Muito mais do que pensávamos: humanos e neandertais fizeram sexo através de toda a Eurásia

Por , em 7.04.2020

Um novo estudo da Universidade Estadual de Nova Iorque em Buffalo (EUA), da Universidade de Chicago (EUA) e da Fundação para Pesquisa e Tecnologia (Grécia) descobriu mais evidências genômicas de que nossos ancestrais fizeram sexo com neandertais – não uma ou duas vezes, mas repetidamente e em localidades diferentes.

Histórico de sexo interespécie

Nos últimos anos, descobertas arqueológicas e pesquisas genômicas têm mostrado que, ao invés de substituir espécies “competidoras” agora extintas, como os Neandertais e os Denisovans, o Homo sapiens na verdade se relacionou e cruzou com elas.

Conforme nossos ancestrais se espalharam a partir da África para a Europa e a Ásia, deixaram traços e mais traços de outras espécies humanas em nosso genoma.

Hoje, a maioria dos humanos modernos tem um pouco de DNA neandertal em seus genes, incluindo populações africanas – do epicentro da humanidade – que se pensava anteriormente estarem “livres” dessa mistura genômica.

Até pouco tempo, os pesquisadores acreditavam que essa dose pequena de DNA neandertal, de cerca de 2%, estava ligada a um encontro breve entre as duas espécies ocorrido milhares de anos atrás. Cada vez mais, no entanto, eles têm percebido que tal relação humana-neandertal não se tratou de um affair único, mas sim de um caso de amor longo.

Metodologia

Na nova pesquisa, os cientistas analisaram o DNA de centenas de pessoas com ascendência eurasiana, descobrindo material genético ligado a neandertais das Montanhas Altai, na Sibéria, uma linhagem completamente diferente da população croata identificada em estudos anteriores.

“Não é uma introgressão única de material genético dos neandertais. É uma teia de aranha de interações que acontece repetidas vezes, onde diferentes hominídeos antigos interagiam entre si, e nosso trabalho está tornando essa imagem mais clara”, disse o biólogo Omer Gokcumen, da Universidade Estadual de Nova Iorque em Buffalo.

A equipe de Gokcumen descobriu que humanos modernos e neandertais compartilharam várias características genéticas, como variantes em um nucleotídeo e uma grande “exclusão” de informações genéticas.

Eles concluíram que a linhagem de Altai representa a “linhagem ancestral dos neandertais”, enquanto a outra “substituiu” essa linhagem ancestral na Europa cerca de 50.000 anos atrás.

Fazendo sexo sem parar da África à Eurásia

Juntos, estes resultados sugerem que os ancestrais de asiáticos e europeus se misturaram com diferentes linhagens neandertais em várias ocasiões.

“Temos todas essas populações arcaicas de hominídeos na Europa, na Ásia, na Sibéria, na África. Por uma razão ou outra, os ancestrais dos humanos modernos na África começaram a se expandir em população e, à medida que ampliaram seu alcance, se encontraram com esses outros hominídeos e absorveram seu DNA. Nós provavelmente conhecemos diferentes populações neandertais em momentos diferentes da nossa expansão para outras partes do globo”, argumenta Gokcumen.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Genetics. [ScienceAlert]

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