoberta em 2011, quando analisaram os restos mortais de 47 bebês e crianças recém-nascidos de uma antiga vila romana em Lugnano, na Itália.

O mais velho dos filhos de Lugnano, como foram chamados, tinha apenas três anos de idade. Todos morreram e foram enterrados na mesma época. Mais da metade morreu antes de nascer. Eles foram vítimas de uma de uma série de pragas de malária que devastaram a Roma antiga e impediram os agricultores de produzir. No entanto, a instituição romana mais atingida pela malária foi o exército, que não conseguiu reunir soldados suficientes para repelir invasores estrangeiros. [Listverse]

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